“O cigano de
Cristo”, este também é seu apelido, que demonstra claramente o que foram os
trinta e cinco anos de vida de Bento José Labre, treze deles caminhando e
evangelizando pelas famosas e seculares estradas
de Roma. Aliás, o antigo ditado
popular que diz que “todos os caminhos levam a Roma” continua sendo assim para
todos os cristãos. Entretanto, principalmente no século XVII, em qualquer um
deles era possível cruzar com o peregrino Bento José e nele encontrar o caminho
que levava a Deus.
Ele era francês,
nasceu em Amettes, próximo a Arras, no dia 27 de março de 1748, o mais velho dos
quinze filhos de um casal de agricultores pobres. Frequentou a modesta escola
local, mas aprendeu latim com um tio materno. Ainda muito jovem, quis tornar-se
monge trapista, mas não conseguiu o consentimento dos pais.
Com dezoito anos,
pediu ingresso no convento trapista de Santa Algegonda, mas os monges não
aprovaram sua entrada. Percorreu a pé, então, centenas de quilómetros até a
Normandia, debaixo de um inverno extremamente rigoroso, onde pediu admissão no
Convento Cisterciense de Montagne. Também foi recusado ali, tentando, ainda, a
entrada nos Cartuchos de Neuville e Sept-Fons, com o mesmo resultado. Foi então
que, com vinte e dois anos, tomou a decisão mais séria da sua vida: seu
mosteiro, já que não encontrava guarida em nenhum outro, seriam as estradas de
Roma.
No embornal de
peregrino carregava apenas o Novo Testamento e um breviário, além de um terço
nas mãos. Durante a noite, dormia nas ruínas do Coliseu e, de dia, percorria as
estradas peregrinando nos lugares sagrados e evangelizando sem pedir esmolas.
Quando recebia a caridade alheia, mesmo sem pedir, ainda dividia o que ganhava
com os pobres. Isso lhe valeu, certa vez, algumas pancadas de um certo cidadão
que encarou sua atitude como um insulto. Na maior parte dos dias, comia um
pedaço de pão e ervas colhidas no caminho.
Os maus tratos do
quotidiano, ou seja, a maneira insatisfatória de higiene a que se submetera
durante muitos anos e as penitências que se auto-impusera, acabaram por causar o
seu fim. Um dia, ainda muito jovem, seu corpo foi encontrado nos fundos da casa
de um amigo arquitecto, perto da igreja de Santa Maria dos Montes. Houve uma
grande aglomeração de populares que admiravam e até veneravam o singelo
peregrino.
Bento José acabou
sendo sepultado ali mesmo, próximo daquela igreja, local que logo passou a ser
procurado pelos devotos e peregrinos. Imediatamente, tornou-se palco de muitas
graças e prodígios, por intercessão daquele que em vida percorreu o caminho da
santidade. O papa Leão XIII canonizou são Bento José Labre em 1881, determinando
sua festa para o dia 16 de abril, data de sua morte no ano 1783.
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