Nascimento e sua infância.
Ana Catarina
Emmerich, Religiosa Augustina, estigmática e extática, filha de camponeses
pobres, mas piedosos,
nasceu na aldeia de Flamsche, perto de Coesfeld na Diocese
de Muster, em Westphalia Alemanha, no dia 8 de Setembro de 1774, foi baptizada no
mesmo dia e morreu no dia 9 de fevereiro de 1824 na localidade de Dulmen.
Desde a primeira
infância, não cessou de receber do Céu uma direcção superior. Via frequentemente
o Anjo da Guarda e brincava com o Menino Jesus, nos prados e no jardim. A Mãe de
Deus, a Rainha do Céu, apresentava-se muitas vezes e também os Santos lhe eram
bons e afectuosos amigos.
Quando era
criança, falava com toda a simplicidade dessas visões e fatos íntimos, pensando
que as outras crianças vissem e experimentassem o mesmo; vendo, porém, que se
admiravam das suas narrações, começou a guardar silêncio, pensando que era
contra a modéstia falar dessas coisas.
Ana Catarina
tinha um génio alegre e amável; andava, porém, quase sempre calada e recolhida.
Os pais, julgando que fosse por teimosia, tratavam-na com bastante rigor. Ela
conta mais tarde:
“Meus pais
muitas vezes me censuravam, mas nunca me elogiavam; como, porém, eu ouvisse
outros pais louvarem os filhos, julgava-me a pior criança do mundo”.
Era, contudo, de
uma grande delicadeza de consciência; a menor transgressão afligia-a tanto, que
lhe perturbava a saúde. Quando fez a primeira confissão, sentia tanta contrição,
que chorou alto e foi preciso levá-la para fora do confessionário.
Na Primeira
Comunhão, cheia de ardente amor, ofereceu-se de novo, sem reservas, ao seu Deus
e Senhor.
Seu trabalho na adolescência.
No auge da
mocidade, dos 12 aos 15 anos, Catarina trabalhou, como criada, em casa de um
parente camponês, pastoreando rebanhos; depois voltou à casa paterna. Certa vez,
trabalhando no campo, ouviu ao longe o toque lento e, sonoro do sino do Convento
das Anunciadas, em Coesfeld. Contava então 16 anos apenas. Sentiu-se tão
fortemente enlevada com a voz daqueles sinos, que lhe pareciam mensageiros do
Céu, convidando-a para a vida religiosa e tão grande lhe foi a comoção, que caiu
desmaiada e foi levada para casa, onde esteve, por muito tempo, adoentada.
Para conseguir
mais facilmente admissão num convento, foi durante três anos trabalhar na casa
de uma costureira, em Coesfeld, economizando assim 20 thalers (cerca de 3 libras
inglesas). Depois se mudou para a casa do piedoso organista Soentgen, esperando
que, aprendendo a tocar órgão, se lhe facilitasse a entrada para um Convento.
Mas a pobreza da família de Soentgen inspirou-lhe tanta compaixão, que,
renunciando a tocar órgão, trabalhava na casa como criada, dando até as suas
economias para aliviar a miséria do lar.
“Deus deve
ajudar agora”, disse depois à mãe, “dei-lhe
tudo. Ele saberá socorrer-nos a todos”. O bom Deus não deixou de
ajudá-la, ainda que Ana Catarina só com 29 anos visse realizado o seu desejo
de entrar para um convento.
Uma Graça Especial.
Quatro anos antes
recebeu da bondade de Deus uma graça especial. Estava de joelhos na Igreja dos
padres Jesuítas, em Coesfeld, meditando e rezando diante de um crucifixo.
“Então vi,
conta ela mesma, vindo do Tabernáculo, onde
se guardava o Santíssimo Sacramento, o meu Esposo celeste em forma de um jovem
resplandecente. Na mão esquerda trazia uma grinalda de flores, na direita uma
coroa de espinhos; apresentou-as, ambas, para eu escolher. Tomei a coroa de
espinhos, Ele a pôs na minha cabeça e eu a apertei com ambas as mãos; depois
desapareceu e voltei a mim, sentindo uma dor veemente em torno da cabeça.
No dia
seguinte a minha testa e a fontes, até as faces estavam muito inchadas e sofria
horrivelmente. Essas dores e a inflamação voltaram muitas vezes. Não notei
sangue em volta da cabeça, até que as minhas companheiras me induziram a vestir
outra touca, porque a minha já estava cheia de manchas vermelhas, ferrugentas.
Como Ana
Catarina não tinha mais dote, ficaram-lhe fechadas as portas dos Conventos,
segundo o pensamento dos homens. Mas Deus ajudou-a, como esperava. Clara
Soentgen, a filha do organista, sendo também organista perfeita, foi de boa
vontade recebida no convento das Agostinhas, em Duelmen. Soentgen, porém
declarou então que deixava entrar a filha somente sob a condição de que
admitissem também Ana Catarina. Em consequência disso, entraram as duas jovens
para o Convento, em 18 de Setembro de 1802.
A entrada no convento.
O tempo do
noviciado foi para Ana Catarina uma verdadeira escola da cruz, porque ninguém
lhe compreendia o estado da alma. Sofria, porém, tudo com paciência e amor,
observando conscienciosamente a regra da Ordem.
No dia 13 de
Novembro de 1803, um ano depois de começar o noviciado, fez os votos solenes,
tornando-se esposa de Jesus. O Esposo divino cumulou-a de novas e abundantes
graças.
“Apesar de
todas as dores e sofrimentos”, disse ela,
“nunca estive tão rica no coração; minha alma transbordava de felicidade.
Eu vivia em paz, com Deus e com todas as criaturas.
Quando
trabalhava no jardim, vinham avezinhas pousar sobre minha cabeça e meus ombros e
cantávamos juntas os louvores de Deus. Via sempre o meu Anjo da Guarda ao meu
lado e, ainda que o mau espírito me assustasse e agredisse, não me podia fazer
mal.
O meu
desejo do Santíssimo Sacramento era tão irresistível, que muitas vezes deixava
de noite a minha cela, para ir rezar na Igreja, quando estava aberta; se não,
ficava ajoelhada diante da porta ou perto do muro, mesmo no inverno ou prostrada
no chão, com os braços estendidos e em êxtase. Assim me encontrava o capelão do
convento, Abbé Lambert (sacerdote francês, exilado da pátria, por não prestar
juramento exigido pela constituição ateia), que tinha a caridade de vir mais
cedo, para dar-me a sagrada Comunhão. Mas, logo que se aproximava para abrir a
Igreja, eu voltava a mim, indo depressa à mesa da Comunhão, onde achava o meu
Deus e Senhor”.
Com tantos
Conventos, no princípio do século 19, também o Convento de Agnetenberg foi
fechado a 3 de Dezembro de 1811. As piedosas freiras foram obrigadas a
abandonar, uma após outra, o querido mosteiro. Ana Catarina, doente e pobre,
ficou até a primavera seguinte, quando se mudou para uma pequena casa em
Duelmen.
A Estigmatização.
No outono do
mesmo ano (1812), lhe apareceu de novo o Divino Salvador, como um jovem
resplandecente e entregou-lhe um crucifixo, que ela apertou com fervor de
encontro ao coração. Desde então lhe ficou gravado no peito um sinal da cruz, do
tamanho de cerca de três polegadas, o qual sangrava muito, a princípio todas as
quartas-feiras, depois nas sextas-feiras, mais tarde menos frequentemente. A
estigmatização deu-se-lhe poucos dias depois, a 29 de Dezembro.
Nesse dia,
às 3 horas da tarde, estava deitada, com os braços estendidos, em êxtase,
meditando na Sagrada Paixão de Jesus. Viu então, numa luz brilhante, o Salvador
crucificado e sentiu um veemente desejo de sofrer com Ele. Satisfez-se-lhe esse
desejo, pois saíram logo das mãos, dos pés e do lado do Senhor raios luzidos cor
de sangue, que penetraram nas mãos, nos pés e no lado da Serva de Deus, surgindo
logo gotas de sangue nos lugares das chagas.
Só se alimentava da Eucaristia.
Abbé Lambert e o
confessor da vidente, Pe. Limberg, viram-nas sangrar dois dias depois, mas com
sábio propósito fingiram não dar importância ao fato, na presença da Serva de
Deus. Ela mesma procurava esconder os sinais das chagas, o que lhe era fácil,
porque desde o dia 2 de Novembro de 1812 estava de cama, adoentada. Desde
então não pôde mais tomar alimento, a não ser água, misturada com um pouco de
vinho, mais tarde só água ou, raras vezes, o suco de uma cereja ou ameixa.
Assim vivia só da sagrada Comunhão.
O acompanhamento das autoridades.
Esse estado e a
estigmatização tornaram-se públicos na cidade, em Março de 1813. O Vigário de
Duelmen, Pe. Rensing, encarregou dois médicos, os Drs. Wesener e Krauthausen,
como também o confessor, de fazerem um exame das chagas, que frequentemente
sangravam. Os autos foram mandados à autoridade diocesana de Muenster, a qual
enviou o Padre.
Clemente Augusto
de Droste Vischering, mais tarde Arcebispo de Colónia, o Don Overberg e o
conselheiro medicinal Dr. Von Drueffel a Duelmen, para fazerem outra
investigação, que durou três meses. O resultado foi a confirmação da verdade das
chagas, da virtude e também o reconhecimento do carácter sobrenatural do estado
da jovem religiosa.
Também a
autoridade secular, querendo examinar e “desmascarar a embusteira”, mandou, em
1819, uma comissão de médicos e naturalistas; isolaram-na por isso em outra
casa, rigorosamente observada, do dia 7 a 29 de Agosto, o que lhe causou muita
humilhação e sofrimento; também o resultado desse exame lhe foi favorável.
O Peregrino.
No ano anterior,
viera visitá-la pela primeira vez o poeta Clemente Brentano, recomendado pelo
Don Overberg; a 17 de Setembro ele a viu pela primeira vez. Ela, porém, já o
tinha visto muito antes, nas visões e recebido ordem do Céu para comunicar-lhe
tudo.
“O Peregrino”,
como o chamava, ficou até Janeiro de 1819, mas voltou de novo, para ficar com
ela, no mês de Maio. Foi para Catarina um amigo fiel até a morte, mas a fez
sofrer também às vezes, com seu génio veemente.
Reconheceu
a tarefa que lhe fora dada por Deus, de escrever as visões desta mártir
privilegiada e dedicou-se a isso com cuidado consciencioso.
“O Peregrino”
escrevia durante as narrações, em tiras de papel, os pontos principais, que
imediatamente depois copiava, completando-os de memória. A cópia, a limpo, lia à
Serva de Deus, corrigindo, acrescentando, riscando sob a direcção de Catarina,
não deixando nada que não tivesse recebido a confirmação expressa de fiel
interpretação.
Pode-se imaginar
a grande facilidade que a prática diária, através de alguns anos, trouxe ao
“Peregrino” para esse trabalho, dada a sua extraordinária inteligência e
perseverança, como também o fato de ver nesse serviço uma obra santa, para a
qual costumava preparar-se com orações e exercícios piedosos; assim podemos
confiar que não lhe tenha faltado aos esforços o auxílio de Deus.
O escrúpulo e a
consciência com que procedia nesse trabalho, nunca lhe permitiram, durante
tantos anos, resposta alguma aos que atribuíam grande parte das visões à
imaginação do poeta, o que equivale a dizer que, homem sério que era, na tarde
da vida se teria dado a esse incrível trabalho, para enganar conscientemente a
si mesmo e aos outros”.
“Ela falava
geralmente baixo-alemão, no êxtase, também o idioma mais puro; a sua narração
era, ora de grande singeleza, ora cheia de elevação e entusiasmo. Tudo que ouvi
e que, nas dadas condições, só raras vezes e apenas em poucas palavras podia
anotar, escrevia eu mais extensamente em casa, imediatamente depois.
O Doador de todos
os bens deu-me a memória, a aplicação e elevação da alma acima dos sofrimentos,
que tornaram possível a obra, como está. O escritor fez tudo que era possível e
pede, nesta convicção, ao benévolo leitor a esmola da oração”. Irmã Ana Catarina deu também a este trabalho plena aprovação.
Quando estava num
profundo êxtase, a 18 de Dezembro de 1819 e Brentano lhe apresentou uma folha,
com as anotações, disse ela:
“Estes são
papéis de letras luminosas. O homem (isto é, o Peregrino) não escreve de si
mesmo; tem para isto a graça de Deus. Nenhum outro pode fazê-lo; é como se ele
mesmo visse”.
As Visões da Irmã Ana Catarina
Emmerich.
Irmã Ana
Catarina viu no êxtase toda a vida e paixão do Divino Salvador e de sua
Santíssima Mãe; viu os trabalhos dos Apóstolos e a propagação da Santa Igreja,
muitos fatos do Velho Testamento, como também eventos futuros. Tocando
em relíquias, geralmente via a vida, as obras e os sofrimentos dos respectivos
Santos. Com certeza reconhecia e determinava as relíquias dos Santos,
distinguindo em geral facilmente objectos sagrados de profanos.
Adversários da
Serva de Deus querem negar-lhe o carácter sobrenatural das informações recebidas
durante o êxtase, alegando que Ana Catarina tirava a maior parte dos
conhecimentos de livros, que antes teria lido. Mas isso não está de conformidade
com o que Peregrino escreveu, em 8 de Maio de 1819.
Ela me disse que
nunca fora capaz de aproveitar coisas de livros e que sempre pensava:
— Ora, tal
livro não há de fazer pecar. Também não pôde guardar na memória coisas da
Escritura Sagrada; mas tem da vida do Senhor a graça de tal intuição, que a
consciência e certeza, que disso tenho, às vezes me fazem tremer, por manter um
trato tão familiar e simples com uma criatura de Deus tão maravilhosa e
privilegiada, como talvez não haja outra”.
Em outra ocasião
ela disse ao Peregrino:
“Nunca tive
lembrança viva de histórias do Antigo Testamento ou dos Evangelhos, pois vi tudo
com os meus próprios olhos, durante a minha vida inteira; o mesmo vejo cada ano
de novo e nas mesmas circunstâncias, ainda que às vezes em outras cenas. Umas
vezes estive naqueles lugares, no meio de espectadores, assistindo aos
acontecimentos, acompanhando-os e mudando de lugar; mas não estive sempre no
mesmo lugar, pois às vezes fui levada para cima da cena, olhando deste modo para
baixo.
Outras
coisas, principalmente os mistérios, vi-os mais com vista interior da alma,
outras em figuras separadas da cena: em todos os casos se me apresentava tudo
transparente, de modo que nenhum corpo cobria o outro, nem havia confusão”.
Com todas estas
grandes graças, Ana Catarina permanecia humilde, simples e singela como uma
criança. Mostrava-se sempre obediente aos pais e às superioras religiosas, como
também ao confessor e director espiritual. Se lhe mandavam tomar remédio,
consentia, apesar de prever-lhe o mau efeito. Mesmo em êxtase, obedecia
imediatamente à chamada do confessor.
Era à
dolorosa Paixão de Nosso Senhor que tinha uma devoção especial e rezava
por isso muitas vezes, enquanto lhe era possível, a Via Sacra erigida ao longo
de um caminho de quase duas léguas, nos arredores de Coesfeld. Nos domingos
fazia essa devoção em companhia de algumas jovens piedosas, nos dias úteis a
fazia muitas vezes de noite.
Clara Soentgen,
sua amiga, conta:
“Muitas
vezes ela se levantava de noite, saindo furtivamente de casa e rezava descalça a
Via Sacra. Se a porta da cidade estava fechada, pulava os altos muros, para
poder ir à Via Sacra; às vezes caía dos muros abaixo, mas nunca se machucava”.
Além dos muitos
padecimentos que sofria com paciência e perseverança, exercitava-se
constantemente nas mortificações voluntárias. Já na infância costumava privar-se
de parte do sono e da comida. Muitas horas da noite passava velando e rezando;
comia e bebia o que os outros recusavam, levando as comidas melhores aos doentes
e pobres, dos quais tinha muita compaixão.
O amor ao próximo
impelia-a a pedir a Deus que, por favor, lhe desse a sofrer as doenças e dores
dos outros ou que a deixasse cumprir os castigos merecidos pelos pecadores. Já o
fizera na infância e fazia-o depois de um modo muito mais intenso.
“A tarefa
principal da sua vida, escreve Clemente Brentano, era sofrer pela Igreja ou por
alguns membros da mesma, cuja necessidade lhe era dada a conhecer em espírito ou
que lhe pediam a intercessão”.
Ana Catarina
aceitava de boa vontade tais sofrimentos e trabalhos. Muitas vezes, porém, se
tornavam estes tão grandes e pesados, que parecia prestes a morrer. Quando um
dia, quase sucumbindo ao peso das dores, pediu ao Senhor que não a deixasse
sofrer mais do que podia suportar, apareceu-lhe o Esposo Celeste e disse:
“Coloquei-te no meu leito nupcial das dores, com as graças dos sofrimentos,
adornada com os tesouros da reconciliação e com as jóias das boas acções. Deves
sofrer. Não te abandono; estás amarrada à videira, não perecerás”.
Também as almas
do purgatório se lhe dirigiam muitas vezes, pedindo-lhe socorro; e ela provava
de boa vontade sua compaixão activa. “Fiz um contrato com meu doce Esposo do
Céu”, conta ela, que cada gota de sangue, cada pulsar do coração, toda a
minha vida e todos os meus actos devem sempre clamar: “Almas queridas do
purgatório, saúdo-vos pelo doce Coração de Jesus”. “Isso faz bem a essas
infelizes e alivia-as, pois são tão pacientes!”
A partida para a pátria Celeste
Depois de muitos
e indizíveis sofrimentos, chegou o dia da sua morte a 9 de Fevereiro de 1824. A
15 de Janeiro desse ano dissera a Serva de Deus:
“Na festa de
Natal o Menino Jesus me trouxe muitos sofrimentos, hoje me deu ainda maiores,
dizendo”:
“Tu me
pertences, és minha esposa: sofre como eu sofri; não perguntes porque, é para a
vida e para a morte”.
Ela jaz de febre,
com dores reumáticas e convulsões, escreve ao Peregrino, mas sempre em
actividade
espiritual, em prol da santa Igreja e dos moribundos. O confessor pensa que ela
em pouco terminará, porque disse no êxtase, com grande serenidade “Não posso
aceitar outro trabalho, já estou próxima do fim”. Ela pronuncia, com voz de
moribunda, só o nome de “Jesus”.
A 27 de Janeiro
recebeu a Extrema-Unção. Aumentaram-lhe as dores; mas repetia de vez em quando:
“Ai, meu
Jesus, mil vezes vos agradeço toda a minha vida; não a minha vontade, mas a
Vossa seja feita”.
Na véspera da
morte rezou:
“Jesus,
para Vós morro; Senhor, dou-Vos graças, não ouço nem enxergo mais”.
Quiseram
mudar-lhe a posição, para aliviá-la, mas Ana Catarina disse:
“Estou
deitada na cruz; deixem-me, em pouco acabarei”.
Recebeu mais uma
vez a sagrada Comunhão, a 9 de Fevereiro. Suspirando pelo Divino Esposo, rezou
diversas vezes:
“Oh!
Senhor, socorrei-me; vinde, meu Jesus”.
O confessor
assistiu à moribunda, dando-lhe muitas vezes o crucifixo para beijar e rezando
preces pelos moribundos. Ela ainda lhe disse:
“Agora
estou tão sossegada; tenho tanta confiança, como se nunca tivesse cometido
pecado”.
Eram justamente 8
horas da noite, quando exclamou três vezes, gemendo:
“Oh!
Senhor, socorrei-me, vinde, oh! Meu Senhor!”
E a alma pura
voou-lhe ao encontro do Esposo Celeste, para permanecer, como esperamos
confiadamente, eternamente unida com Ele, na infinita felicidade do Céu. Com
grande concorrência do povo foi sepultado o corpo da Serva de Deus, no cemitério
de Duelmen, onde jaz ainda.
As autoridades Eclesiásticas.
Na noite de 21 a
22 de Março de 1824 foram abertos o sepulcro e o caixão, em presença do prefeito
da cidade e do delegado de polícia. Viu-se que a decomposição ainda não tinha
começado.
Uma segunda
abertura do sepulcro foi feita, no dia 6 de Outubro de 1858, pela autoridade
eclesiástica.
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