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Santa Teresinha
nasceu em Alençon, França, em 2 de Janeiro de 1873, mudou-se em 1877 para
Lisieux, entrou no Carmelo local em 9 de Abril de 1888 e faleceu em 30 de
Setembro de 1897.
Foi
canonizada em 1925, no ano em que a nossa Beata acamou.
Há na Póvoa de
Varzim dois factos relativos a Santa Teresinha que convém registar. O primeiro é
que foi Maria Paz Varzim quem ali introduziu a devoção a esta jovem santa; o
segundo é que o grande Colégio do Sagrado Coração de Jesus, construído num
momento bem difícil para a economia portuguesa e mesmo mundial (de fins da
década de vinte a perto do final da década de trinta do século passado) foi
edificado sob a protecção dela. A Madre Sá, que foi quem pôs em marcha as obras,
entregou-as à protecção de Santa Teresinha, com completo êxito.
É provável que em
Balasar a devoção a esta recente Doutora da Igreja algo deva à influência da
sede do concelho.
A sua memória
litúrgica é a 1 de Outubro, mas noutros tempos era a 3.
Veja-se agora este
fragmento do colóquio da Alexandrina do dia de 13 de Outubro de 1947:
“Veio Santa
Teresinha, vestida de luz, com um diadema formosíssimo. Como ela era linda e
bondosa!
Abraçou-me,
beijou-me muito e num abraço prolongado disse-me:
— Minha irmã, esposa
do Meu Esposo e filha do Meu Senhor, tem coragem!
Que
grande glória te espera no Céu! Que formosa coroa formada do teu martírio!
Sofre com alegria,
conta com a minha protecção aqui na terra e virei ao teu encontro na passagem
para a eternidade.
- Santa Teresinha,
minha querida Santa Teresinha, confio em ti, conto com a tua protecção, ama por
mim a Jesus e à Mãezinha e a toda a Santíssima Trindade.
Apresenta-Lhes todos
os meus pedidos e alcança para todos os que me são queridos e toda a minha
família as bênçãos e graças do Céu.
Lembra-te de todos
os que se me recomendam, lembra-te do mundo inteiro.
Com a promessa de
sim, de nada esquecer, desapareceu”.
O texto é
esclarecedor: Santa Teresinha começa por chamar-lhe «irmã» e só depois vem tudo
o resto, que é muito: «virei ao teu encontro na passagem para a eternidade».
Foi no dia de Santa
Teresinha que a Alexandrina reviveu pela primeira vez a Paixão. E a repetição do
facto, bem o sabemos, foi determinante para se chegar à consagração do Mundo ao
Imaculado Coração de Maria, o que deveria deixar encantada a Teresinha.
Em
No Calvário de Balasar,
o Pe. Pinho refere-se assim àquele dia 3 de Outubro de 1938:
“No dia seguinte, 3
de Outubro, dia de Santa Teresinha, depois da Comunhão, após grandes aflições
místicas em que se viu com Cristo no Horto, repete-se-lhe o convite:
— Aceitas, minha
filha, um calvário que Eu só dou às minhas esposas mais predilectas?
E, ouvido de novo o
sim generoso, anuncia-lhe então Jesus, como na véspera, que depois das 12 horas
começará a sua paixão do Horto ao Gólgota e terminará às 3 da tarde. Depois
ficará Ele com ela em colóquio a desabafar as suas mágoas, até às 6 da tarde.
Na verdade, tudo se
realizou assim e os presentes vimos desenrolar-se o drama da Paixão do mais ao
vivo que era possível: Horto... prisão... tribunais... flagelação... caminho do
Calvário... Crucifixão... Morte”.
Grande è a analogia
entre as espiritualidades destes duas almas excelsas. Santa Teresinha quis ser o
amor («Serei o amor») na Igreja. Este mote deveria ser o programa de todo o
verdadeiro cristão, pois Cristo é exactamente o Amor encarnado e deixou-nos a
ordem de amar como Ele mesmo amou! A nossa Alexandrina viveu cada momento da sua
sofrida vida só por amor.
“Só por amor me
deixei ferir,
Só por amor meu
coração sangra,
Só por Ti, Jesus, a
dor tem doçura,
Só na cruz contigo
se me alegra a alma”. (Pensamentos
soltos,
1-3-49).
Vejamos alguns
pontos comuns às duas espiritualidades.
1. Amor a Jesus
Para as duas, Jesus
é o Único, o Tudo.
O grande amor leva à
ânsia de se unir ao Amado, e daqui o desejo de morrer para O alcançar na morada
eterna. A Alexandrina exprime assim essa ânsia:
“Ó minha morte, ó
minha verdadeira vida, quando chegarás tu?
Vem depressa, vem
depressa! Dá-me Jesus!”
Morrer de amor!
Santa Teresinha,
depois duma Comunhão, exclama:
“Queria que a tua
bondade, depois de tal dom, me concedesse a graça de morrer de Amor”.
Em várias páginas
dos escritos da Alexandrina se encontra esta aspiração a morrer de amor. Por
exemplo, depois dos exames médicos que muitíssimo a fizeram sofrer no corpo e na
alma, dirige-se à Mãezinha:
“Mãezinha, estou
pronta para mais sacrifício e para mais amor.
Dizei isto por mim a
Jesus. Fazei que eu sofra, fazei que eu ame: quero morrer de amor”. C (2-5-41)
Jesus, quando sara o
dia em que da morte passarei à Vida? Ó Jesus, não to peço, não quero faltar ao
que prometi (seguir cegamente a
vontade de Deus).
Dai-mo quando Vos
aprouver. Mas dai-me já agora amor, amor, um amor que me queime e me faça morrer
de amor" S (9.11.44)
Pouco mais de um mês
adiante promete-lhe Jesus que assim será:
“É num êxtase de
amor saído por entre a dor que voarás ao Céu”. S (29-12-44)
E quatro anos depois
há-de confirmar:
“Minha filha, não é
a dor a dar-te a morte: será o amor que ta dará; serás consumida por ele; será o
amor que te dará o Céu, a tua pátria no termo deste exílio”. S (4-6-48)
Naturalmente outros
santos tiveram a mesma aspiração. Recordemos S. Paulo:
"
Desejo ser libertado do corpo para estar com Cristo." Fil, 1,23)
A Beata Ângela de
Foligno: “Eu gritava por querer morrer e experimentava grande dor porque não
morria e ficava... (vd. Bernardo Commodi,
Un tuffo nell’infinito,
pág. 81)
S. João da Cruz tem
a sua famosa invocação na "Chama de amor viva": "rompe, se queres, a tela ao
doce encontro!"
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No artigo
precedente, fizemos o enquadramento histórico da devoção a Santa Teresinha do
Menino Jesus no concelho da Póvoa de Varzim e vimos como o amor a Jesus era
(naturalmente) comum à Santa de Lisieux e à Beata de Balasar. Hoje falaremos
delas como almas-vítimas e referiremos também o anseio missionário que as
animava.
2 – Almas-vítimas
Consideremos
agora este ponto: o oferecer-se como vítima. Quem ama verdadeiramente Jesus não
pode deixar de amar também a humanidade, por Ele amada a ponto de enfrentar a
Paixão para a redimir! Mas a pobre humanidade está em tais condições que tornam
necessária uma continuação da redenção. Daqui a presença de almas-vítimas que se
oferecem à imitação da Vítima divina. Recordemos que já S. Paulo escreve:
"Completo na minha carne o que falta à Paixão de Cristo”. Ao longo da história,
muitas outras almas se ofereceram, e hoje também se oferecem.
Santa Teresinha do
Menino Jesus oferece-se vítima de holocausto na festa da Santíssima Trindade, em
Junho de 1895.
Para a Alexandrina
não existe uma data precisa em que se possa localizar a sua oferta como vítima.
Aconteceu pouco a pouco a maturação da sua missão (como certamente com Santa
Teresinha), mas tal maturação não se conclui com um acto oficial, dada a sua
condição de reclusa.
Vejamos em resenha
alguns passos que a levam a oferecer-se totalmente para continuar a redenção.
Depois do famoso
"salto" para conservar a sua pureza, a falência das tentativas médicas leva-a à
paralisia total.
Em 14 de Abril de
1925 recolhe ao leito para sempre (mais de 30 anos!) O isolamento favorece o
desprendimento das coisas terrenas e une-a sempre mais ao seu Jesus, em quem ama
sobretudo a Vítima que padece pela redenção.
O amor sempre mais
intenso leva-a à imitação, e daí a imolação:
“Sem saber como,
ofereci-me como vítima”.
Neste período, nas
orações da manhã repete:
"Ó meu Jesus, eu me
uno em espírito, neste momento e desde este momento para sempre, a todas as
Santas Missas que de dia e de noite se celebram na Terra.
Jesus, imolai-me
convosco a cada momento no altar do sacrifício; oferecei-me convosco ao Eterno
Pai pelas mesmas intenções por que Vós mesmo Vos ofereceis''.
O amor depois
explode no admirável e conhecido cântico de oferta aos sacrários.
Em Setembro de 1934
está pronta para aceitar a proposta de Jesus que lhe pede para reviver momentos
da Paixão. Pensa num aumento dos seus sofrimentos, mas de modo nenhum em
fenómenos místicos! Mas durante quatro anos Jesus prepara-a para o fenómeno
místico, que começará em 3 Outubro de 1938, dia em que então se celebrava a
festa litúrgica de Santa Teresinha, como já foi dito.
Em 14 de Outubro de
1934 escreve com o seu sangue o juramento de amor incondicionado, com a sugestão
do martírio:
“Seja tal o meu amor
que morra abraçada à cruz!”
A oferta de vítima é
motivada pelo amor à humanidade, que transparece em muitíssimos dos seus
escritos: cartas ao director P.e Pinho (que identificaremos por C) e o diário
Sentimentos da Alma (que indicaremos com S).
Eis algumas
citações:
“Sentia
fortes ânsias de me dissolver no fogo divino, e naquele amor mergulhar os
corações e as almas”. S (23-9-44)
“Queria percorrer o
mundo para enxugar todas as lágrimas, consolar todos os aflitos, vestir todos os
nus, saciar todos os famintos.
Queria difundir na
humanidade inteira, nos corpos e nas almas, a caridade de Cristo.
Ó santa caridade do
meu Senhor, como tu és bela!” S (12-11-48)
Não se preocupa só
com os corpos, mas sobretudo com almas, e com um empenho obsessivo: entrega-se a
salvá-las com o seu martírio de cada momento. Da sua oferta de vítima por elas
nunca se arrependerá.
“Uma força
irresistível obriga-me a seguir Jesus, a entregar-me a Ele para que opere no meu
corpo de modo que me torne instrumento de salvação para as almas. É esta a minha
sede, esta a minha fome”. S (6-12-45)
Recordemo-nos que
desde há 4 anos vive em jejum total de sólidos e de líquidos e que Jesus lhe
tinha dito cerca de 6 meses atrás que a sua fome
(da Alexandrina)
é sinal da fome de
almas que Ele próprio sofre: "Não sabes que Eu sofro esta fome e esta sede dia e
noite? " S (28-6-46)
3 – Missionárias
A
Teresinha e a Alexandrina tornam-se missionárias, que percorrem o mundo
sem sair dos seus cárceres. Santa Teresinha foi proclamada por Pio XI Padroeira
universal das missões, juntamente com S. Francisco Xavier, em 14 de Dezembro de
1927.
Também a nossa
Alexandrina aspirava a ser missionária:
“Queria ser
missionária (ainda tinha
esperança de se curar)
para baptizar pretinhos e salvar almas a Jesus”.
E aquele anseio
mantém-se: no diário de 1946 lê-se:
“Mas eu tenho uma
fome mais forte que me faz violência: queria levar a luz do Evangelho, o amor de
Jesus até aos confins do mundo”. S (6-12-46)
E conseguirá! Será
missionária até aos confins do mundo sem sair do seu quartinho! De facto, já em
1979, graças ao salesiano P.e Liviabella, saíram em língua japonesa fragmentos
dos seus escritos que formam o livro do P.e Humberto Pasquale com o título
A Paixão de Jesus em Alexandrina,
e outros que formam uma bela "Via Sacra", ambos em língua japonesa.
Missionária pois
como a Santa de Lisieux!
Conclusão
Com o presente
número terminam esta exposição sobre as analogias entre as espiritualidades de
Santa Teresinha do Menino Jesus e a Beata Alexandrina. Vão ser consideradas
agora os traços comuns da conformidade com a vontade de Deus e as suas promessas
de intercederem em favor da humanidade.
4 – Conformidade com
a vontade de Deus
Um
outro ponto comum às duas espiritualidades é a completa conformidade com a
vontade de Deus.
Ambas se sentem
"pequenas", daquela pequenez tão amada por Jesus, e se abandonam confiadamente
entre os braços do Salvador.
Santa Teresinha
considera-se uma bolinha do Menino Jesus e sujeita-se a todos os
“caprichos” de Deus. Alexandrina diz:
"Ó meu Jesus, ó meu
Jesus, neste Calvário encontrastes a alma mais pobrezinha, mais cheia de
misérias, mas também cheia de querer cumprir a Vossa Santíssima Vontade com toda
a perfeição, cheia, cheíssima de ânsias de Vos amar e de Vos dar a todas as
almas. Sou pobrezinha, enriquecei-me, Jesus.
Fazei de mim o que
Vos aprouver".
S (19-9-52)
“Fito os olhos no
crucifixo, no Coração Divino de Jesus, e em espírito no Céu Lhe digo:
Estou aqui, Jesus,
para fazer a Vossa Divina vontade. Fazei-a Vós em mim e por mim. Brincai,
manejai com este inútil instrumento, como Vos aprouver. A alma chora, o coração
sangra. O meu Calvário chega da terra ao Céu. Mas quero, quero a dor, as
humilhações, os desprezos e tudo o mais, meu Jesus, tudo o mais, todos os
espinhos que me cravam, tudo quanto me leva à agonia e à morte. Quero, porque
Vós o quereis; quero, porque amo as almas, que são Vossas; quero, porque Vos amo
sem sentir o Vosso amor (isto faz
parte do martírio da alma-vítima).
Creio, creio,
espero e confio”. S
(5-9-52)
É aquele amor a
Jesus que leva a uma total e incondicional conformidade com o seu Amado, que
suscita ânsias de se anular nele, de se doar a ponto de renunciar inteiramente a
si mesma, até à própria vontade:
“Deixai, meu Jesus,
que eu me torne louca de amor por Vós e fazei que em tudo morra a minha vontade,
o meu querer, o meu eu, para que vivais apenas Vós Tu, meu Jesus!” S (16/8/46)
“O meu pobre coração
está retalhado. Não cessam de o pisar e na mesma chaga continuamente ferir
(o afastamento do P.e Pinho).
Não importa, só importa o vosso Amor: esse basta-me (…). Inclino a cabeça para
receber de vós o cutelo de toda a dor e sacrifício. E no íntimo do meu coração
vou dizendo sempre:
Faça-se, Jesus,
faça-se como quereis. (...) Ó Jesus, ó Jesus, compadecei-vos de mim, olhai a
minha alma como a avezinha perdida, a perder a vida ao desamparo”. S (13-3-42)
“Quereis
assemelhar-me a vós? Obrigada, meu Jesus. Submeto-me ao peso da vossa Cruz.
Sinto arrancarem-me o coração, sinto que vou morrer esmagada, mas quero
balbuciar sempre: Ó como é doce morrer por amor! Ó como é doce cumprir a vontade
do Senhor!” S (20-3- 42)
“A tempestade não
cessa. Ouço o zunir dos ventos furiosos e destruidores. Ouço o eco do trovão que
tudo faz tremer.
Deixai-me ó Jesus,
ou antes permiti que eu fite para sempre o meu olhar nos vossos divinos olhares
para nunca mais de Vós os retirar, para ver todo
o
martírio como vindo de Vós, e nada temer, ser forte convosco. Temer só o pecado
e ter sempre diante de mim a minha miséria”. S (13-5-43)
Sente-se como que
banhada em rios de sangue.
"Que é isto, meu
Jesus? Não o sei: é dor para mim. O resto, basta que Vós o saibais". S
(16-10-44)
“Sinto não ter
ninguém, mesmo ninguém a aliviar-me (...) Eu vou sofrendo e desabafando só com
Jesus. É a sua vontade divina que quer assim: eu aceito de alma alegre. (...)
Como eu nada num mar de trevas e de ansiedades! (...)
Ó vontade do meu
Jesus, eu quero-te! Ó minha cruz, eu abraço-te para que tu sejas o meu único
apoio”. S
(6-2-48)
“Sinto que sou
falada e por tantos com desdém e até com rancor. (...)
Mio Jesus, tudo por
vosso amor! Que eu seja calcada, extremamente desprezada, para serdes Vós
glorificado, amado e louvado (...)
Com todo o amor
estreitei tudo ao mio coração, mas a minha pobre natureza não pôde resistir a
tanta dor: as lágrimas deslizaram-me pelas faces, as quais aumentaram ainda mais
a minha dor por me lembrar que o meu Jesus se entristeceu com elas.
"Meu Deus, Meu Deus,
meu Jesus, as minhas lágrimas não são de desespero: são de amor, são lágrimas de
resignação. Conformo-me com a vossa vontade divina. (...)
Quero, Jesus, e amo
tudo quanto Vos aprouver enviar-me".
S (27-3-45)
"Não olheis, Senhor,
nem as minhas lágrimas nem à minha fraqueza. Olhai o meu coração pronto a
acertar tudo o que seja dor, tudo o que seja martírio. (...) Curvo-me, meu
Jesus, curvo-me à vossa divina mão benfazeja. Bendigo o vosso santo nome,
bendigo o vosso santo nome, bendigo o vosso santo nome
(a repetição está assim no texto)
e estreito ao meu coração a vossa cruz, tudo quanto me dais".
S (19-10-51)
"Quero o que Vós
quereis, aceito o que me dais.
Custa-me muito viver
sem alimentação: que saudades, Jesus, que saudades!
Me custa muito,
muito o mau juízo dos homens! Mas abro os braços: aceito a vossa divina vontade,
custe o que custar, meu Jesus. Abraço tudo e estreito-me a Vós com a minha cruz
junto ao meu peito, ao meu coração.” S (27-3-53)
É claro que a
conformidade com a vontade de Deus não suprime os próprios desejos, mas
sacrifica-os.
"Ai o Céu, meu
Jesus, que nunca chega. Faça-se a Vossa vontade divina. Sou a Vossa vítima,
vítima até dos meus desejos. Farei, Jesus, que eu morra para mim e para todos,
viva só para Voa e para as almas!" S (18-4-47)
É comovente como
pede perdão para ter expressado os seus desejos!
"Queria ter todos os
olhos do mundo para chorar lágrimas de arrependimento para ter ofendido o meu
Senhor. Que miséria, a minha! (...)
Queria dor e queria
amor que não pudessem ser contidos na terra nem no céu: o amor para amar Jesus e
a dor para fazer reparação.
Perdoai-me, Senhor,
perdoai-me, Jesus! Esqueci-me que não tenho nem querer nem vontade: esqueci-me
de que quero só o que Vós quereis, o que à tua infinita bondade e misericórdia
aprouver enviar-me.
Ó Jesus, ó Jesus,
são para Vós, só para Vós os meus desabafos”. (…) S (19-3-48)
“Acima de tudo,
sempre a vontade de Deus. Devo manter-me em silêncio escondendo no meu peito
todos os sofrimentos, abafando no coração e na alma todas as angústias, todos os
suspiros.
É Jesus a querer que
eu sofra: devo sujeitar-me, quero sujeitar-me à sua divina vontade.
A vontade do meu
Senhor, eu a amo mais que todas as criaturas e mais que tudo o que o mundo
contém”. S (22-10-48)
5 – Promessas de
intercessão
Ambas continuam, do
céu, a interceder a favor dos que ficaram na terra.
A total
disponibilidade à vontade de Deus merece um grande poder de mediação do céu,
para ambas estas duas almas excelsas.
Santa Teresa de
Lisieux não negou nada a Jesus, por isso confia que Jesus não lhe negará nada
quando estiver no Céu:
"No Céu o bom Deus
fará todas as minhas vontade, pois na terra eu nunca fiz a minha” (Obras
Completas - Caderno Amarelo,
13 de Julho de l897).
A nossa Alexandrina,
no ano da sua morte, ouve Jesus dizer-lhe:
"Coragem, minha
filha! A tua missão na terra depressa vai terminar. Confia! É Jesus a
afirmar-te.
Mas, oh, no Céu tu
vais mostrar aos homens, àqueles que não quiseram a minha luz, quanto foste
poderosa na terra.
Confia, minha esposa!
Hei-de no céu
negar-te tantas coisas como na terra Me negaste a Mim: nunca tiveste para Jesus
um ‘não’; foste sempre heróica no teu sofrimento. O teu ‘sim’ para Jesus esteve
sempre pronto. Também Jesus está pronto para no Céu te dizer: — Manda para a
terra todas as bênçãos e graças, minha esposa amada, concede às almas tudo
quanto te pedirem em meu nome, no nome de minha Mãe bendita, em nome do teu
martírio". S (25-2-55)
José Ferreira
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