Em 1219, S. Francisco de Assis
enviou em missão para Marrocos seis dos seus mais destemidos frades
menores,
apaixonados do Evangelho, precursores de todos os missionários
portugueses, lançados ao mar tenebroso e à conquista dos povos para
Cristo obedecendo ao mandato do Infante de Assis em serviço do Rei
dos reis, Jesus Cristo. E lá foram os obedientes frades de origem
italiana: Vital, Berardo, Otão (sacerdotes), Pedro (Diácono),
Acúrsio e Adjuto (Leigos).
Foram recebidos em Coimbra pela
rainha D. Urraca, mulher de Afonso II que então reinava em Portugal.
Continuaram para Alenquer onde se apresentaram à infanta D. Sancha,
filha de D. Sancho primeiro e irmã do rei D. Afonso II, fundadora do
primeiro convento franciscano em Portugal.
Seguiram viagem e depois de
passarem em Lisboa, chegaram a Sevilha. Aí ficaram uma semana, finda
a qual foram à mesquita, precisamente no dia em que os mouros
festejavam Maomé e começaram a pregar a doutrina de Jesus e
denunciando que o profeta Maomé não passava de uma idolatria.
Corridos à pancada para fora da mesquita, passaram a Marrocos, onde
começam a percorrer as ruas pregando o nome de Jesus e, quando vêem
aproximar-se o Miramolim Aboidil, com mais ânimo continuaram a
proclamar a mensagem cristã. O Miramolim mandou-os prender e ficaram
numas masmorras vinte dias sem comer nem beber.
Uma vez libertos, apressaram-se
em retomar a sua missão. Decretada mais uma vez a sua morte, o
Sultão encarrega o seu filho Abosaide de os prender e decapitar. É
chegado então, e definitivamente o momento tão desejado por estes
frades, finalmente o martírio pelo nome de Jesus iria por fim
acontecer. Foi realmente uma morte violenta a destes cinco frades.
São açoitados e, atados de mãos e pés, arrastam-nos de um lado para
o outro com cavalos em seguida, sobre seus corpos descarnados deixam
cair azeite a ferver, continuando depois a arrastá-los pelo chão mas
desta vez sobre vidros e cacos espalhados pelo chão. O Miramolim
ainda os tentou com dinheiro e mulheres. Mas não havia nada a fazer
e o miramolim dizia então que só a espada poderia calar aqueles
homens decididos e firmes no que diziam. “O nossos corpos miseráveis
estão nas tuas mãos sob a tua autoridade, mas as nossas almas estão
nas mãos de Deus. Com a sua ira no limite, o miramolim pegou na sua
cimitarra a acabou com a vida daqueles cinco frades, rachando-lhes o
crânio ao meio e depois decepando-lhes as cabeças. Era o ano de
1220. Cedo acabou a tarefa missionária daqueles cinco frades, mas a
sua voz continua a ecoar por toda a terra e a sua mensagem até aos
confins do mundo.
Os Mártires de Marrocos foram
canonizados pelo Papa Sisto IV em 1481. |