SITE DOS AMIGOS DA ALEXANDRINA - SITE DES AMIS D'ALEXANDRINA - ALEXNDRINA'S FRIENDS WEBSITE

     

III DOMINGO DO ADVENTO
— A —

Leitura do Livro de Isaías   35, 1-6a.10

Alegrem-se o deserto e o descampado, rejubile e floresça a terra árida, cubra-se de flores como o narciso, exulte com brados de alegria. Ser-lhe-á dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e do Sáron.

Verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus. Fortalecei as mãos fatigadas e robustecei os joelhos vacilantes. Dizei aos corações perturbados :

« Tende coragem, não temais : Aí está o vosso Deus, vem para fazer justiça e dar a recompensa. Ele próprio vem salvar-vos ».

Então se abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos. Então o coxo saltará como um veado e a língua do mudo cantará de alegria.

Voltarão os que o Senhor libertar, hão-de chegar a Sião com brados de alegria, com eterna felicidade a iluminar-lhes o rosto.

Reinarão o prazer e o contentamento e acabarão a dor e os gemidos.

 

SALMO  145 (146), 7.8-9a.9bc-10

O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.

O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.

O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.

O Senhor reina eternamente.
o teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações.

 

Leitura da Epístola de São Tiago   5, 7-10

Irmãos :

Esperai com paciência a vinda do Senhor.

Vede como o agricultor espera pacientemente o precioso fruto da terra, aguardando a chuva temporã e a tardia.

Sede pacientes, vós também, e fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima.

Não vos queixeis uns dos outros, a fim de não serdes julgados.

Eis que o Juiz está à porta. Irmãos, tomai como modelos de sofrimento e de paciência os profetas, que falaram em nome do Senhor.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São Mateus   11, 2-11

Naquele tempo,

João Baptista ouviu falar, na prisão, das obras de Cristo e mandou-Lhe dizer pelos discípulos :

« És Tu Aquele que há-de vir ou devemos esperar outro? »

Jesus respondeu-lhes :

« Ide contar a João o que vedes e ouvis : os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo ».

Quando os mensageiros partiram, Jesus começou a falar de João às multidões :

« Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis.

Que fostes ver então? Um profeta? Sim ― Eu vo-lo digo ― e mais que profeta. É dele que está escrito : ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o ca-minho’.

Em verdade vos digo : Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele ».

 

PONTOS DE REFLEXÃO

PRIMEIRA LEITURA - Is 35,1-6.8.10

O tom solene de anúncio, que dá unidade e significado aos primeiros dez versículos do capítulo 35 de Isaías, confere ao olhar do profeta sobre o futuro um carácter de algo iminente. De resto, os ritmos do tempo de Deus não são medidos pelos relógios dos homens: «Olhai para o vosso Deus... vem para vos salvar.» (v. 41) O futuro já começou, embora a experiência da presença divina seja para o homem lenta e progressiva. O deserto, transfigurado num jardim, serve de cenário ao regres­so a Deus para todos os que provêm de experiências de deso­rientação e de desconfiança.

A libertação mais completa do homem chama-se «salva­ção», e não tem o homem por autor, mas Deus! Todas as outras formas de auto-libertação humana - social, reli-giosa, intimista - são demasiado condicionadas pelos limites da criatura e por amar-gas desilusões.

O nosso oráculo de confiança não nos isenta de procurar, não desencoraja as iniciativas humanas, seja qual for a distância de onde começam, mas convida a contar sobretudo com Deus. No capítulo 6 do mesmo livro de Isaías denunciavam-se olhos fechados e ouvidos surdos à voz de Deus. Finalmente, a cura que salva será dada pelo Senhor a todos os que restituírem a Ele a iniciativa e acolherem o Seu dom. Esta obra de salvação já foi inaugurada em Jesus (Mt 11,2-11).

SEGUNDA LEITURA - Tg  5,7-10

Da longa série de exortações à autêntica espiritualidade evangélica, recolhida na Carta de Tiago, a que está contida no texto de hoje é a penúltima (seguida de um original e denso apelo à oração: Tg 5,13-18). O autor convida os cristãos a uma espera fiel e perseverante do Senhor, segundo o modelo de espera dos profetas.

A «vinda» do Senhor é traduzida no texto de hoje com uma palavra grega (parusia) que literalmente exprime «presença» (w. 7 e 8). E este significado é confirmado também pela frase conclusiva: «Eis que o Juiz está à porta.» (v. 9) Portanto, não vi­vamos com a ideia de quem se julga órfão e no exílio. Volvamos o olhar da fé para a presença do Senhor. Certamente, é mais fá­cil vê-l'O em Belém, do que caminhando para Jerusalém, não tanto em ambientes e «culturas» de abundância, autonomia e grandeza presumida, mas voltado para os pequenos e para os simples (onde existem novos esfomeados, estrangeiros, encarcerados, doentes), como os próprios profetas nos ensinaram.

Não se pode evitar depois o outro tema espiritual do tex­to de hoje: «Sede pacientes» (w. 7-8), como o agricultor que espera «pacientemente» (v. 7), como os profetas, autênticos modelos de «paciência» (v. 10). O vocábulo utilizado não diz somente «suportação» (como em Tg 1,2-12), mas também «ânimo grande e forte» (em grego temos o verbo makrothy-meo)y plena confiança num Deus ao qual se adere sem receio. É isto precisamente o que exige o facto de irmos de novo em direcção ao Natal e encontrarmos ou descobrirmos o Senhor em Belém.

EVANGELHO - Mt 11,2-11

É a segunda vez nestes domingos do Advento que João Baptista nos guia à procura e ao reconhecimento de Jesus, d'« Aquele que há-de vir» (v. 3) e que a Humanidade espera, exprimindo de várias maneiras a sua esperança. Por seu lado, Jesus faz um grande elogio à personalidade profética do precursor: «De todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Baptista.» (v. 11b) Isto é, a grandeza passa a medir-se em relação ao Reino e já não em relação à função profética, a respeito da qual João foi o último grande intérprete!

Nos dez versículos do texto evangélico a questão central é obviamente a resposta de Jesus à questão colocada por João Baptista «mediante os seus discípulos» (v. 2b). Todavia, deve ter-se presente o contexto: do cárcere, no qual se encontra, João «ouve falar das obras de Cristo» (v. 2a). Isto justifica o envio de discípulos a Jesus: então já não eram as obras de Cristo que o convenciam?

Jesus enumera o tipo de obras em que pode ser reconhecido, em linha com os grandes anúncios proféticos (Is 29,18--19; 35,5-6; 61,1). É surpreendente, mas significativa, a frase conclusiva: «Feliz daquele que não se escandaliza por causa de Mim!» (v. 6). Então, esse tipo de «obras» pode escandalizar? Porquê?

A esta altura é inevitável um esclarecimento posterior, ou seja: qual é o Jesus de Nazaré que estamos a procurar e a esperar? Segundo modelos já prontos e sem surpresas? Ou então, com a previsão de sair da Belém dos presépios, para os seus «presépios» e as suas presenças ainda escandalosas?

Padre José Granja,
Reitor da Basílica dos Congregados, Braga.

 

Para qualquer sugestão ou pedido de informações, pressione aqui :