A Igreja comemora, no dia 2 de Outubro, a festa dos Santos Anjos da Guarda. São
eles espíritos celestes a quem Deus confiou a guarda e protecção
dos
homens. A cada ser humano, desde a hora de seu nascimento, foi confiado um Anjo
da Guarda, que o acom-panhará até o dia de sua morte, protegendo e assistindo não
só contra os perigos temporais, mas especialmente contra os perigos espiri-tuais.
Embora o homem moderno procure desmistificar sua existência ou a sua perma-nência
ao lado do homem como fiel compa-nheiro, há provas evidentes e indiscutíveis nas
Sagradas Escrituras sobre o seu ofício divino.
Devemos ao Santo
Anjo um afecto todo espe-cial e temos por obrigação amá-lo, honrá-lo e invocá-lo,
pois é um grande amigo que temos e que vê incessantemente a face de Deus que
está no Céu. Do berço até o túmulo, o Anjo da guarda vela por nós, nos defende e
desvia das ciladas do demónio. "Como um leão, ruge ao nosso lado", o demónio
procura de todas as formas afastar o homem do caminho da virtu-de. É o que nos
afirma São Pedro em sua pri-meira carta, capítulo 5, versículos 8 e 9:
"Sede sóbrios e
vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda ao redor de vós, como leão que
ruge, buscando a quem possa devorar. Resisti-lhe fortes na fé, cientes que
vossos irmãos, espalhados pelo mundo, sofrem a mesma tribulação."
Com nossas próprias
forças somente, jamais conseguiremos fazer frente ao demónio, que possui grande
poder para perder, enganar e destruir as almas eternamente. Nas horas de perigo,
o Santo Anjo nos incita à virtude, convida-nos à resistência e apresenta a Deus
as nossas orações e nossas boas obras, apoiando-nos com sua intercessão. É
preciso, portanto, que façamos a nossa parte, invocando-o incessantemente,
consultando-o diariamente em todas as nossas acções.
Durante cada minuto
de nossa existência, trava-se uma batalha tremenda entre o Anjo da Guarda e o
demónio, cada qual usando de todos os meios possíveis, um para nos salvar, outro
para nos perder. Uma batalha invisível aos nossos olhos, porém, real e
verdadeiramente terrível. Foi pelo poder do Anjo mau que o pecado entrou no
mundo. Foi o demónio quem persuadiu Adão e Eva a pecarem; toda a balbúrdia
subsequente àquela "subtil" desobediência à Deus, repercutiu de forma
avassaladora no mundo. Assim, não é difícil decifrar a origem de toda maldade,
corrupção, impurezas, guerras e todo o género de malignidade humana: São
provenientes das nossas próprias opções, da nossa livre escolha em homologar as
más inclinações que se nos fizeram presentes. Por maior que seja a tentação, a
decisão final será exclusivamente nossa pelo exercício do livre arbítrio, que
nos torna seres perfeitos para optar entre o bem o mal. Quem não acredita no
Santo Anjo, certamente também não acredita no demónio. Sendo assim, torna-se o
diabo uma presença insuspeita, onde suas emboscadas são duplamente perigosas.
As tentações do
demónio vencem-se com vigilância, jejum, mortificação, oração e confiança à
Santíssima Virgem e ao Anjo da Guarda. Nossa Senhora, preservada da mancha
original, comanda toda a legião de Anjos do Céu e da Terra. Cumpre seu ofício
divino na batalha para esmagar a cabeça de Satanás. Invocada pela Igreja
universal como “Rainha dos Anjos”, ouve as preces dirigidas ao nosso Anjo da
Guarda e as apresenta a Deus.
Especialmente na
hora do medo, da dúvida, da ira ou da tentação, lembremo-nos da oração que o
filhinho aprende, já nos primeiros exercícios da fala: O Santo Anjo. Seja esta
oração infantil nossa companheira inseparável nos momentos de tribulação. Desde
o desabrochar da vida até o desenlace, poderosa espada no combate contra o mal:
Anjo do Senhor,
meu zeloso guardador
a quem a bondade divina
se dignou confiar-me
esclarece-me, protege-me, dirige-me
e governa-me para sempre
Amem.
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