CONSAGRAÇÃO DO MUNDO
AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA (1942)
CRONOLOGIA

Em 1898, o mundo
tinha sido consagrado ao Sagrado Coração de Jesus. Foi intermediária divina para
pedir esta consagração a freira de origem alemã residente no Porto Beata Maria
do Divino Coração ou Maria Dröste zu Vischering (que está sepultada em
Ermesinde).
Em 1942, o mundo foi
consagrado ao Imaculado Coração de Maria. Desta vez a intermediária foi a Beata
Alexandrina Maria da Costa.
Efectivamente é
assim que consta no Decreto das suas Virtudes Heróicas:
No ano de 1936
pediu ao Sumo Pontífice a Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, o
que fez Pio XII no dia 31 de Outubro de 1942.
O primeiro pedido de
Jesus data de 30 de Julho de 1935:
Manda dizer ao
teu Pai espiritual que, em prova do amor que dedicas à minha Mãe Santíssima,
quero que seja feito todos os anos um acto de consagração do mundo inteiro num
dos dias das suas festas escolhido por ti, ou Assunção, ou Purificação, ou
Anunciação, pedindo a esta Virgem sem mancha de pecado que envergonhe e confunda
os impuros, para que eles arrecuem caminho e não Me ofendam.
Assim como pedi a
Santa Margarida Maria para ser o mundo consagrado ao meu Divino Coração, assim o
peço a ti para que seja consagrado a Ela com uma festa solene.
Passaram-se longos
meses entre o primeiro pedido e o segundo. Foi um período de sofrimento para a
Alexandrina e de reflexão para o Padre Pinho. Tratava-se de um importante
pedido: enviá-lo de Balasar para Roma era como querer remover uma montanha.
Mas em finais Agosto
de 1936, Jesus é mais preciso, terminante:
Eu quero que o
mundo seja consagrado à Minha Mãe Maria Santíssima; é o remédio para tantos
males que o ameaçam. ...
Eu não quero ser
ofendido e sou-o tão horrivelmente na Espanha e em todo o mundo!
A 10 de Setembro,
anuncia à Alexandrina:
Eu vou dizer-te
como será feita a consagração do mundo à Mãe dos homens e minha Mãe Santíssima,
que eu amo tanto!
Será em Roma pelo
Santo Padre consagrando a Ela o mundo inteiro e depois pelos padres em todas as
igrejas do mundo sob o título de rainha do Céu e da Terra e Senhora da
Vitória...
Não haja receios,
que os meus desejos serão cumpridos.
Em consequência
deste anúncio já tão concreto, no dia seguinte, o Padre Pinho comunica para
Roma, ao Cardeal Pacelli, futuro Pio XII, o pedido feito em Balasar.
* * *
Na Festa da SS.
Trindade de 1936, acontece um facto novo na vida da Alexandrina: vive pela
primeira vez a morte mística. Na impossibilidade de a vir apoiar o Padre Pinho,
vem até ela o Padre Oliveira Dias, S. J.
Mais adiante, a
Santa Sé requer informações ao Arcebispo de Braga sobre o pedido da Consagração.
Entramos agora em
1937. Em 2 de Março, D. António Bento Martins Júnior (que era natural da
freguesia de Arcos, vizinha de Balasar) pede a colaboração do Padre M. Pinho
para responder a Roma. Na documento enviado, afirma-se a certa altura:
Todos os que a
conhecem afirmam unanimemente que é uma santa.
Todas estas
coisas, bem ponderadas, parecem sem dúvida maravilhosas e induzem a pensar que
há nelas o dedo de Deus. ...
Acrescento ainda
o testemunho do Rev. Padre José Oliveira Dias, S. J., distinto por ciência e
prudência, o qual conhece bem a jovem.
Em Abril, a saúde da
Alexandrina agrava-se; entra depois na fase mística do «desposório espiritual».
Em 21 de Maio, em
nome da Santa Sé, o Padre António Durão, S. J., examina a Alexandrina, sobre o
pedido para a Consagração.
Desde Julho a 7 de
Outubro, a Alexandrina sofre «vingança» e perseguições visíveis do demónio.
Em 21 de Outubro,
declara Jesus:
Minha filha,
escolhi-te para coisas muito sublimes; servi-me de ti para comunicar ao Papa o
meu desejo de que o mundo seja consagrado a Minha Mãe Santíssima.
E em 21 de Novembro:
Eu venho
buscar-te em breve, mas não quero vir sem que antes seja feita a consagração do
mundo à Minha Mãe Santíssima. Ela é por teu intermédio glorificada e maior
também será a tua glorificação. A tua coroa será mais gloriosa, mais brilhante,
mais resplandecente. Serás coroada por Ela.
No dia seguinte tem
lugar o célebre anúncio:
Eu quero que,
logo depois da tua morte, a tua vida seja conhecida, e há-de o ser, farei que o
seja. Chegará aos confins do mundo, assim como terá chegado a voz do Papa a
consagrar o mundo à minha querida Mãe. Quero que tudo se saiba para verem como
Eu Me comunico às almas que Me querem amar.
* * *
Entramos agora em
1938. Estes anos têm sido duríssimos para a Alexandrina.
A 9 de Fevereiro, o
Padre Pinho escreve de novo ao Cardeal Pacelli.
Em 5 de Abril, Jesus
confirma o desposório espiritual com a alma da Alexandrina. Já em 4 de Fevereiro
lhe prometera que ela seria elevada «à altura de esposa fiel, de esposa querida,
de esposa toda e só de Jesus».
Em 25 de Abril,
manda Jesus que o Padre Pinho «escreva ao Santo Padre, que Eu que quero a
consagração do mundo a minha Imaculada Mãe. Mas quero que o mundo saiba a razão
por que lhe é consagrado: Eu quero que se faça penitência e oração.
Tu é que estás a
aplacar a Justiça Divina. E tens que sofrer muitas vezes isto (ainda não era
a Paixão) até que Ele (o Papa) o consagre. ...
Somente por Ela
(o mundo) poderá ser salvo, e se o mundo fizer penitência e se converter.
Ela é a minha
Rainha, Rainha do Céu e da Terra.»
A 6 de Junho,
garante Jesus: «Os meus divinos desejos serão realizados.»
Em Agosto, os Bispos
Portugueses, por proposta do Padre Mariano Pinho que em Fátima lhes pregava um
retiro, dirigem-se ao Santo Padre:
Beatíssimo Padre
O Cardeal
Patriarca de Lisboa e todos os Arcebispos e Bispos de Portugal, reunidos no
Santuário da Fátima aos pés da Beatíssima Virgem Maria, para renovarem a
Consagração já há tempos feita ao seu Imaculado Coração, em acção de graças por
haver salvado Portugal, sobretudo nestes últimos anos, do tremendo perigo do
comunismo, exultando de alegria por tão assinalada protecção tão milagrosamente
dispensada pela Divina Mãe, humildemente prostrados aos pés de Vossa santidade
pedem insistentemente, logo que o julgue oportuno, que o mundo inteiro seja
consagrado ao Coração Puríssimo de Maria, a fim de que seja liberto dos muitos
perigos que de toda a parte o ameaçam, pela Mediação da Mãe de Deus.
Em 3 de Outubro, a
Alexandrina sofre pela primeira vez a Paixão, que se repetirá todas as
sextas-feiras até 20 de Março de 1942: a Paixão devia ser o sinal da vontade
divina de que a Consagração se efectuasse.
Era dia litúrgico de
S. Teresinha, que a Alexandrina tinha por «irmã espiritual» e que nesta primeira
«Paixão» lhe aparece duas vezes.
No dia 24 de
Outubro, depois de levar a Balasar dois colegas jesuítas para presenciarem a
Paixão e ouvido o seu parecer, o Padre Pinho escreve directamente ao Papa Pio XI
a pedir a Consagração: Jesus oferecia-lhe o Céu, sem passagem pelo Purgatório,
se a realizasse.
E 6 de Dezembro, a
Alexandrina vai ao Porto, para ser examinada pelo médico Dr. Roberto de
Carvalho. No entender do Padre Pinho, era indispensável ouvir os médicos sobre a
retoma dos movimentos pela Alexandrina quando revivia a Paixão:
Eu
fui o primeiro a ficar perplexo, não sobre os êxtases, mas em relação aos
movimentos (ocorridos quando revivia a Paixão). Por este motivo interessava-me
saber com certeza qual o género da sua paralisia. Falei ao Dr. Abílio de
Carvalho
,
que já havia tratado a doente; interessou-se e levou-a ao Porto ao radiologista
Dr. Roberto de Carvalho, em Dezembro de 1938.
Em 26 de Dezembro, a
Alexandrina é examina pelo professor Elísio de Moura («psiquiatra famoso em toda
a Península Ibérica»).
* * *
Chegámos a 1939 e a
Consagração ainda se não fez; a Segunda Guerra Mundial vai estalar.
Em 4 de Janeiro,
Jesus pede à Alexandrina com insistência a Consagração para obter a paz do
mundo. No dia seguinte, o cónego Manuel P. Vilar, que era de Terroso, Póvoa de
Varzim e homem de reconhecida piedade e competência científica, vem, em nome da
Santa Sé, examinar de novo a Alexandrina. Fica optimamente impressionado.
Jesus prediz a
guerra como castigo de graves pecados:
Em que montão de
ruínas vai ficar o mundo!
Em 10 de Fevereiro,
morre Pio XI.
A 24 do mesmo mês,
D. António Bento Martins Júnior dá informações para Roma sobre os êxtases da
Paixão. Conclui assim o seu documento:
Sobre a
Consagração do mundo à Santíssima Virgem Maria, o Senhor tem-lhe falado
frequentemente. Quer com insistência que o peça ao Sumo Pontífice. ...
Parece-me que é
isto que, depois de atento exame, se pode sumariamente dizer.
Estas notícias,
se as considerarmos com todas as circunstâncias, não podem não suscitar, segundo
o meu juízo, ao menos a suspeita de uma intervenção divina.
A dois de Março,
Eugénio Pacelli é eleito Papa, tomando o nome de Pio XII.
A 20, Jesus prediz à
Alexandrina a respeito do novo Pontífice Pio XII:
É este Papa que
consagrará o mundo ao Coração de Minha Mãe.
Em 2 de Junho, o
Mons. Vilar escreve de Roma (para onde fora como reitor do Pontifício Colégio
Português):
É hoje a primeira
sexta-feira de Junho e está a fazer um mês que recebi a sua estimada cartinha.
Esperava, ao escrever esta, poder dar-lhe alguma notícia acerca da nossa
Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, tão insistentemente pedida
por Jesus, mas infelizmente ainda nada de positivo lhe posso dizer. As coisas em
Roma contam-se em comparação com a eternidade, e por isso nunca têm pressa.
Continuaremos porém a rezar e a trabalhar para que por fim os santíssimos
desejos de Jesus sejam realizados.
No mesmo dia, Jesus
comunica à Alexandrina:
Tu és o encanto
dos meus olhos, a alegria, a consolação do meu Coração divino. Tu amas-me, mas
amas-Me com dor: é o amor doloroso. O teu coração arde e arderá eternamente nas
chamas do meu divino amor. Depressa virá o dia que amarás com delícias e com
toda a consolação.
A 13 de Junho,
declara-lhe:
O mundo está em
cima dum vulcão de fogo, o qual só falta de um momento para o outro abrir-se e
incendiá-lo!
A 16 do mesmo mês,
Festa do Sagrado Coração, Jesus pede pela última vez ao Papa a Consagração do
mundo ao Coração de Maria:
Que
(o Mons. Vilar) diga ao Santo Padre que hoje, dia do meu divino Coração, é a
última vez que peço a consagração (do mundo)
à Minha Mãe Santíssima. Já a pedi tantas vezes!
Que não me recuse por mais tempo o meu pedido. Depressa, depressa! É a minha Mãe
Santíssima com as minhas vítimas que salvam o mundo.
Em 2 de Dezembro,
comunica-lhe:
O Coração da
Minha bendita Mãe está tão ferido com as blasfémias que contra Ela se proferem!
Tudo o que fere o Seu SS. Coração vem ferir o Meu. Estão unidos os nossos
Corações!
É por isso que a
consagração do mundo Lhe há-de dar muita honra e glória. Ao ele Lhe ser
consagrado, hão de ser abatidas e humilhadas aquelas línguas malditas, blasfemas
e impuras que se moverem para a blasfemar.Coragem, Minha filha, que dentro em
pouco tempo tudo será realizado e depois verás no céu a glória que Lhe foi dada.
* * *
As forças de Hitler
já chegaram aos Pirinéus, por isso a Península está sob ameaça.
Em 2 de Maio de
1940, manda Jesus:
Diz ao teu
Director para avisar o Papa que se quer salvar o mundo apresse a hora da sua
consagração à Minha Mãe. Ponha-a na frente da batalha e proclame-a Rainha da
Vitória e Mensageira da Paz.
A 4 de Julho, a
Alexandrina oferece-se como vítima, com outras almas do mundo, em união com
Nossa Senhora, para obter a paz ao menos para a sua Pátria. Jesus aceita a
oferta e afirma-lhe categoricamente:
Portugal será
salvo.
Apesar das ordens de
Hitler, as tropas nazis acabarão por rumar para outras paragens.
Em 10 de Setembro,
dita a Alexandrina em carta ao Padre Pinho:
Apenas desceu em
mim
(Jesus-Eucaristia) senti na minha alma o
retrato vivo da querida Mãezinha que do alto do Céu contemplava a pobre
humanidade, com o seu Coração santíssimo numa dor quase mortal. Com a cabeça
inclinada para a terra não afastava o seu olhar cheio de ternura e compaixão.
Em 6 de Dezembro,
Jesus assegura à Alexandrina que o Santo Padre seria poupado fisicamente aos
horrores da guerra, mas que sofreria muito moralmente.
Também aqui se
baldaram as criminosas intenções de Hitler.
Lúcia ou Alexandrina
?
Lúcia só em 1940
expôs o texto do pedido de Nossa Senhora, cujo desejo era que o Papa fizesse a
consagração da Rússia, e ela lhe acrescentou o próprio desejo da consagração do
mundo.
(Padre H. Pasquale)
* * *
1941 vai ser um ano
marcante para a Alexandrina: continuam os pedidos para a Consagração e continua
o calvário da Alexandrina; entra em cena o Dr. Dias de Azevedo; falece
santamente, de cancro, no Porto, o Mons. Vilar e o Padre Terças publica um
relato da Paixão vivida pela Alexandrina.
Em 7 de Janeiro ouve
Jesus dizer-lhe:
O teu Calvário
dentro em pouco terminará, mas deverão primeiro realizar-se as predições de
Jesus.
Coragem! Tens
como auxílio o teu Director, o teu Jesus, a tua Mãe Bendita!
E a 24 do mesmo mês:
Prometo-te neste
sábado consagrado a Ela
(Nossa Senhora) não demorar na terra
muito por tempo a tua existência. E prometo alcançar-te no Céu, com os teus
pedidos e amor, o que agora te alcanço na terra pela tua dor. Mas para isso,
Minha filha, pede ao Santo Padre que se compadeça do teu martírio, que satisfaça
os desejos divinos, que é consagrar o mundo a Minha Mãe Bendita.
No dia 14 de
Fevereiro, o Dr. Manuel Augusto Dias de Azevedo torna-se médico assistente da
Alexandrina, o «médico providencial». Esta data coincide certamente com o
afastamento involuntário do Dr. Abílio Garcia de Carvalho, que entretanto
falece.
A 7 de Março, falece
no Porto o Mons. Vilar.
Em 5 de Abril,
comunica-lhe Jesus:
Diz ao Papa que
Jesus insiste, pede e ordena que consagre o mundo à Sua Mãe. Que o consagre
depressa se quer que a guerra acabe, depressa se quer que o mundo tenha paz.
E em 3 de Maio,
insiste:
Diz ao teu Padre
espiritual que lhe pede Jesus e Maria que escreva ao Papa para que Ele consagre
o mundo ao Imaculado Coração da Virgem Mãe. (…) Só ela o poderá salvar.
Em 20 de Junho,
volta a ouvir Jesus:
Une a tua dor à
Minha dor, e o teu amor ao Meu amor; só assim te será suavizado o caminho do
Calvário. Só assim os pecadores serão salvos; só assim vem a paz e vai vir
depressa dentro em pouco. Depois, todo o mundo rejubilará ao ser consagrado ao
Coração de tua e Minha bendita Mãe.
Em 15 de Julho vai
ao Porto a consulta médica com o Dr. Gomes de Araújo, «um dos maiores neurólogos
de Portugal».
Importante
fotografia tirada na Trofa.
Em 31 de Julho, o
Padre Pinho escreve a Pio XII, suplicando a Consagração e mostrando que algumas
predições da Alexandrina sobre a guerra se haviam revelado verdadeiras
profecias.
Em 29 de Agosto, o
Padre Terças assiste ao êxtase da Paixão, de que publica depois um relato
pormenorizado, lançado pela primeira vez e de modo definitivo o nome da
Alexandrina nas bocas do mundo.
Em 9 de Outubro,
Roma requer de novo a Braga parecer sobre o pedido da Consagração.
* * *
A Consagração do
mundo ao Imaculado Coração de Maria encerra uma fase da vida da
Alexandrina
e abre caminho para a seguinte.
Neste contexto de
mudança, o Padre Pinho é impedido de a continuar a dirigir (7 de Janeiro de
1942), o que é dolorosíssimo para ela e mas também para ele; o fenómeno da
vivência visível da Paixão deixa de se verificar logo que o Papa se decide a
concretizar a Consagração (20 de Março); por fim, a Alexandrina entra em jejum
absoluto até à morte (13 anos e meio).
Em 17 de Janeiro, D.
António B. Martins Júnior escreve pela terceira vez para Roma sobre a
Alexandrina e sobre o pedido da Consagração.
Em 27 de Março, a
Alexandrina piora e administram-lhe os Sacramentos: entra na segunda morte
mística e muito dolorosa, porque assiste a uma espécie de destruição e
incineração do próprio corpo, até 24 de Outubro de 1944.
Em 3 de Maio, Jesus
fala da Alexandrina como «glória para Portugal e para o mundo inteiro»:
Que glória para
Portugal e para o mundo inteiro!
A 22, a Alexandrina
dita as suas últimas disposições, persuadida de que vai morrer: começa o jejum
absoluto e anúria, vivendo somente da Eucaristia até a morte (em Outubro de
1955).
Em lugar da Paixão
física, terá de agora em diante os êxtases das sextas-feiras, com uma crucifixão
«das mais dolorosas que a história pode registar».
Vai atravessar agora
a «noite do espírito», durante a qual acontece o «matrimónio místico» (1944).
No mesmo dia prediz
a próxima Consagração ao Coração de Maria. Em êxtase, Alexandrina irrompe num
hino:
Glória, glória,
glória a Jesus!
Honra, honra e
glória a Maria!
O coração do Papa, o
coração de oiro, está resolvido a consagrar o mundo ao Coração de Maria!
Que grande dita e
que alegria para o mundo, pertencer mais que nunca à Mãe de Jesus!
Todo o mundo
pertence ao Coração Divino de Jesus; todo vai pertencer ao Coração Imaculado de
Maria!
Uma semana adiante –
29 de Maio – é o próprio Jesus Quem proclama a vitória de Sua Mãe:
Ave Maria, Mãe de
Jesus!
Honra, glória e
triunfo para o seu Imaculado Coração! Ave, Maria, Mãe de Jesus, Mãe de todo o
universo! Quem não quererá pertencer à Mãe de Jesus, à Senhora da Vitória? O
mundo vai ser consagrado todo ao seu Materno Coração!
Guarda, Virgem pura,
guarda, Virgem Mãe, em teu Coração Santíssimo, todos os filhos teus!
Em 5 de Setembro,
Alexandrina sente que será transformada pelo amor.
A 30 de Outubro,
véspera da Consagração, Jesus exulta:
O Céu, o Céu
cheio de glória! O Céu cheio de triunfo! Uma coroa encantadora, mais esplêndida
que o sol e que as estrelas, está preparada para a louca de Jesus. Jesus é tudo
para a sua crucificada.Jesus dá-lhe tudo para receber dela tudo!
Por fim, em 31 de
Outubro, Pio XII, aos microfones da rádio, dirigindo-se em português aos
peregrinos que em Fátima celebravam os 25 anos das Aparições e ao mundo inteiro,
proclama, de Roma, a Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria. Na
fórmula utilizada ecoa a mensagem ida de Balasar:
Rainha do Santíssimo
Rosário, auxílio dos cristãos, refúgio do género humano, vencedora de todas as
grandes batalhas de Deus! Ao vosso trono súplices nos prostramos, seguros de
conseguir misericórdia e de encontrar graça e auxílio oportuno nas presentes
calamidades, não pelos nossos méritos, de que não presumimos, mas unicamente
pela imensa bondade do vosso Coração materno.
A Vós, ao vosso
Coração Imaculado, Nós como Pai comum da grande família cristã, como vigário
d’Aquele a quem foi dado todo o poder no céu e na terra, e de quem recebemos a
solicitude de quantas almas remidas com o Seu sangue povoam o mundo universo, a
Vós, ao Vosso Coração Imaculado, nesta hora trágica da história humana,
confiamos, entregamos, consagramos não só a santa Igreja, corpo místico do vosso
Jesus, que pena e sofre em tantas partes e por tantos modos atribulada, mas
também todo o mundo dilacerado por exiciais discórdias, abrasado em incêndios de
ódio, vítima de suas próprias iniquidades.
* * *
Sejamos francos: o
Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, em plena II Guerra Mundial,
foi um feito extraordinário da Alexandrina. Ela é realmente uma «glória para
Portugal e para o mundo inteiro».
A Igreja, mas até a
Câmara Municipal poveira, deviam reconhecê-lo, assinalando-o de qualquer modo.
A Consagração
proclamada em 31 de Outubro foi depois repetida mais adiante já à margem de
Fátima.
Eu quero que
incendeies no mundo este amor.
12 anos à frente, a
um ano da sua morte, Jesus recordou à Alexandrina a Consagração. Em 1 de Outubro
de 1954, ela ditou para o seu diário:
... veio Jesus e,
num impulso, o seu amor fortaleceu-me mais e falou-me assim: «Vem, minha filha:
Eu estou contigo. Está contigo o Céu com toda a fortaleza».Neste momento, pela
Chaga do seu Divino Coração saiu um clarão tão grande e uns raios tão luminosos
que irradiavam tudo. Pouco depois, de todas as suas Chagas divinas saíram raios
que me vinham trespassar os pés e as mãos! Da sua sacrossanta cabeça para a
minha passava-se também um «sol» que me trespassava todo o cérebro.
Falando do
primeiro clarão e raios que saíam do seu Divino Coração, disse Jesus com toda a
clareza:
«Minha filha, à
semelhança de Santa Margarida Maria, eu quero que incendeies no mundo este amor
tão apagado nos corações dos homens. Incendeia-o, incendeia-o! Eu quero dar, Eu
quero dar o meu Amor aos homens. Eu quero ser por eles amado. Eles não mo
aceitam e não Me amam. Por ti quero que este amor seja incendiado em toda a
humanidade, assim como por ti foi consagrado o mundo à minha Bendita Mãe. Faze,
esposa querida, que se espalhe no mundo todo o amor dos nossos Corações.»
«Como, Jesus?
Como trabalhar dessa forma?! Se ele não é aceite por Vós, como hão-de os homens
recebê-lo por mim?»
«Com a tua dor,
com a tua dor, minha filha! Só com ela as almas ficam agarradas às fibras da
alma e depois se vão deixar os corações incendiar no meu amor.
Deixa que estes
raios das minhas Chagas divinas vão penetrar nas tuas chagas escondidas, nas
tuas chagas místicas».
A cronologia que
aqui apresentei apoia-se principalmente no livro do Padre Pinho «No Calvário de
Balasar». Mas, bem sabemos, há muitas cronologias da vida da Alexandrina, onde
estes factos, mesmo que sucintamente, são assinalados.
Prof. José Ferreira
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