Kateri
Tekakwitha, para nós Catarina, foi a primeira americana
pele-vermelha a ter sua santidade reconhecida pela Igreja. Ela
nasceu no ano de 1656, perto da cidade de Port Orange, no Canadá.
Seu pai era
o chefe indígena da nação Mohawks, um pagão. Enquanto
sua mãe era uma índia cristã, catequizada pelos
jesuítas, que fora
raptada e levada para outra tribo, onde teve de unir-se a esse
chefe. Não pôde baptizar a filha com nome da santa de sua devoção,
mas era só por ele que a chamava: Catarina. O costume indígena
determina que o chefe escolha o nome de todas as crianças de sua
nação. Por isso seu pai escolheu Tekakwitha, que significa "aquela
que coloca as coisas nos lugares", mostrando que ambas, consideradas
estrangeiras, haviam sido totalmente aceitas por seu povo.
Viveu
com os pais até os quatro anos, quando ficou órfã. Na ocasião,
sobreviveu a uma epidemia de varíola, porém ficou parcialmente cega,
com o rosto desfigurado pelas marcas da doença e a saúde
enfraquecida por toda a vida. O novo chefe, que era seu tio,
acolheu-a e ela passou a ajudar a tia no cuidado da casa. Na
residência pagã, sofreu pressões e foi muito maltratada.
Catarina, que havia sido catequizada pela mãe, amava Jesus e
obedecia à moral cristã, rezando regularmente. Era vista contando as
histórias de Jesus para as crianças e os idosos, que ficavam ao seu
lado enquanto tecia, trabalho que executava apesar da pouca visão.
Em 1675, soube que jesuítas estavam na região. Desejando ser
baptizada, foi ao encontro deles. Recebeu o sacramento um ano
depois, e o nome de Catarina Tekakwitha. Devido à sua fé, era
hostilizada, porque rejeitava as propostas de casamentos. Por tal
motivo, seu tio, cada vez mais, a ameaçava com uma união. Quando a
situação ficou insustentável, ela fugiu.
Procurou a Missão dos jesuítas de São Francisco Xavier, em Sault,
perto de Montreal, onde foi acolhida e recebeu a primeira comunhão,
dando um exemplo de extraordinária piedade.
Sempre
discreta, recolhia-se por longos períodos na floresta, onde, junto a
uma cruz que ela havia traçado na casca de uma árvore, ficava em
oração. Sem, entretanto, descuidar-se das funções religiosas, do
serviço da comunidade e da família que a hospedava. Em 1679, fez
voto perpétuo de castidade, expressando o desejo de fundar um
convento só para moças indígenas, mas seu guia espiritual não
permitiu, em razão da sua delicada saúde.
Aos
vinte e quatro anos, ela morreu no dia 17 de abril de 1680. Momentos
antes de morrer, o seu rosto desfigurado, tornou-se bonito e sem
marcas, milagre presenciado pelos jesuítas e algumas pessoas que a
assistiam. O milagre e a fama de suas virtudes espalhou-se
rapidamente e possibilitou a conversão de muitos irmãos de sua raça.
Catarina, que amou, viveu e conservou o seu cristianismo só com a
ajuda da graça, por muitos anos, tornou-se conhecida em todas as
nações indígenas como "o lírio dos Mohawks", que intercedia por seus
pedidos de graças.
A sua
existência curta e pura, como esta flor, conseguiu o que havia
almejado: que as nações indígenas dos Estados Unidos e do Canadá
conhecessem e vivessem a Paixão de Jesus Cristo.
O papa
João Paulo II nomeou-a padroeira da 17a
Jornada Mundial da Juventude realizada no Canadá, em 2002, quando a
beatificou. Ao lado de são Francisco de Assis, a bem-aventurada
Catarina Tekakwitha foi honrada pela Igreja com o título de
"Padroeira da Ecologia e do Meio Ambiente". A sua festa ocorre no
dia 14 de julho. |