Irmão
Alberto, também conhecido como Adão Chmielowski, nasceu em Igolomia,
perto de Cracóvia (Polónia), em 20 de Agosto de 1845. Era o mais
velho dos quatro filhos de Adalberto e Josefa Borzystawska,
descendente de uma família nobre. Adão passou a infância em
Varsóvia. Desde os primeiros anos era muito caridoso com os pobres e
compartilhou com eles o que seus pais lhe permitiam.
Enviado
para São Petersburgo, para a escola de cadetes, um ano após sua mãe
fê-lo voltar ao seio da família, em causa a influência que tinha
sobre a criança a educação russa, e enviou-o a frequentar a escola,
em Varsóvia. Quando se tornou órfão, foi entregue aos cuidados de
sua tia paterna Petronela.
Em
1863, uma revolta eclodiu na Polónia contra a opressão tzarista.
Adão, então estudante no Instituto de Agricultura, em Pulawy,
juntou-se com entusias-mo e, durante uma luta, a 30 de Setembro de
1863, em Melchow, ficou gravemente ferido, foi preso, e em seguida
amputado, sem anestesia, da perna es-querda, mostrando um coragem
excepcional.
Graças
à intervenção de parentes, evadiu-se da prisão e foi forçado a
deixar a sua terra natal. Foi para Paris para ali estudar a pintura.
Mais tarde foi a Gent, na Bélgica, onde cursou a faculdade de
en-genharia, retomando mais tarde os seus estudos de pintura na
Academia de Belas Artes de Mónaco.
Em
qualquer destes ambientes ressurgiu a sua per-sonalidade cristã,
que, traduzida na vida profissional e em seus compromissos
coerentes, influenciava aqueles que o rodeavam.
Em
1874, Chmielowski voltou para o seu país. À pro-cura de um novo
ideal de vida, coloca a questão: “Ao servir a arte também se pode
servir a Deus?” À sua produção artística, que incluía temas
principalmente seculares, incluiu, desde então, a pintura sagrada.
Uma de suas melhores pinturas religiosas, l’“Ecce Homo”, foi o
resultado de uma experiência profunda do amor misericordioso de
Cristo ao homem e levou Chmielowski a uma metamorfose espiritual.
Convencido de que para servir a Deus “devem ser dedicados a ele,
a arte e o talento”. Em 1880, entrou na Companhia de Jesus como
irmão leigo. Depois de seis meses, ele teve que deixar o noviciado
por causa de problemas de saúde.
Além de
uma profunda crise espiritual, ele começou uma nova vida,
inteiramente dedicada a Deus e ao próximo. Ao viver com parentes em
Podolia (parte da Polónia submetida à Rússia), conheceu a Ordem
Terceira de São Francis e começou a visitar as paróquias da região,
onde restaurava as pinturas das igrejas e os seus serviços começaram
a ser conhecidos e apreciados por muitos e, a sua fama se foi
espalhando entre a população rural. Forçado a deixar Podolia, foi
para Cracóvia, onde ele foi albergado pelos Padres Capuchinhos. Ali
continuou o seu trabalho como pintor e se dedicou a cuidar dos
pobres, ao mesmo tempo, atribuindo-lhes o produto de suas pinturas.
Tendo
conhecimento da situação dos pobres, amontoados nos chamados locais
de aquecimento ou dormitórios públicos em Cracóvia, Adão decidiu
socorrê-los.
Pelo
amor de Deus e do próximo, Chmielowski entregou o sucesso da arte, o
bem-estar material, a círculos aristocráticos e decidiu viver entre
os pobres, para aliviá-los da miséria moral e material. Em suas
dignidades pisoteadas descobriu o rosto de Cristo ultrajado e queria
renová-los.
Em 25
de agosto de 1887 quando vestiu o hábito cinzento, tomou o nome de
Frei Alberto e, um ano depois, com o consentimento do Cardeal
Dunajewski, fez os votos de terciário franciscano, dando início à
Congregação dos Irmãos da Ordem Terceira de São Francis, Servos dos
Pobres (1888), que teve o cuidado de criar um dormitório para
meninos. Pouco depois o irmão Alberto dedicou-se ao público feminino
e criou o dormitório das mulheres: destas saiu o ramo feminino da
Congregação (1891), que ele confiou à Serva de Deus Irmã Bernardyna
Jabkonska.
Por
intermédio das suas congregações Alberto dedicou-se, com total
disponibilidade, ao serviço dos pobres, dos despossuídos, dos
abandonados, dos marginalizados e dos vagabundos. Para eles
organizava abrigos, como casas de assistência material e moral, onde
o trabalho voluntário de todos lhes permitia ganharem o necessário
para o próprio sustento.
Apesar
da deficiência, na perna – protética rudimentar –, ele viajou muito
para construir novas creches em outras cidades na Polónia e para
visitar as casas religiosas. Estas casas estavam abertas a todos,
independentemente da nacionalidade ou religião. Além de jardins da
infância, creches e orfanatos também fundou para crianças e jovens,
lares de idosos e incuráveis e cozinhas para o povo. Ele enviou
irmãs trabalhar em hospitais militares e enfermeiras durante a
Primeira Guerra Mundial.
No
decorrer de sua vida abriram cerca de 21 casas religiosas, nas quais
prestaram o seu trabalho 40 monges e 120 freiras.
Com o
exemplo da sua vida, ele ensinou que “devemos ser tão bons como o
pão ... que todos podem tomar para satisfazer sua fome.” Em tudo
seguiu o exemplo de São Francisco de Assis. Sempre confiou a sua
missão à Providência divina. Tomava forças na oração, na Eucaristia
e na meditação do mistério da Cruz.
Minado
por um câncer de estômago, morreu em Cracóvia no dia de Natal de
1916, no abrigo para os pobres. Antes de morrer, apontando para a
imagem de Nossa Senhora de Czestochowa, disse aos irmãos e irmãs:
“Esta Senhora é a vossa Fundadora, lembrai-vos disso”. E ainda:
“Em primeiro lugar observai a pobreza”.
Junto
das pessoas que ele tinha aproximado e conhecido, deixou um
testemunho maravilhoso de fé e de caridade.
Em
Cracóvia, na Polónia, é conhecido como o Pai dos pobres, e por sua
pobreza evangélica, é chamado o “São Francisco polaco do século
XX”.
O irmão
Alberto deixou um rastro eficaz na história da Igreja. Ele não só
agiu no caminho direito do Evangelho sobre a misericórdia de Cristo,
aceitando-a, mas acima de tudo introduziu-a na sua própria vida
religiosa.
Hoje,
os irmãos Albertinos e as irmãs Albertinas realizam o carisma do
Fundador prestando os seus serviços na Polónia. As irmãs se
espalharam pela Itália, pelos EUA e na América Latina.
Em 22
de Junho de 1983 o Papa João Paulo II beatificou Frei Alberto em
Cracóvia, durante sua segunda viagem apostólica à Polónia.
Foi
proclamado Santo em 12 de Novembro de 1989, em Roma, pelo mesmo
soberano Pontífice, seu compatriota. A Igreja considera-o como um
modelo para o nosso tempo, uma testemunha do amor de Deus, que se
manifesta no amor cristão ao próximo, no espírito da bondade
evangélica.
Tradução e adaptação: Afonso Rocha |