Contardo Ferrini tinha extrema inteligência. Filho de Rinaldo e
Luiza, ambos, desde cedo, cuidaram para o integral desenvolvimento
de sua potencialidade. Seu pai, um professor e engenheiro,
incutiu-lhe o desejo de
buscar
o conhecimento nas fontes verdadeiras e uni-lo à fé. Esta última
parte sempre foi muito despre-zada pela maioria dos intelectuais.
Porém
Contardo foi um dos juristas mais apreciados e um dos grandes
romancistas do seu tempo. Um grande professor e intelectual, mas
muito diferente e especial também. O que o tornava realmente
desta-cado era sua dedicação religiosa, num tempo em que a Igreja
atravessava profunda crise de fé e enfrentava grande oposição. Já
era assim quando nasceu, no dia 5 de abril de 1859, em Milão,
Itália. E continuaria sendo nas décadas seguintes.
No
plano intelectual, foi brilhante. Com dezessete anos, já havia
estudado hebraico, siríaco, sânscrito, copta e iniciava o curso de
Direito na Universidade de Pávia. Especializou-se em direito romano
e para isso, além de estudar latim, grego e alemão, para-lelamente
aprendeu espanhol, inglês e francês. Lau-reado em 1880, como prêmio
a universidade deu-lhe uma bolsa de estudos, o que proporcionou-lhe
a oportunidade de estudar na Universidade de Berlim. Com vinte e
quatro anos, já lecionava direito crimi-nal e direito romano,
viajando pelo exterior e reali-zando conferências e palestras.
No
plano espiritual, foi exemplar. Mesmo depois de aguentar e sofrer
com as gozações dos companheiros de universidade por causa da
religiosidade, foi crescendo na fé. Fez voto de castidade em 1881, e
assistia à missa diariamente. Humilde, seu amor aos mais pobres o
fez participar das obras da Sociedade de São Vicente de Paulo.
Simples, seu amor à natureza - praticava alpinismo - o fez tornar-se
terciário franciscano em 1886.
Juntando os dois planos, foi um homem completo, amigo, solidário,
lutador das causas contra o divórcio, dos excessos de materialismo e
em defesa da infância abandonada. Especialmente, quando foi eleito
conselheiro municipal de Milão. Vivia para os estudos, as aulas, a
igreja e as orações solitárias em casa, mas estava sempre à
disposição de todos os que o procuravam para pedir ajuda, conselhos
e orientações pessoais.
Nas
férias, sempre viajava para Suna, uma região montanhosa destinada à
pratica do alpinismo. Lá, conheceu um religioso apreciador e
praticante desse esporte, Achille Ratti, mais tarde Pio XI, promotor
de sua beatificação. Foi lá que contraiu a doença que o levou à
morte em 17 de outubro de 1902, o tifo.
Deixou
um legado literário importante: os escritos jurídicos de Ferrini
resultam nos cinco volumes conhecidos como "Obras de Contardo
Ferrini", os estudos espirituais chamados de "Escritos religiosos de
Contardo Ferrini" e "A vida".
O papa
Pio XII beatificou-o em 1947. A celebração litúrgica em sua memória
ocorre no dia de sua morte.
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