Ângela
Mérici nasceu em Desenzano del Guarda, no
norte da Itália, junto ao lago do mesmo nome, em 1474. Seus pais
eram
profundamente
cristãos, e desejavam que os seus filhos encontrassem a felicidade
obrando para a glória de Deus. Para realizar este ideal, eles tinham
feita da casa familiar um autêntico santuário onde cada um
trabalhava sob o olhar divino e recitavam as orações todos juntos.
Invariavelmente o dia terminava por uma leitura espiritual ou da
vida de um santo.
A estas
piedosas práticas, Ângela acrescentava os rigores da penitência.
Apenas com nove anos, ofereceu ao Senhor a sua virgindade e
renunciou desde então a todo e qualquer ornamento pessoal.
Seu pai
faleceu quando ela tinha apenas treze anos e sua me dois anos mais
tarde.
Um seu
tio chamado Bartolomeu recolheu-a e não só a autorizou a continuar
as suas práticas religiosas mas começou também a praticá-las
assiduamente. Passados seis anos, Deus chamou a si a única irmã de
Ângela, deixando-a assim, quase sem ninguém, visto que seu tio
Bartolomeu foi também em breve chamado à Mansão celeste.
Duplamente órfã, Ângela voltou à casa paterna, desfez-se de tudo
quanto ainda possuía e começou então a viver na maior austeridade.
Tinha ela então vinte e dois anos. Para melhor poder levar a cabo a
vida que desejava viver — de união íntima com Deus — inscreveu-se
como membro da Ordem Terceira Franciscana de S. Francisco de Assis.
Em
1506, num dia em que trabalhava nos campos, foi de repente rodeada
por uma luz resplandecente. Ângela viu uma escada elevar-se do solo
até ao céu et uma multidão incalculável de virgens que subiam pelos
degraus da escada, amparadas por anjos. Uma das virgens voltou-se
para Ângela e disse-lhe: « Ângela, Deus proporcionou-te esta visão
para te revelar que antes de morreras tu fundarás uma sociedade de
virgens como estas que viste, na cidade de Brescia. » E esta visão
realizou-se vinte anos depois.
A fama
de santidade de Ângela Mérici estendeu-se até à cidade de Brescia.
Os Pantegoli, família rica e grandes benfeitores das obras pias,
moravam nessa cidade. Em 1516, depois de terem perdido, um após
outro, os seus dois filhos, convidaram Ângela para vir morar com
eles para os consolar da pena que sentiam pela perca dos filhos. Foi
desde então que Ângela se fixou naquela cidade de que lhe tinha
falado a virgem da visão e aí mostrou as suas esmeradas qualidades
cristãs que causavam a admiração e o apreço de todos.
Todos
os dias os habitantes a viam na companhia de moças da mesma idade,
juntar as meninas para lhes ensinar a doutrina cristã. Visitavam os
pobres e os doentes, instruíam os adultos que em grande número as
procuravam para ouvirem as suas conferências. Estas jovens faziam
tudo quanto podiam para ensinar os pecadores, indo mesmo à busca
deles nos lugares onde trabalhavam.
Ângela
começou desde então a receber de Deus um certo número de dons que
ela utilizava para o bem comum das almas que cada vez mais numerosas
a buscavam. O Papa Clemente VII, posto ao corrente da santidade de
Ângela, recebeu-a com grande júbilo.
A
recordação daquela maravilhosa visão das virgens que subiam pela
escada que levava ao céu continuava gravada no seu coração e, um
dia, Ângela reuniu doze raparigas cujo desejo era aquele da
perfeição e da vida em Deus. Ela propôs-lhes de levarem uma vida
retirada do mundo, nas suas próprias casas e, de frequentemente se
juntarem para se formarem na prática das virtudes cristãs.
Em
1533, este “noviciado” terminado, Ângela Mérici desvendou-lhes o seu
plano, demonstrando-lhes que a ignorância religiosa era a causa do
progresso do protestantismo e que a fundação de uma comunidade
religiosa diferente, unindo vida contemplativa e instrução das
crianças, constituiria um remédio eficaz para melhorar o estado
deplorável em que a Igreja então sofria.
A fim
de poder atingir todas as almas necessitadas, a fundadora implantou
as bases da Ordem sem clausura. As irmãs visitavam as prisões e os
hospitais, iam à busca dos pobres para os instruírem et partilhavam
generosamente o pão com eles.
Remontando o percurso do mal até à sua fonte ou origem, Ângela
pensava que não se podiam mudar os costumes sem intervir nas
próprias famílias, cujo fulcro era então a mãe, sempre mais presente
no lar. A santa deu-se conta que a má educação de então provinha da
carência de mães profundamente cristãs. Nos desígnios de Deus, a
congregação das Ursulinas deveriam brilhar no mundo mediante a
educação das raparigas.
No dia
25 de novembro de 1535, em Brescia, as primeiras religiosas do novo
instituto pronunciaram os três votos tradicionais de pobreza,
castidade e obediência, juntando a estes três um outro:
consagrarem-se exclusivamente ao ensino. Ângela confiou a
congregação nascente à protecção de santa Úrsula.
Como
acima foi dito, Deus concedeu-lhe diversos carismas, entre os quais
aqueles da ciência infusa e da profecia. Ela falava latim sem nunca
o ter estudado; explicava passagens das mais difíceis dos Livros
santos e tratava de questões teológicas com uma tal firmeza e
precisão, que as mais dotas personagens recorriam a ela nos casos
mais complicados.
Os seus
últimos anos foram marcados por frequentes êxtases.
Ângela
Mérici faleceu no dia 28 de janeiro de 1540. Durante três noites,
toda a cidade de Brescia observou uma luz extraordinária por cima da
capela onde o corpo da Santa repousava. Este santo corpo permaneceu
para sempre incorrupto.
Em
1807, o Papa Pio VII canonizou-a. |