Eis o Cordeiro de deus
As
leituras de hoje mostram-nos, de maneira clara e evidente, a
manifestação da Santíssima Trindade, a quando do baptismo do Senhor.
O
Evangelho de S. Mateus diz-nos que « Jesus
chegou da Galileia e veio ter com João Baptista ao Jordão, para ser
baptizado por ele ».
Ao vê-lo aproximar-se, o Santo percursor, cheio do Espírito Santo,
exclama, como desejando-lhe boas vindas:
« Eis
o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! »
(S. João: 1, 29)
Depois, voltando-se para o
povo presente e para os “agentes” dos sacerdotes e dos levitas,
disse ainda: « É
aquele de quem eu disse: “Depois de mim vem um homem que me passou à
frente, porque existia antes de mim.” »
(S. João: 1, 30)
Poderíamos aqui perguntar: “Porque razão o Filho de Deus ‘que
tira o pecado do mundo’, precisava de ser baptisado, Ele que sendo
Deus estava isento de pecado e acima de todas as leis?”
Por
compreender isso mesmo, João Baptista começou por recusar-se a
efectuar esse acto que vinha praticando junto dos Judeus:
« Eu é que preciso de ser baptizado por Ti e Tu vens
ter comigo? »
Mas,
para que se cumpram as Escrituras, Jesus insiste:
« Deixa por agora ; convém que assim cumpramos toda
a justiça ».
Só
assim, diz S. Mateus, « João
deixou então que Ele Se aproximasse »,
e baptizou-O.
« Logo
que Jesus foi baptizado, saiu da água »,
explica ainda o Evangelista, antes de nos dar a grande notícia da
manifestação divina.
« Então,
abriram-se os céus e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma
pomba e pousar sobre Ele. E uma voz vinda do céu dizia :
“Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha
complacência” ».
Era
portanto o Pai que falava de seu Filho, enquanto que o Espírito,
“em forma de pomba” posava sobre Este. E na verdade assim se
cumpriam as Escrituras, visto que já Isaías recebera esta notícia,
quando afirma: « Diz
o Senhor :
“Eis
o meu servo, a quem Eu protejo, o meu eleito, enlevo da minha alma.
Sobre ele fiz repousar o meu espírito, para que leve a justiça às
nações” ».
Tambem
o psalmista corrobora esta verdade: « A
voz do Senhor ressoa sobre as nuvens (...) a voz do Senhor é
majestosa ».
Assim
se manifestava a Trindade Santíssima no começo da vida pública de
Jesus.
Sobre este acontecimento, João Baptista é categórico, como no-lo diz
o Evangelista S. João: « Eu
não sou o Messias, mas apenas o enviado à sua frente »
(S. João: 3, 28).
E ainda: « Pois
bem: eu vi e dou testemunho de que este é o Filho de Deus ».
(S. João: 1, 34)
Nos
Actos dos Apóstolos, S. Pedro, pregando a Boa Nova ao povo reunido
para o ouvir, afirma igualmente: « Deus
ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou
fazendo o bem ».
Depois
desta manifestação divina,
« o
Espírito conduziu Jesus ao deserto, a fim de ser tentado pelo diabo »,
e antes de começar a escolher aqueles que o acompa-nhariam até ao fim:
os seus discípulos.
Quanto a João Baptista, ele
vai ser “lançado
na prisão” e
depois mandado decapitar por Herodes.
Afonso
Rocha
Comentário para a Festa do Baptismo do Senhor, ano A |