«Quem conhece a Alexandrina fica fascinado
com ela. Recebo cartas de todo o mundo com
pedido
de imagens e relíquias», afirmava há meses o Pe. Pasquale Liberatore,
recentemente falecido e que foi o seu Postulador salesiano.
Um dos aspectos surpreendentes na Alexandrina
é a dimensão universal insistentemente atribuída à sua mensagem. Tudo nela tem
alcance mundial: se acontece em Balasar, é para se projectar no mundo.
Já em 22 de Novembro de 1937, quando ela era
conhecida apenas um reduzidíssimo e fechado círculo de familiares e amigos,
Jesus lhe afirmava:
«Eu quero que, logo após a tua morte, a tua
vida seja conhecida, e há-de o ser, farei que o seja. Chegará aos confins do
mundo (…)».
Um dia, durante um êxtase da Paixão, estava
ela no chão sob o peso da cruz, dois homens tentaram levantá-la, mas não
conseguiram. Ela pesava mais ou menos 34 quilos. À pergunta do Director
espiritual sobre quanto pesava a cruz que carregava, esclareceu que ela tinha um
«peso mundial».
A consagração ao Imaculado Coração de Maria
de que foi mensageira não foi a da Rússia ou de Portugal, nem a da Cristandade,
foi a do Mundo. Isso está bem claro nas palavras de Jesus proferidas em 29 de
Maio de 1942:
«Ave, Maria, Mãe de Jesus! Honra, glória e
triunfo para o seu Imaculado Coração! Ave, Maria, Mãe de Jesus, Mãe de todo o
Universo! Quem não quererá pertencer à Mãe de Jesus, à Senhora da Vitória? O
mundo vai ser consagrado todo ao seu Materno Coração! Guarda, Virgem Pura,
guarda, Virgem Mãe, em teu Coração Santíssimo, todos os filhos teus!»
Veja-se o alcance universal atribuído à vida
da Alexandrina nestas espantosas frases:
«Minha filha, escola de toda a humanidade!...
Quanto deve ela aprender nesta escola: Escola da vida de Cristo, escola da
ciência do Altíssimo! É aqui que aprendem os pequenos, os grandes, os ignorantes
e os sábios. É nesta escola que se aprende a sofrer e a amar.» (15/4/49)
E ainda esta outra citação, de teor
semelhante ao da precedente, mas onde ela é chamada «doutora das ciências
divinas» e, pelo seu extraordinário empenho em favor das almas, chamada também
«redentora» e «nova salvadora da humanidade» (sem prejuízo, entenda-se, de
Redentor haver só um):
«Vem o Jardineiro divino ao seu jardim a ver
as maravilhas que nele operou e o fruto de tantas canseiras.
Vem o Rei ao palácio da sua esposa, o
Redentor divino à sua redentora, à nova salvadora da humanidade.
As minhas maravilhas em ti não ficam ocultas,
não consinto no seu escondimento.
Hão-de brilhar! São a minha glória; são
salvação das almas.
Tudo será conhecido, minha doutora das
ciências divinas, tudo será conhecido no livro da tua vida.
És a heroína do amor, a heroína da dor, a
heroína da reparação, a heroína dos combates, a rainha dos heroísmos»
(18-5-1945).
Nos derradeiros meses da vida terrena da
Alexandrina, as forças abandonaram-na de tal modo que ela deixou de poder ditar
os seus diários. O texto que se segue é do último diário, quando estava na
«última, tremenda fase» (como a classificou Jesus); é muito belo, tem um final
altamente poético e onde ela é chamada «luz e farol do mundo» :
«Numa angústia lancinante (eu, Alexandrina)
repeti os meus actos de fé :
“Creio, Jesus, creio que foi para mim o vosso
nascimento, a vossa morte, o vosso calvário. Creio, Jesus, creio!”
Os meus abismos são tão negros e profundos
que só um Deus podia penetrar neles. Foi assim que Jesus fez. Desceu à minha
profundeza, trouxe à superfície e iluminou o meu pobre ser com uns raiozinhos da
sua luz:
“Vem cá, minha filha, luz e farol do mundo!
Tu que és treva inigualável, és luz que brilha, farol que tudo ilumina. A treva
é para ti, a luz é para as almas. Vem cá, luz de quem Eu sou luz, farol de quem
Eu sou farol! Não posso Eu fazer-te brilhar com o Meu brilho? Não posso Eu fazer
que sejas farol como Eu sou farol?” » (2/9/55).
Prof. José Ferreira
Fonte : Ecclesia
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