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CINCO CHAGAS DO SENHOR |
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Leitura do Livro de Isaías (Is 53, 1-10)
Quem acreditou no que ouvimos dizer?
A quem se revelou o braço do Senhor?
O meu servo cresceu diante do Senhor como um rebento,
como raiz numa terra árida,
sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar
nem aspecto agradável que possa cativar-nos.
Desprezado e repelido pelos homens,
homem de dores, acostumado ao sofrimento,
era como aquele de quem se desvia o rosto,
pessoa desprezível e sem valor para nós.
Ele suportou as nossas enfermidades
e tomou sobre si as nossas dores.
Mas nós víamos nele um homem castigado,
ferido por Deus e humilhado.
Ele foi trespassado por causa das nossas culpas
e esmagado por causa das nossas iniquidades.
Caiu sobre ele o castigo que nos salva:
pelas suas chagas fomos curados.
Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes,
cada qual seguia o seu caminho.
E o Senhor fez cair sobre ele as faltas de todos nós.
Maltratado, humilhou-se voluntariamente
e não abriu a boca.
Como cordeiro levado ao matadouro,
como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam,
ele não abriu a boca.
Foi eliminado por sentença iníqua,
mas, quem se preocupa com a sua sorte?
Foi arrancado da terra dos vivos
e ferido de morte pelos pecados do seu povo.
Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios
e um túmulo no meio de malfeitores,
embora não tivesse cometido injustiça
nem se tivesse encontrado mentira na sua boca.
Aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento.
Mas se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação,
terá uma descendência duradoira,
viverá longos dias
e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. |
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Salmo 21 (22), 7-8.15.17-18a.22-23 (R. 18ab)
Refrão:Trespassaram as minhas mãos e os meus
pés,
posso contar todos os meus ossos.
Eu sou um verme e não um homem,
o opróbrio dos homens e o desprezo da plebe.
Todos os que me vêem escarnecem de mim,
estendem os lábios e meneiam a cabeça.
Sou como água derramada,
desconjuntam-se todos os meus ossos.
O meu coração tornou-se como cera
e derreteu-se dentro do meu peito.
Matilhas de cães me rodearam,
cercou-me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os os meus pés,
posso contar todos os meus ossos.
Salvai-me das fauces do leão
e dos chifres dos búfalos livrai este infeliz.
Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos,
hei-de louvar-Vos no meio da assembleia. |
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São João (Jo 19, 28-37)
Naquele tempo,
sabendo que tudo estava consumado e para que se cumprisse a
Escritura, Jesus disse: «Tenho sede».
Estava ali um vaso cheio de vinagre.
Prenderam a uma vara uma esponja embebida em vinagre e
levaram-Lha à boca. Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou:
«Tudo está consumado». E, inclinando a
cabeça, expirou.
Por ser a Preparação da Páscoa, e para que
os corpos não ficassem na cruz durante o sábado – era um
grande dia aquele sábado – os judeus pediram a Pilatos que
se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao
primeiro, depois ao outro que tinha sido crucificado com
ele.
Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não
Lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados trespassou-Lhe
o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
Aquele que viu é que dá testemunho e o seu
testemunho é verdadeiro. Ele sabe que diz a verdade, para
que também vós acrediteis. Assim aconteceu para se cumprir a
Escritura, que diz: «Nenhum osso lhe será quebrado». Diz
ainda outra passagem da Escritura: «Hão-de olhar para Aquele
que trespassaram». |
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Cristo manifesta-Se com as suas chagas após
a ressurreição
Se é pueril acreditar ao acaso e sem motivo,
também é muito insensato querer examinar e inquirir tudo
demasiadamente. E esta foi a sem-razão de Tomé. Perante a
afirmação dos Apóstolos: Vimos o Senhor, recusa-se a
acreditar: não porque descresse deles, mas porque julgava
impossível o que afirmavam, isto é, a ressurreição de entre
os mortos. Não disse: «Duvido do vosso testemunho», mas: Se
não meter a minha mão no seu lado, não acreditarei.
Jesus aparece segunda vez e não espera que
Tomé O interrogue, ou Lhe fale como aos discípulos. O Mestre
antecipa-se aos seus desejos, fazendo-lhe compreender que
estava presente quando falou daquele modo aos companheiros.
Na censura que lhe faz serve-Se das mesmas palavras e ensina
como deverá proceder para o futuro. Depois de dizer: Põe
aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; mete a tua mão no meu
lado, acrescenta: Não sejas incrédulo, mas crente. Tomé
duvidou por falta de fé. Ainda não tinham recebido o
Espírito Santo. Mas isso não voltaria a acontecer; a partir
de então manter-se-iam firmes na fé. Cristo, porém, não Se
ficou nesta admoestação e insistiu novamente. Tendo o
discípulo caído em si e exclamado: Meu Senhor e meu Deus,
disse-lhe Jesus: Porque Me viste, acreditaste. Felizes os
que, sem terem visto, acreditaram.
É próprio da fé crer no que não se vê. A fé
é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das
que não se vêem. Com efeito, o divino Mestre chama felizes,
não só os discípulos, mas também todos aqueles que no
decurso dos tempos acreditarão n’Ele. Dirás talvez: Mas na
verdade, os discípulos viram e creram. É certo; no entanto,
não precisaram de ver para acreditarem. Sem quaisquer
exigências, bastou-lhes ver o sudário para logo aceitarem o
acto da ressurreição e acreditarem plenamente, antes mesmo
de verem o corpo glorioso de Jesus. Portanto, se alguém
disser: «Quem dera ter vivido no tempo de Jesus e
contemplado os seus milagres», recorde as palavras: Felizes
os que, sem terem visto, acreditaram.
E aqui surge uma pergunta: Como pôde o corpo
incorruptível conservar as cicatrizes dos cravos e ser
tocado por mão mortal? Não é caso para espanto, pois se
trata de pura condescendência da parte de Cristo. O seu
corpo era tão puro, subtil e livre de qualquer matéria, que
podia entrar numa casa com as portas fechadas. Quis, porém,
manifestar-Se deste modo, para que acreditassem na
ressurreição e soubessem que era Ele mesmo que fora
crucificado, e não outro, quem tinha ressuscitado. Por este
motivo conserva, na ressurreição, os estigmas da cruz, e
come na presença dos Apóstolos, circunstância esta que eles
especialmente recordariam: Nós que comemos e bebemos com
Ele. Quer dizer: Antes da paixão, ao vermos Jesus caminhando
sobre as ondas, não considerávamos o seu corpo de natureza
diferente da nossa; também agora, ao vê-l’O com as
cicatrizes, após a ressurreição, devemos crer na sua
incorruptibilidade.
Das Homilias de São João Crisóstomo, bispo:
sobre o Evangelho de São João, (Hom. 87, 1: PG 59,
473-474) (Sec. IV) |
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