O
Bem-aventurado Amadeu da Silva Menezes,
filho de
D. Rui Gomes da Silva, Alcaide de Campo Maior
e
D. Isabel de Menezes, Condessa de Portalegre,
filha do Conde de Vila Real,
nasceu em 1420. Tinha por irmã Santa Beatriz da Silva Menezes.
Aos
vinte anos, retirou-se para o mosteiro de Guadalupe, na Espanha,
célebre mosteiro onde a Virgem Maria apareceu. Ele não se retirou
para ali, para viver uma vida tranquila, bem pelo contrário: ele
sonhava com façanhas heróicas e perigosas, onde pudesse sofrer o
martírio.
Talvez
por isso mesmo, foi para Granada, grande centro árabe, com o desejo
de converter os muçulmanos ou de morre pela fé. Tudo o que conseguiu
foi ser espancado e deixado como morto. Desde que restabelecido, foi
de novo conduzido ao convento de onde saíra.
Sempre
motivado pelo mesmo desejo, tentou embarcar para a Africa, mas uma
tempestade fê-lo voltar às costas portuguesas.
Mudou
depois de Ordem e entrou no Convento dos Franciscanos, de maneira a
poder partir como missionário para qualquer destino selvagem do
mundo. Mas, ao contrário do que esperava, foi enviado para Assis,
sede geral dos Franciscanos e cidade eminentemente mística. Foi ali
que ele compreendeu que o Senhor o chamava para um caminho diferente
daquele que ele mesmo desejava. Humildemente aceitou os desígnios
divinos e se submeteu a estes com a serenidade que caracteriza os
santos: obedecer agora e sempre!
Por
obediência, foi para Perugia, depois para Brescia e ainda para
Milão. Foi também por obediência que aceitou ser ordenado sacerdote,
celebrando a sua primeira missa quando já contava trinta e nove
anos.
Ainda
por obediência foi para Roma, onde o Papa Xisto IV, também
franciscano, lhe confiou o convento de São Pedro in Montorio e o
escolheu para director espiritual.
Desejoso de converter os mouros, e de obter a graça do martírio,
Amadeu da Silva (ou de Portugal) acabou por ser Director espiritual
do Papa. O que parecia uma ironia da sorte, tornou-se numa lição de
humildade.
Não
faleceu em Roma, mas em Milão, onde se deslocara para visitar o
mosteiro que lhe fora agora confiado.
Deixou
um livro sobre o Apocalipse que não lhe procurou qualquer fama,
enquanto a sua fama de santidade perdura no correr dos séculos.
O
convento de Santa Maria das Graças em Ponticelli in Sabina é
reconhecido como a pérola da Sabina por causa do seu património
artístico, religioso e histórico. Erigido em 1478 graças às
liberalidades do conde de Nérola, Raimundo Orsini, o local escolhido
para esta construção foi o de Ponticelli in Sabina onde o
Bem-aventurado Amadeu da Silva e Meneses tinha por hábito de se
retirar para orar.
O
religioso português tinha encontrado ali uma imagem de Nossa Senhora
que provinha do castelo de Nérola. A imagem tinha sido colocada ali
a quando da renovação das muralhas e do castelo, e ali tinha ficado,
esquecida de todos. Foi diante desta imagem que Amadeu orou para
pedir a cura do filho do Conde Orsini, razão pela qual esta família
prometeu edificar um santuário para nela venerar a dita imagem e
ajudar o Bem-aventurado a propagar a devoção mariana. A imagem, cujo
autor ficou para sempre anónimo, foi chamada Santa Maria das Graças.
Em 1566
o santo Papa Pio V suprimiu a congregação, fruto da perseverança de
Amadeu da Silva, e confiou o convento, a pedido do Cardeal Flávio
Orsini, aos Frades Reformados da Observância Franciscana.
Segundo
informações recolhidas noutras fontes, o verdadeiro nom do
Bem-aventurado, era João da Silva Menezes. Teria adoptado o nome de
Amadeu a quando dos seus votos religiosos.
O
mosteiro albergou hospedes que depois se tornaram célebres, tais
como São Carlos de Sezze, o Beato Boaventura de Barcelona e o
Venerável João Baptista de Borgonha.
Amadeu
(ou João) da Silva Menezes faleceu em Milão em 1482.
Afonso
Rocha |