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DA PÓVOA PARA O MUNDO

 

Entrevista ao Prof. José Ferreira por Pedro Ferreira e Silva*

 

Até aos confins do mundo é o título do livro de José Ferreira que foi apresentado, este fim-de-semana, no Centro Paroquial de Balasar. A obra, que faz parte da colecção ‘Na Linha do Horizonte – Biblioteca Poveira’, propõe uma abordagem diferente à vida e mensagem da beata Alexandrina. Em entrevista ao Póvoa Semanário, José Ferreira assegurou estar certo que este é um livro diferente.

Como descreveria este Até aos Confins do Mundo?

Podia dar-me a essa tarefa, mas outros já o fizeram e de uma maneira que poderei até considerar excessivamente generosa, ao ponto de dizerem que é "uma grande obra de amor". Recentemente alguém me escreveu: "Sabia que ia correr bem, mas isto excede as minhas expectativas".

A obra, originalmente, foi concebida para poveiro ler, no entanto, ultrapassou claramente essa dimensão. O que me transmitem é que este livro alcança um objectivo extraordinário: apresentar a mística de uma maneira tão gradual que, quando o leitor chega ao fim, fica perante a grandeza de Alexandrina. O problema de algumas das outras obras é que o leitor é mergulhado, logo nas primeiras páginas, no mundo da mística, fica desorientado e, se calhar, até fecha o livro.

 

O que destacaria?

Posso dizer, sem falsa modéstia, que existem alguns capítulos muito interessantes. O primeiro – ‘Até aos Confins do Mundo’ – descreve a forma como a profecia feita em 1937 se foi cumprindo. Depois, um outro que aborda a relação de alguns artistas com a beata Alexandrina, como Domenica Ghidotti, descrevendo a forma como apostaram na divulgação da sua obra. Ainda, ‘A beata Alexandrina na Póvoa de Varzim’ que, através de fotografias e textos, mostra o tempo que passou na cidade. Destaco ainda ‘Divulgadores de Alexandrina’ e ‘Igreja de Balasar’, até porque é neste edifício, que comemora agora 100 anos, que está o túmulo da Beata. Reputo de fundamental o capítulo ‘Jejum’, no qual entram algumas notícias de jornal, uma carta manuscrita pelo Dr. Dias de Azevedo para mostrar que é impossível duvidar daquele jejum de mais de 13 anos. Existe um outro momento extraordinário que é ‘Antologia Poético-Mística da beata Alexandrina’. Podiam ter sido feitas uma centena de antologias desse género, mas seleccionei os excertos de uma obra em que todos os textos são todos muito pequenos e dispu-los em verso. Para finalizar, o Até aos Confins do Mundo tem a bibliografia total das obras sobre a Beata e uma fotobiografia. Até há pouco, ninguém tinha feito um estudo minimamente sério sobre as fotografias de Alexandrina; no livro, aparecem ordenadas cronologicamente e com algumas observações.     

      

Será um livro “mais fácil” para aqueles que nunca tenham tido contacto com o universo de Alexandrina?

Não posso dizer que o meu livro é melhor do que os outros. Enquanto professor tenho os meus defeitos e as minhas virtudes e enquanto autor a situação é semelhante. Mas consigo dispor as matérias de modo a que o aluno ou leitor consiga ter um percurso de simplicidade e progressão para atingir os objectivos. A obra é acessível e a leitura é bastante agradável. Tem, também, uma outra virtude: é possível começar a leitura em qualquer capítulo ou página, sem prejuízo para a captação do conteúdo total.

 

Qual a ligação de Alexandrina Maria da Costa com a cidade?

A beata Alexandrina viveu na Póvoa de Varzim cerca de um ano, quando frequentava a escola primária. Chegou cá em 1911, logo depois da implantação da República, e viveu esse período terrível que ficou marcado pela expulsão dos Jesuítas e das Doroteias. Parece que Alexandrina gostava de cantar uma quadra que dizia assim: “Com as barbas de Afonso Costa/ Nós faremos um pincel/ Para limpar as botas/ Ao bom rei D. Manuel”. Conta ela que, bem pequena e quando estava na rua da Junqueira e via que ia passar um padre, sentava-se, só para se poder levantar quando ele passasse em sinal de respeito. Desde criança que foi uma lutadora.

Outros factos curiosos dizem respeito às suas idas à Aguçadoura e Laundos e à sua relação com a Senhora das Dores. Alexandrina fez a sua primeira comunhão na Igreja Matriz da Póvoa e o crisma em Vila do Conde, numa altura em que todos os bispos estavam todos no exílio. O Bispo do Algarve, que viria a ser Bispo do Porto, presidiu à sua cerimónia do seu crisma.

A Beata voltou à Póvoa, já depois daquele salto terrível que a levou à paraplegia, quando veio fazer a cura marinha.

Tentei mostrar a sua estreita relação com a cidade, até porque Alexandrina tem uma grande dependência da Póvoa, principalmente do mar, que serve muitas vezes como imagem nos seus escritos, pois não se pode falar de coisas místicas sem recorrer a imagens. Foi também na Póvoa que conheceu o meio citadino e tomou contacto com as actividades de lazer, como o Casino. A cidade, por muitas razões, representa muito para ela.

 

Para além do seu livro, existe alguma outra obra sobre a Beata que vá ser editada num futuro próximo?

Há um livro de Eugenia Signorile, com o título Protagonistas do Amor. Com 93 anos, ela é uma a maior estudiosa viva da vida e da obra de Alexandrina Maria da Costa. Por já ter escrito cerca de quinze livros sobre este tema, pode parecer ao leitor manos atento que se torna repetitiva, mas não é bem assim. 

Em relação a este livro, recordo que o evangelho de S. João diz “Deus é Amor”, e Eugenia Signorile confessou-me que tem a fixação do amor. O seu livro aponta por isso para o cume, para o que há de mais alto. Os três protagonistas a que o título se refere são Jesus, Nossa Senhora e Alexandrina. É nestes pilares que assenta a obra.

 

* Esta entrevista foi publicada na edição de 17 de Outubro de 2007.

 

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