PONTOS DE REFLEXÃO
1ª-Leitura. Is.
61,1-2ª.10-11
Nesta leitura o
profeta apresenta-se como que cheio do Espírito Santo. O efeito da presença do
Espírito Santo manifesta-se com dois verbos: “ungiu” e “enviou”. O primeiro
verbo revela-nos a sua consagração a Deus, isto é, o profeta pertence a Deus e
está ao seu serviço. O segundo verbo significa que ele , porque foi enviado,
pertence ao povo; o profeta é um enviado ao povo com uma missão que está
definida muito detalhadamente.
O verbo: enviou
introduz sete finalidades (a leitura de hoje menciona só algumas), das quais a
primeira é um breve resumo: “para levar a boa nova aos pobres, a proclamar a
redenção aos cativos e a liberdade aos prisioneiros, a promulgar o ano da graça
do Senhor”…O profeta deve anunciar que Deus não se esqueceu deles, mas que cuida
deles. Trata-se sobretudo de anunciar “o ano da graça do Senhor”, isto é,
anunciar a alegria que Deus experimenta ao preocupar-se e cuidar do seu povo.
Na segunda parte da
leitura o “eu” do profeta se exalta para abraçar a toda a comunidade.. Esta
alegra-se pela missão que foi confiada ao enviado de Deus, a qual levará a
comunidade de Israel a sentir-se amada por Deus como uma esposa.
2ª Leitura. 1 Tes.
5,16-24
Para ensinar os seus
cristãos a viverem como “filhos da luz” que esperam a vinda do Senhor Jesus,
Paulo expõe em primeiro lugar certa doutrina de fundo passando de imediato para
alguns conselhos para a vida comunitária.
As exortações de
fundo são: à alegria, à oração, à acção de graças, resumidas todas no
cumprimento da “vontade de Deus”, já que estas atitudes constituem uma tríade
conatural ao cristão que procura a vontade de Deus: “sempre, incessantemente, em
todo o lugar”.
Somos exortados a
orar incessantemente. Isto nos parece quase impossível num mundo de correrias :
mas não podemos separar a oração do trabalho. Durante o trabalho, o descanso, em
todas as situações e circunstâncias temos que pensar Naquele que dizemos amar:
Cristo Senhor.
Evangelho. Jo.
1,6-8.19-28
Este trecho
indica-nos que João Baptista desenvolve a sua actividade em Betânea na margem do
rio Jordão. O significado do próprio nome do lugar –“casa do testemunho”- pode
ter valor simbólico, porque indica exactamente o que deve chegar a ser toda a
comunidade: uma verdadeira casa de testemunho.
A uma comitiva
enviada de Jerusalém para verificar a identidade de João, este remete para
Jesus: “ele não é a luz , mas testemunho da luz”; eu não sou o Messias, “sou sou
a voz do que clama no deserto”. O Baptista, segundo o evangelho de João, não é
um pregador nem um asceta mas o modelo por excelência de “testemunho”: na casa
da comunidade cristã o que deve distinguir os seus membros é precisamente o
testemunho. Ninguém deve dizer “eu sou” mas, como João, remeter tudo para a
pessoa de Jesus Cristo. Cada um pode e deve ser para o “outro” sinal de Jesus
Cristo. Cada cristão é um sinal e um sinal útil e necessário, mas precisamente
por ser sinal não é válido por si mesmo nem definitivo.
O Evangelho de João
indica que ao largo da história realiza-se um processo no centro do qual está
Jesus Cristo – a Verdade de Deus – e durante o qual a comunidade dos crentes é
constantemente chamada a estar, como testemunha, da parte de Jesus, da parte de
Deus, desse rosto de Deus que Jesus nos dá a conhecer.
Para sermos
testemunhos de Cristo temos que em primeiro lugar ser ouvintes do mesmo Cristo:
ninguém pode falar do que não conhece e não ama.
P. José Granja,
Reitor da Basílica dos Congregados, Braga. |