Escolástica, irmã de São Bento, grande fundador das Ordens
monásticas no Ocidente, nasceu em Spoleto, na Itália, e
teve, como o
irmão, uma educação esmerada de pais piedosos e tementes a Deus.
Modelo de donzela cristã, Escolástica era piedosa, virtuosa,
cultivadora da oração, temente a Deus e inimiga do espírito do mundo
e das vaidades.
Igual
ao irmão, nutria o desejo de dedicar a vida exclusivamente ao
serviço de Deus. Bento tinha fundado o mosteiro no Monte Cassino, e
em sua companhia já viviam muitos religiosos, que observavam a regra
por ele elaborada. Ao irmão se dirigiu Escolástica, com o pedido de
indicar-lhe o caminho a tomar, para realizar seu plano. São Bento
mandou construir uma pequena cela perto do mosteiro e deu-lhe uma
norma de vida, nos traços principais igual a dos monges. À eremita
associaram-se, pouco a pouco, muitas pessoas de seu sexo e a
construção de um grande convento impôs-se como necessária. É esta a
história da fundação da Ordem das Beneditinas, que teve uma
aceitação simpática em todo o mundo, chegando a contar 14.000
mosteiros. Escolástica foi a primeira Superiora Geral. Nesta
qualidade não só trabalhou para sua santificação, mas zelou também
pela fiel observação da regra em todos os mosteiros.
Nos
conventos das monjas beneditinas era observada rigorosamente a
clausura, sendo proibida a entrada de homens. Só uma vez por ano
Escolástica recebia a visita do irmão. O lugar onde realizava esse
encontro , era uma casa, nas proximidades do Monte Cassino.
Em
uma dessas visitas, quando tinham já tomado a refeição da tarde, e
São Bento se aprontava para voltar ao mosteiro, Escolástica lhe
disse: "Peço-te, meu irmão, que te detenhas esta noite aqui, para
que possamos conversar sobre as coisas celestes. São Bento, não
querendo passar a noite fora do mosteiro, não a quis atender.
Escolástica pôs as mãos sobre a mesa, inclinou a cabeça sobre elas e
nesta posição pediu a Deus que lhe proporcionasse o consolo de
conversar sobre coisas religiosas com o irmão até o dia seguinte.
Eis
que inesperadamente se anuviou o céu, desabou forte tempestade e a
chuva caiu com tanta quantidade, que São Bento e os companheiros se
viram obrigados a ficar. Embora o Santo reconhecesse a intervenção
de Deus no efeito da oração da irmã, disse-lhe em tom de repreensão:
"Deus te perdoe, minha irmã, o que fizeste". Escolástica, porém,
respondeu: "Eu te pedi e não quiseste atender-me; dirigi-me a Deus e
fui ouvida". Tendo ambos passado a noite em piedosos colóquios, no
dia seguinte separaram-se para sempre. Três dias depois Escolástica
trocou esta pátria provisória pela eterna, entregando a alma a
Deus. São Bento, viu a alma da irmã, qual uma pomba, subir ao céu.
O
corpo de Escolástica foi transportado para o mosteiro de São Bento e
sepultado no túmulo que o santo abade tinha mandado preparar para
si. Escolástica morreu em 543, na idade de 60 anos. No século
sétimo, suas relíquias, com as de seu santo irmão, foram levados
para Mans, na França. Uma donzela que tinha morrido naquela ocasião
voltou à vida, quando se lhe impuseram as relíquias da santa.
Terminemos os traços biográficos de Santa Escolástica com referência
a uma prática por ela usada, quando se achava em grandes
tribulações: era fixar o olhar no Crucifixo. Este olhar trazia-lhe
consolo e coragem para vencer todas as dificuldades. "Um único olhar
sobre a imagem do Crucificado ― confessou a mesma ― tira-me toda a
aflição e suaviza-me o sofrimento". |