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ARTIGOS SOBRE A BEATA ALEXANDRINA

ACTOS DE AMOR
I

Em oração com a Alexandrina

À parte a Novena, a Via-Sacra e mais um ou outro texto desta antologia, todos os restantes pertencem à Autobiografia, aos Pensamentos Soltos ou ao Diário autógrafo. A recolha e as notas são da responsabilidade de José Ferreira

* * *

A verdadeira oração é um contacto do humano com o divino, e é essencialmente amor: um colóquio de amor – feito também de silêncios – entre a criatura e o seu Criador, que é Pai: uma mútua presença que leva à união.

Alexandrina é toda amor em cada uma das fibras do seu ser, vive concretamente a união com Deus-Amor, é consumida pela sede de amor sempre crescente e morrerá de amor, como lhe prediz Jesus no êxtase de 4 de Junho de 1948 :

Minha filha, não é a dor a dar-te a morte :
Será o amor que ta dará ;
Serás consumida por ele ;
Será o amor que te dará o Céu,
A tua pátria no termo deste exílio.
A dor é grande, mas é ultrapassada pelo amor.

Por isso Alexandrina é uma « encarnação de amor » em toda a sua oração, como em todo o momento da vida. Sente-se levada à contemplação e à oração desde pequena; atitude devida certamente à sua natureza, mas também cultivada e incentivada pela educação religiosa tida da sua mãe e da atmosfera de religiosidade do ambiente [1].

Alexandrina
escola de toda a humanidade

Tu vieste ao mundo para ser escola de toda a humanidade.
És mestra de todas as ciências, doutora das ciências divinas.
Quanto o mundo tem de aprender de ti !
Estudem, estudem os doutores da Igreja, estudem os sábios; repito : estudem os doutores e sábios das ciên-cias divinas.
Que maravilhas, que prodígios opero na tua alma !
Que riquezas dou por ti ao mundo, ao mundo que é meu, ao mundo que é teu, porque to confiei !
Vem cá, luz de quem Eu sou luz, farol de quem Eu sou farol !
Não posso Eu fazer-te brilhar com o Meu brilho ?
Não posso Eu fazer que sejas farol como Eu sou farol ?
Tu vais à frente; subiste tanto, subiste tanto !
Chegaste ao Infinito,
Vives do Infinito,
Falas do Infinito !
Oh, vida de Deus nas almas !

Palavras de Jesus à Alexandrina

O que é agora (1946) a minha vida de oração ? É quase só mental, mas posso dizer que é quase contínua.

Digo a Jesus que me entrego em seus braços, é neles que quero orar, é neles que quero sofrer e viver até mesmo durante os meus ligeiros sonos.

Quantas vezes as visitas falam junto de mim e a minha oração continua! Desligada da conversa, se não me não interessa, fico unida a Jesus, embora que o não sinta, nem o veja com a escuridão das trevas. Mas Jesus sabe que estou com Ele e só quero o que Ele quer.

O meu coração salta, deixa o mundo.
Vê nas alturas a grandeza e o amor do Infinito.
Ah, que sede de perder-me n’Ele !
Que sede de dar àquele amor o que deseja !

Sacio-me completamente no Glória ao Pai.

Não posso concentrar-me demasiado nesta oração, porque viria a desfalecer; o meu coração não suportaria.

Alexandrina

Oração da manhã

Pela manhãzinha, principiava a fazer as minhas orações, começando pelo sinal da cruz, e logo me lembrava de Jesus Sacramentado, fazendo a comunhão espiritual e dizendo esta jaculatória :

« Sagrado Coração de Jesus, este dia é para Vós. »

Repetia-a por três vezes. Depois, continuava :

« A vossa bênção, Jesus ! Eu quero ser santa !

Ó meu Jesus, abençoai a vossa filhinha que quer ser santa. »

Dizia também :

« Louvado seja Nosso Senhor… As Três Pessoas da Santíssima Trindade me abençoem, assim como S. José, Maria Santíssima e todos os Anjos, Santos e Santas do Céu! Que as bênçãos desçam sobre mim e nada terei que temer. Serei santa : são esses os meus mais ardentes desejos. »

Depois continuava

Rezava três Glória ao Pai. Depois oferecia as horas do dia assim :

« Ofereço-Vos, ó meu Deus, em união… », Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória ao Pai… « Sagrado Coração de Jesus que tanto nos amais… » e o Credo.

Depois continuava :

« Ó meu Jesus, eu me uno em espírito, neste momento e desde este momento para sempre, a todas as Santas Missas que de dia e de noite se celebram na Terra.

Jesus, imolai-me convosco a cada momento no altar do sacrifício; oferecei-me convosco ao Eterno Pai pelas mesmas intenções porque Vós mesmo Vos ofereceis. »

Consagrava-me à Mãezinha

Voltada para a Mãezinha, dizia-lhe :

« Ave Maria, cheia de graça ! Eu vos saúdo, ó cheia de graça !

Ó Mãezinha, eu quero ser santa!

Ó Mãezinha, abençoai-me e pedi a Jesus que me abençoe ! »

E consagrava-me a ela assim :

« Mãezinha, eu Vos consagro os meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu coração ; a minha alma, a minha virgindade, a minha pureza, a minha castidade. …

Aceitai, Mãezinha, é vossa, sois Vós o cofre sagrado, o cofre bendito da nossa riqueza. Consagro-Vos o meu presente e o meu futuro, a minha vida e a minha morte, tudo quanto me deram a mim, rezaram por mim e ofereceram por mim.

Ó Mãezinha, abri-me os vossos santíssimos braços, tomai-me sobre eles, estreitai-me ao vossos santíssimo Coração, cobri-me com o vosso manto e aceitai-me como vossa filha muito amada, muito querida, e consagrai-me toda a Jesus.

Fechai-me para sempre no seu Divino Coração e dizei-lhe que O ajudais a crucificar-me, para que não fique no meu corpo nem na minha alma nada por crucificar.

Ó Mãezinha, fazei-me humilde, obediente, pura, casta na alma e no corpo.

Fazei-me pura, fazei-me um anjo. Transformai-me toda em amor, consumi-me toda nas chamas do amor de Jesus.

Ó Mãezinha, pedi perdão a Jesus por mim !

Dizei-Lhe que é o filho pródigo que volta a casa do seu bom Pai, disposto a segui-Lo, a amá-Lo, a adorá-Lo, a obedecer-Lhe e a imitá-Lo. Dizei-Lhe que não quero mais ofendê-Lo.

Ó Mãezinha, obtende-me uma dor tão grande dos meus pecados, que seja tal o meu arrependimento que eu fique pura, que eu fique um anjo !

Pura como fiquei depois do meu Baptismo, para que pela minha pureza mereça a compaixão de Jesus de O receber sacramentalmente todos os dias e de possuí-Lo para sempre em mim até dar o último suspiro.

Mãezinha, vinde comigo para os sacrários, para todos os sacrários do mundo, para toda a parte o lugar onde Jesus habita sacramentado. Fazei-Lhe a minha humilde oferta.

Oh, como Jesus ficará contente com a oferta mais pobrezinha, mais miserável, mais indigna !...

Ó Mãezinha, eu quero andar de sacrário em sacrário a pedir favores a Jesus, como a abelhinha de flor em flor, a chupar-lhe o néctar !

Ó Mãezinha, eu quero formar um rochedo de amor em cada lugar onde Jesus habita sacramentado, para que não haja nada que possa intrometer-se entre o amor e ir ferir o seu Santíssimo Coração, renovar as Suas Santíssimas Chagas e toda a sua Santa Paixão. Mãezinha, falai no meu coração e nos meus lábios, fazei mais fervorosas as minhas orações e mais valiosos os meus pedidos.

Ó meu Jesus, eu me consagro toda a Vós. Abri-me de par em par o vosso Santíssimo Coração.

Deixai que eu entre nesse Coração bendito, nessa fornalha ardente, nesse fogo abrasador.

Fechai-o, meu bom Jesus, deixai-me toda dentro do vosso Santíssimo Coração, deixai-me dar aí o meu último suspiro, embriagada no vosso divino amor, queimada nas chamas do amor.

Não me deixeis separar de Vós na terra senão para me tornar a unir a Vós no Céu, por toda a eternidade.

Jesus, vou convidar a Mãezinha! É Ela quem Vos vai falar por mim. Vou e já venho, sim, meu Jesus?

Ave Maria, cheia de graça, eu vos saúdo, cheia de graça!

Mãezinha, vinde comigo para os sacrários, vinde cobrir o meu Jesus de amor. Oferecei-Lhe tudo quanto se passar em mim, tudo quanto tenho costume de oferecer, tudo quanto se possa imaginar, como actos de amor para Nosso Senhor Sacramentado.»

Dizia três vezes :

«Graças e louvor se dêem a cada momento…» e fazia a comunhão espiritual já descrita. Nesta altura, dizia tudo isto que se segue a Nossa Senhora, para Ela repetir ao seu amado Filho por mim :

Ó Jesus, cá está a Mãezinha, escutai-a

« Ó Jesus, cá está a Mãezinha, escutai-a, é Ela quem Vos vai falar por mim.

Ó querida Mãezinha do Céu, ide dar beijinhos aos sacrários, beijos sem conta, abraços sem conta, mimos sem conta, carícias sem conta, tudo para Jesus sacramentado, tudo para a Santíssima Trindade, tudo para Vós.

Multiplicai-os muito, muito e dai-os de um puro e santo amor, dum amor que não possa mais amar, cheios de umas santas saudades por não poder ir eu beijar e abraçar a Jesus sacramentado e à Santíssima Trindade, a Vós, minha Mãe querida. Pois não sois Vós a criatura mais amada e mais querida de Jesus ? Oh, dai-os então em meu nome, com esse amor com que amais e sois amada !

Hino aos Sacrários

Ó meu Jesus, eu quero que cada dor que sentir, cada palpitação do meu coração, cada vez que respirar, cada segundo das horas que passar, sejam

actos de amor para os vossos Sacrários.

Eu quero que cada movimento dos meus pés, das mi­nhas mãos, dos meus lábios, da minha língua, cada vez que abrir os meus olhos ou os fechar, cada lágrima, cada sorriso, cada alegria, cada tristeza, cada atribulação, cada distracção, contrariedades ou desgostos, sejam

actos de amor para os vossos Sacrários.

Eu quero que cada letra das orações que reze, ou oiça rezar, cada palavra que pronuncie ou oiça pronunciar, que leia ou oiça ler, que escreva ou veja escrever, que cante ou oiça cantar, sejam

actos de amor para com os vossos Sacrários.

Eu quero que cada beijinho que Vos der nas vossas santas imagens ou da vossa e minha querida Mãezinha, nos vossos santos ou santas, sejam

actos de amor para os vossos Sacrários.

Ó Jesus, eu quero que cada gotinha de chuva que cai do céu para a terra, toda a água que o mundo encerra, ofe­recida às gotas, todas as areias do mar e tudo o que o mar contém, sejam

actos de amor para os vossos Sacrários.

Eu Vos ofereço as folhas das árvores, todos os frutos que elas possam ter, as florzinhas oferecidas pétala por pétala, todos os grãozinhos de sementes e cereais que possa haver no mundo, e tudo o que contêm os jardins, campos, prados e montes, ofereço tudo como

actos de amor para os vossos Sacrários.

Ó Jesus, eu Vos ofereço as penas das avezinhas, o gorjeio das mesmas, os pêlos e as vozes de todos os animais, como

actos de amor para os vossos Sacrários.

Ó Jesus, eu Vos ofereço o dia e a noite, o calor e o frio, o vento, a neve, a lua, o luar, o sol, a escuridão, as estrelas do firmamento, o meu dormir, o meu sonhar, como

actos de amor para os vossos Sacrários.

Ó Jesus, eu Vos ofereço tudo o que o mundo encerra, todas as grandezas, riquezas e tesouros do mundo, tudo quanto se passar em mim, tudo quanto tenho costume de oferecer-Vos, tudo quanto se possa imaginar, como

actos de amor para os vossos Sacrários.

Ó Jesus, aceitai o Céu, a terra, o mar, tudo, tudo quanto neles se encerra, como se esse « tudo » fosse meu e de tudo pudesse dispor e oferecer-Vos como

actos de amor para os vossos Sacrários. »

Nestas ocasiões em que fazia estes oferecimentos a Nosso Senhor, sentia-me subir, sem saber como, e ao mesmo tempo um calor abrasador que parecia queimar-me. Como não compreendia a causa deste calor, punha-me a observar se estava a transpirar, porque me parecia impossível, sendo dias de grandes frios. Sentia-me apertada interiormente, o que me deixava muito cansada.

Páginas da Autobiografia

Ia aumentando em mim o desejo da oração

À medida que ia crescendo, ia aumentando em mim o desejo da oração. Tudo queria aprender. Ainda conservo as devoções que aprendi na minha infância, como :

Lembrai-vos, ó puríssima Virgem Maria,

Ó Senhora minha, ó minha Mãe,

o oferecimento das obras do dia – Ofereço-Vos, ó meu Deus –, a oração ao Anjo da Guarda, oração a S. José e várias jaculatórias.

Gostava muito de ir à igreja e chegava-me para junto da minha catequista e rezava quanto ela queria.

Não deixava dia nenhum de rezar a estação ao Santíssimo Sacramento, meditada, quer fosse na igreja quer em casa, até pelos caminhos, fazendo sempre a comunhão espiritual assim:

« Ó meu Jesus, vinde ao meu pobre coração ! Ah, Eu desejo-Vos, não tardeis !

Vinde enriquecer-me das vossas graças; aumentai-me o vosso santo e divino amor.

Uni-me a Vós ! Escondei-me no vosso Sagrado Lado ! Não quero outro bem senão a Vós ! Só a Vós amo, só a Vós quero, só por Vós suspiro !

Dou-vos graças, Eterno Pai, por me haverdes deixado a Jesus no Santíssimo Sacramento.

Dou-Vos graças, meu Jesus, e por último peço-Vos a vossa santa bênção !

Seja louvado em cada momento o Santíssimo e Diviníssimo Sacramento da Eucaristia ! »

Também dizia várias jaculatórias, como « Bendito e louvado seja… » e « Graças e louvores se dêem… »

Gostava muito de fazer meditações ao Santíssimo Sacramento e à Mãezinha e, quando não podia fazê-las de dia, fazias de noite, às escondidas de todos, reservando uma vela, que escondida, para esse fim. Vidas de santos ou meditações muito profundas não me satisfaziam, porque via que em nada ma assemelhava aos santos e, em vez de me sentir bem, faziam-me mal.

Contemplação das maravilhas do Universo

Pelos nove anos, quando me levantava cedo para ir trabalhar nos campos e quando me encontrava sozinha, punha-me a contemplar a natureza.

O romper da aurora, o nascer do sol, o gorjeio das avezinhas, o murmúrio das águas entravam em mim numa contemplação profunda que quase me esquecia de que vivia no mundo.

Chegava a deter os passos e ficava embebida neste pensamento, o poder de Deus !

E, quando me encontrava à beira-mar, oh, como me perdia diante daquele grandeza infinita !

À noite, ao contemplar o céu e as estrelas, parecia esconder-me mais ainda para admirar as belezas do Criador!

Quantas vezes no meu jardinzinho, onde hoje é o meu quarto, fitava o céu, escutando o murmúrio das águas e ia contemplando cada vez mais este abismo das grandezas divinas!

Num perigo muito grande

Com os meus dezoito anos, vi-me num perigo muito grande, inesperadamente. Lembro-me que levava o meu tercinho na mão e que apertei uma medalha da Nossa Senhora das Graças e, de repente, livrei-me do perigo.

Foi sem dúvida a Mãezinha do Céu a velar-me.

Oh, como lhe estou agradecida!...

A imagem da Mãezinha

Todos os anos, no mês de Maio, fazia o mês da Mãezinha.

Gostava muito de o fazer sozinha : meditava, cantava, rezava e chorava algumas vezes ao mesmo tempo que pedia à Mãe do Céu que me libertasse da grande tribulação que estava a passar.

Cantava o «Tantum ergo» como se estivesse na igreja e fosse receber a bênção de Nosso Senhor.

Como não tinha o Santíssimo Sacramento em casa, nem nenhum sacerdote que me viesse dar a bênção, pedia a Nosso Senhor que ma desse do Céu e de todos os sacrários.

Oh, que momentos tão felizes!... Sentia cair sobre mim todas as bênçãos e amor de Nosso Senhor!

Nestes momentos, pedia a Jesus para abençoar toda a minha família e todas aqueles que me eram queridos.

Como não tinha nenhuma imagem da Mãezinha, nos primeiros anos, vinha uma de casa do Senhor abade – o Coração de Maria.

Durante o mês, tudo estava bem, mas ao terminar sentia grandes saudades quando tinha de ficar sem a imagem.

Principiei a pensar na maneira de arranjar uma que fosse só minha. Como não tinha dinheiro, várias pessoas ajudaram-me. Uma amiga deu-me uma franguinhas que minha irmã foi criando até porem ovos, para mais tarde nascerem pintainhos. Assim fui arranjando a quantia precisa para a imagem, redoma e altarzinho, etc.

Não sei descrever a consolação que senti ao ver que possuía para sempre a imagem da querida Mãezinha e que ficaria a contemplá-la dia e noite.

Quero o que Vós quiserdes

Como não consegui nada, morreram os meus desejos de ser curada e para sempre, sentindo cada vez mais ânsias de amor ao sofrimento e de só pensar em Jesus.

Um dia em que estava sozinha e, lembrando-me de que Jesus estava no sacrário, disse:

«Meu bom Jesus, Vós preso e eu também. Estamos presos os dois: Vós preso para meu bem e eu presa das vossas mãos.

Sois Rei e Senhor de tudo e eu um verme da terra.

Deixei-Vos ao abandono, só pensando neste mundo, que é das almas a perdição.

Agora, arrependida de todo o coração, quero o que Vós quiserdes e sofrer com resignação.

Não me falteis, bom Jesus, com a vossa protecção.»

Quero ir visitar-Vos aos vossos sacrários

Ó meu querido Jesus, quero ir visitar-Vos aos vossos sacrários mas não posso, porque a minha doença obriga-me a estar retida no meu querido leito de dor.

Faça-se a vossa vontade, Senhor, mas, ao menos, meu Jesus, permiti que nem um momento se passe sem que à portinha dos vossos sacrários eu vá em espírito dizer-Vos:

Meu Jesus, quero amar-Vos, quero abrasar-me toda nas chamas do vosso amor e pedir-Vos pelos pecadores e pelas almas do Purgatório.

Dizei a Jesus que quero ser santa

Ó minha querida Mãe do Céu, vinde apresentar ao vosso e meu querido Jesus, nos vossos sacrários, as minhas orações e fazer mais valiosos os meus pedidos.

Ó Refúgio dos pecadores, dizei a Jesus que quero ser santa! Sim, Santíssima Virgem?

Ah, dizei-Lhe também que quero muitos sofrimentos, mas que não me deixe sozinha nem um momento, porque só tenho que confundir-me, porque nada sou, nada possuo, nada valho.

Dizei-Lhe que O amo muito, mas que O quero amar ainda muito mais. Quero morrer abrasada no amor de Jesus e no vosso. Sim? Dizei-Lhe muitas coisas de mim; fazei-Lhe todos os meus pedidos.

Confio, confio em Vós! Ó Maria, dai-me o Céu!

Queria, ó meu Jesus, na vossa presença estar dia e noite, a toda a hora, unida a Vós estar, e não Vos deixar, meu Jesus, sozinho na Sacramento, nem um momento me ausentar e dar-Vos o que possuo e que tudo a Vós pertence: o meu coração, o meu corpo com todos os seus sentidos. É toda a minha riqueza.

A casa hipotecada

Cheguei a ter medo de ficar acompanhada pela minha mãe, porque ela procurava estar comigo sozinha para desabafar e, por mais que a confortasse e lhe dissesse que tivesse confiança, ela na sua dor dizia-me palavras desagradáveis. Eu pedia quase continuamente a Jesus que nos valesse e, no fim da Sagrada Comunhão, dizia a Jesus:

«Vós dissestes: ‘Pedi e recebereis; batei e abrir-se-vos-á’. Eu peço e hei-de ser ouvida; bato e hei-de ser atendida.

Ó Jesus, não Vos peço honras, grandezas, nem riquezas, mas peço-Vos que nos deixeis a nossa casinha, para que minha mãe e irmã tenham onde viver até ao fim da vida, para que minha irmã tenha onde colher as florinhas para compor o vosso altar na igreja, aos sábados.

Ó Jesus, todas as florinhas são para Vós.

Jesus, acudi-nos, que perecemos!

Levai esta notícia longe, a quem nos possa acudir! Não Vos peço este nem aquele meio, porque não sei! Confio em Vós!»

É bem verdade, nunca é demais a confiança!

Juramento de amor

Com o meu sangue Vos juro amar-Vos muito, meu Jesus, e seja tal o meu amor que morra abraçada à cruz!

Amo-Vos e morro por Vós, meu querido Jesus, e nos vossos sacrários quero habitar, ó meu Jesus.

Balasar, 14/10/1934.

Escutai, Jesus, a minha dor quase moribunda

Escutai, Jesus, a minha dor quase moribunda. Duro golpe lhe foi dado.

Ó dor, ó dor que matas a dor!

Ó dor, que só por Jesus podes ser conhecida!...

Com os olhos em Vós, Jesus, as calúnias, as humilhações, os desprezos, os ódios, o esquecimento têm a doçura do vosso amor.

Venha tudo, ó Jesus, venha tudo o que Vos aprouver. Morra o meu nome, como sinto que morreu o meu corpo e a minha alma, para que viva o vosso divino amor nos corações e a vossa graça nas almas.

Eis, meu Amado, porque me deixo imolar!

Mas como resistir a tanto, ó Jesus?

Olhai este coração que rebenta, se desfaz em dor!

Não pode com tanto aperto, se não vindes em seu auxílio!

Vinde, vinde, ó Jesus! Socorro, socorro, Jesus!

Meu Deus, se eu soubesse que com o meu sofrimento a vossa con­solação era completa! Se eu pudesse viver fechada neste quar­tinho, sendo Vós, meu Jesus, e estas pobres paredes testemu­nhas das minhas dores, sem que os meus e todos os que me são queridos pudessem recordar que eu vivia aqui e que em dia algum da vida eu tinha vivido na companhia deles, então já não sofria!

Mas vejo que quem sofre mais é o vosso divino Coração e que os que me são queridos sofrem comigo, não podem mais esquecer-me: então faz-me sofrer a mais não poder.

Quantas vezes não posso conter as lágrimas, cega, cega de dor!

... Fito meus olhos no Crucificado, levanto-os ao Céu, fico por algum tempo a contemplar Jesus, e logo as lágrimas, que me pareciam nunca mais terem fim, estancam. Sinto vida nova.

Meu Deus, que luta tremenda! Ai de mim sem Vós, Jesus!

Mãezinha, valei-me, sou a vossa vítima!

Ó Santa Teresinha, Santa Gema, São José e Santos meus mais queridos, valei-me !

Ó Céu, ó Céu, conto contigo.

É uma dor agonizante

Jesus, olho para um lado e para o outro, não vejo ninguém; temo e tremo: ai que pavor! Não cessa a luta.

Vejo por en­tre a escuridão o meu sangue correr e a dor quase moribunda segue o seu caminho. Sangue e dor, morte e eternidade!

Escutai, ó Jesus, ouvi, ó Mãezinha, é uma dor agonizan­te: não há quem se compadeça da minha dor.

Olhai, ó Jesus, vede-a ensopada em sangue.

Jesus, Jesus, não me dei­xeis sem Vos receber. Perder tudo, tudo, mas comungar. Perder tudo, mas possuir-Vos !

Ave Maria, eu vos saúdo

Vós sois a Mãe de Jesus,
a Filha do Pai Eterno,
a Esposa do Espírito Santo,
a Rainha do Céu e da terra,
e eu uma criatura vossa, filha do vosso Jesus.
Quem sois Vós e quem sou ?

Ave Maria, eu vos saúdo, ó minha Mãe Santíssima

Ave Maria, eu vos saúdo, ó minha Mãe Santíssima!

Ó minha querida Mãezinha, que hei-de eu dar-Vos no dia do vosso aniversário?

Não tenho mais nada que Vos dar, dou-Vos o meu corpo e a minha vida. Quero ser toda vossa.

Não rejeiteis a minha oferta, ó minha querida Mãe. Rogai a Nosso Senhor por mim, ouvistes? Quero ser toda, toda vossa. Dou-Vos quanto tenho.

Ó meu Jesus, não rejeiteis nada do que peço à vossa Mãe!

Sois minha Mãe muito querida. Oh, quem me dera ter uma boa oferta para Vos dar, mas ao menos tenho a boa vontade! Dai-me o Céu!

Vinde em meu auxílio

Ó minha Mãezinha do Céu, eis aqui aos vossos santíssimos pés uma alma que Vos deseja amar.

Ó minha amável Senhora, eu quero um amor que seja capaz de sofrer só por amor de Vós e por amor do meu querido Jesus!

Sim, do meu Jesus que é o tudo da minha alma.

Ele é a luz que me alumia, é o pão que me alimenta, é o meu caminho pelo qual eu quero seguir.

Mas, minha soberana Rainha, sinto-me tão fraca para passar por tantas contrariedades da vida!... Que será de mim sem Vós ou sem o meu querido Jesus?

Ó minha Mãezinha do Céu, lá do trono em que estais, vede este meu triste viver. Vinde em meu auxílio. Abençoai-me e pedi a Jesus por mim, vossa indigna filha.

Eu Vos saúdo, ó cheia de graça !

Ave Maria, cheia de graça ! Eu Vos saúdo, ó cheia de graça !

Soberana Rainha do Céu e da terra, Mãe dos pecadores, eu, a mais indigna de todas as vossas filhas, Vos agradeço de todo o coração, ó Santa Mãe de Deus, por terdes consentido que o meu amabilíssimo Jesus encarnasse em vossas puríssimas entranhas para redenção da humanidade.

Sim, minha Mãezinha, encarnar, nascer, viver trinta e três anos no mundo e por fim morrer numa cruz pelos miseráveis filhos de Eva ! Entenda quem puder tantos excessos de amor, que eu por mim só tenho que confundir-me e lamentar este meu pobre coração por não ter correspondido a tanta bondade dos meus dois queridos amores, Jesus e Maria !

A mais indigna das vossas filhas.

Enchei-me do vosso amor

Mãe de Jesus e Mãe minha, ouvi a minha oração: eu Vos consagro o meu corpo e todo o meu coração.

Purificai-me, Mãe Santíssima. Enchei-me do vosso amor.

Colocai-me mesmo Vós junto a Jesus nos sacrários, para lhe servir de lâmpada enquanto o mundo durar.

Aceitai, ó Mãe do Céu, as flores que colhi durante este mês bendito; reverdecei-as e perfumai-as.

Entregai-as a Jesus por mim.

Abençoai-me, santificai-me, ó minha querida Mãezinha do Céu!

Flores de Maio

Em 1936, já sem forças para escrever por minha mão e querendo dar a mesma prova a Jesus e à Mãezinha do ano anterior, pedi à minha irmã para escrever os pensamentos que se seguem em bilhetinhos, para em cada dia tirar um, sofrendo e amando segundo essa intenção. Seguem os pensamentos:

1 – Por amor de Jesus e para muita consolação da Mãe do Céu, vou sofrer tudo pelos sacerdotes, para que eles sejam o que Jesus quer: cumpridores dos seus deveres e muito santos.

2 – Para consolar muito, muito a querida Mãezinha do Céu, vou sofrer neste dia para que Jesus seja amado, muito amado na Santíssima Eucaristia.

3 – Por amor de Jesus e de Maria Santíssima, sofrerei neste dia pelas intenções das pessoas que tenho costume de pedir mais em particular.

4 – Por amor de Jesus e de Maria Santíssima, sofrerei neste dia pelo bom êxito das missões, para que em breve ressoe dum cantinho ao outro do mundo a palavra de Jesus, única verdade.

5 – Por amor de Jesus e de Maria Santíssima, sofrerei tudo hoje pelos pecadores que me estão recomendados.

6 – Por amor de Jesus e de Maria Santíssima, e como prova da minha gratidão para com Eles, sofrerei hoje pelo meu Pai espiritual. Devo-lhe tanto, tanto!...

7 – Por amor de Jesus e da Mãezinha do Céu, sofrerei neste dia pela paz das nações e para que Jesus as converta.

8 – Por amor de Jesus e para obsequiar a querida Mãezinha do Céu, sofrerei tudo para que Ela seja amada e querida por todos os que vivem e hão-de viver até ao fim dos séculos, e que em breve a ela seja consagrado o mundo inteiro.

9 – Por amor de Jesus e da minha Santíssima Mãe, sofrerei hoje tudo pela minha irmãzinha da Sertã, pelas melhoras da irmã dela e por todas as suas necessidades.

10 – Por amor de Jesus e de Maria Santíssima, sofrerei tudo hoje para a canonização e beatificação de todos os santos, para que seja dada muita honra e glória a Nosso Senhor.

11 – Por amor de Jesus e de minha Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo pelo meu Pai espiritual, pela minha família e pelas necessidades por que mais se interessa e lhe são mais recomendadas.

12 – Por amor de Jesus e de Maria Santíssima, sofrerei hoje tudo por toda a família da Çãozinha.

13 – Por amor de Jesus e de Maria Santíssima, sofrerei tudo neste dia pela minha irmã, para que ela seja muito santa.

14 – Por amor de Jesus e da minha Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo pelo Sr. Padre Manuel Araújo, pela irmã e sobrinha.

15 – Por amor de Jesus e de Maria Santíssima, sofrerei tudo pelos sacerdotes que desprezaram a lei de Nosso Senhor, esquecendo-se do honroso nome de Seus discípulos, para que voltem a amar Jesus e as almas.

16 – Por amor de Jesus e da Mãe Santíssima, sofrerei neste dia pela conversão dos pecadores que estão mais perto de dar contas a Nosso Senhor, para que morram em estado da Sua divina graça.

17 – Por amor de Jesus e da Mãezinha do Céu, sofrerei tudo para que não venha o bolchevismo para Portugal.

18 – Por amor de Jesus e da minha Mãezinha do Céu, sofrerei neste dia pelas pessoas que me são mais queridas, para que Nosso Senhor lhes conceda todas as graças e as faça santas.

19 – Por amor de Jesus e da minha Mãezinha do Céu, sofrerei neste dia para que seja dada muita honra e glória à Santíssima Trindade e que todos conheçam o divino tesouro que trazem dentro de si.

20 – Por amor de Jesus e da minha Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo pela Çãozinha, para que seja muito santa, e pelas suas necessidades.

21 – Por amor de Jesus e da minha Mãezinha do Céu, sofrerei tudo neste dia pela conversão dos pecadores do mundo inteiro. Tanto, que não queria que fossem mais alminhas para o inferno!...

22 – Por amor de Jesus e da minha Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo pelas necessidades do meu padrinho e família, para que nosso Senhor os ajude.

23 – Por amor de Jesus e da minha Mãezinha do Céu, sofrerei tudo hoje para ser mais humilde, mais obediente, mais pura, toda abrasada no amor do querido Paizinho e da querida Mãezinha do Céu.

24 – Por amor de Jesus e da minha Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo para obter de Nosso Senhor a graça de chegar ao maior grau de santidade.

25 – Por amor de Jesus e para agradar muito à querida Mãezinha do Céu, quero hoje orar e sofrer muito pelo Santo Padre. É o pai espiritual do mundo inteiro, é luz e guia de todas as almas, precisa do nosso auxílio.

26 – Por amor de Jesus e da minha Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo pelo bom resultado da «Acção Católica» e da nossa «Cruzada».

27 – Por amor de Jesus e da minha Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo pelo bom resultado da Acção Católica e da Cruzada Eucarística do mundo inteiro. Que todos fossem santos, é o meu desejo.

28 – Por amor de Jesus e da minha Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo por toda a minha família.

29 – Por amor de Jesus e da minha Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo pelas necessidades da minha mãe, para que ela seja muito santa.

30 – Por amor de Jesus e da minha Mãezinha do Céu, sofrerei tudo neste pelo triunfo da Santa Igreja.

31 – Por amor de Jesus e da minha Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo para me converter deveras a Nosso Senhor, cumprindo em tudo a Sua santíssima vontade, sendo o que Ele quer que eu seja.

Em 31 de Maio de 1936 escrevi assim :

Mãezinha, eu venho humildemente aos vossos pés depor as flores espirituais que durante o mês colhi.

Estou envergonhada e confundida. Que pobreza! Em que estado Vo-las entrego! Estão tão murchas, tão desfolhadas!

Mas Vós, ó querida Mãezinha celestial, podeis transformá-las.

Reverdecei-as, abrilhantai-as e ide consolar e perfumar com elas a Jesus por mim.

Falai-lhe das minhas penas e das minhas aflições. Bem sabeis tudo o que me faz estar atribulada.

Fazei-Lhe comigo de novo todos os meus pedidos e despachai Vós, em nome de Jesus, Vo-lo peço, as pobres flores por quem foram oferecidas.

Fazei de um modo particular que com todas elas eu faça um belo ramalhete para oferecer ao Santo Padre, neste dia do seu aniversário.

Querida Mãezinha, neste último dia do vosso bendito mês, como despedida, já que nada mais tenho para Vos dar, dou-Vos todo o meu corpo e Vos peço, por quem sois, que mo guardeis e me tomeis para sempre nos vossos santíssimos braços, como vossa filha muito querida. Abençoai-me, pedi a Jesus Sacramentado que me abençoe também e toda a Santíssima Trindade.

Adeus, Mãezinha, perdoai-me tudo.

A pobre Alexandrina Maria da Costa

Ave Maria, Mãe de Jesus, Mãe de todo o universo !

Ave, Maria, Mãe de Jesus !

Honra, glória e triunfo para o seu Imaculado Coração !

Ave, Maria, Mãe de Jesus, Mãe de todo o universo !

Quem não quererá pertencer à Mãe de Jesus, à Senhora da Vitória ?

O mundo vai ser consagrado todo ao seu Materno Coração !

Guarda, Virgem pura, guarda, Vir­gem Mãe, em teu Coração Santíssimo, todos os filhos teus !

Viva o teu doce nome

Mãezinha, viva Jesus e viva o teu doce nome !

Bendita seja a tua pureza e a tua Conceição !

Mãezinha, que hei-de eu dar-te no dia do teu aniversário ?

Sou pobrezinha dos bens da terra e, para confusão minha, sou ainda mais pobre dos bens do Céu.

Como mais nada tenho para te dar, entrego o meu corpo; tem sido um instrumento de afronta para Jesus : ô, quanto o tenho ofendido!...

Na ânsia que tenho de te festejar e na esperança que tenho que o vais encher da tua pureza e da tua candura, dou-me a ti como escrava, sou tua inteiramente. É por teu amor e por amor do teu Jesus que me deixo escravizar.

Dou-me a ti por almas que me são mais queridas, para que te amem e a Jesus com uma amor mais forte e abrasador : quero-as no Céu junto a mim a cantar os vossos louvores.

Dou-me pelos ceguinhos que não conhecem a Jesus.

Dou-me por os que mais o ofendem.

Enfim, Mãezinha, sou tua, não me poupes. Só a ti pertenço e a Jesus. Vendei-me o meu corpo e o meu sangue e comprai com ele as almas.

Fazei-me pura, fazei-me santa, dai-me amor que me queime e que me mate : eu quero morrer de amor !

Dai-nos a paz e dai-nos o perdão.

Consolai e socorrei o santo Padre.

Mãezinha, por teu amor, procurarei não gemer neste dia. Perdoa tudo e aceita este ramalhete de flores em meu nome e em nome do meu Paizinho e das pessoas mais queridas do meu coração.

Mãezinha, dai-nos amor e pureza sem fim, e leva-me para o Céu depressa.

Dá-me a tua bênção e cobre-me com o teu manto.

Tua pobre Alexandrina.

P.S. – Hei-de fazer cair uma chuva de graças e de amor sobre aqueles e aquelas que na terra me são queridos. Sempre a tua filha, Alexandrina.

Guarda-me sempre, Mãezinha

Só à sombra do teu manto,
entregue às ternuras do teu Coração,
sepultada nesse abismo de amor,
eu posso viver segura de não ofender a Jesus.
Guarda-me sempre, Mãezinha !

Sempre Tu, Mãezinha !

És Tu bendita entre as mulheres ! Só Tu, ó Mãe, és imaculada !
Criou-Te Deus tão pura e bela,
brilhante estrela do Céu Rainha ;
és mais que os Anjos e os Arcanjos.

Encheu-Te Deus
de tal carinho,
Tão branca e pura,
mais que o arminho !

Quem ousou manchar-Vos
Errou no caminho !
Mãezinha, em Ti vejo luz, paz e amor.

Queima-me, abrasa-me no amor que Te consome,
guarda-me em teu Coração.

Sim, Mãezinha, contigo amo a Jesus
e venço sempre as humilhações.

Mãezinha, dá a minha alma o brilho da tua pureza
e a candura da tua graça.

Jesus se alegrará em mim.

À imitação de Jesus-Menino,
abandonemo-nos à Mãezinha.

Deixemo-nos conduzir por ela.
Nada podemos temer: não corremos perigo de errar.

Só por amor

Tenho fome, tenho sede ! Vinde saciar-me !
É fome e sede de amor que me devora o coração.

Tenho sede, tenho sede !

Eu direi como outrora, na minha passagem na terra :
se soubésseis quem vos pede de beber !

Eu pedi água à Samaritana junto ao poço
e hoje peço amor junto aos corações.

Se soubésseis quem é este mendigo de amor...

Palavras de Jesus à Alexandrina

Só por amor

Só por amor me deixei ferir,
Só por amor meu coração sangra,
Só por Ti, Jesus, a dor tem doçura,
Só na cruz contigo se me alegra a alma.

Duro é meu penar por Te saber ofendido ;
Só por amor direi sempre: tem encantos o martírio.

Aqui tens, meu doce Jesus, o meu peito para abrigo.

Meu coração foi ingrato contra o meu Deus e Senhor ;
Foi assim que Lhe paguei o Seu infinito amor.

Agora só quero amá-Lo e suavizar-Lhe a dor.

Dizer-Te quanto Te amo não preciso, Jesus.

Tu vês o meu coração e quanto ele ama a cruz.

Porque é que ele sofre? É só por Ti, meu Jesus.

O Tudo desceu ao nada

(Acção de graças da Alexandrina após a Comunhão)

O Tudo desceu ao nada; a Grandeza desceu à pobreza.

O Amor desceu à frieza, à tibieza, à miséria, à indignidade.

Que grande amor é Jesus !

Desceste do mais alto ao mais baixo.

Jesus, dai-me fogo, dai-me amor; amor que me queime, amor que me mate.

Eu quero viver e morrer de amor.

Jesus, seja o vosso divino amor a minha vida. Seja ele e só ele a minha morte.

Jesus, eu quero amar-vos: amar-vos até à loucura, amar-vos até morrer de amor.

Jesus, quero ser a predilecta, a loucura do vosso amor... perder-me na imensidade do vosso amor.

Jesus, eu me consagro toda e para sempre a vós: consagrai-me vós toda e para sempre à querida Mãezinha.

Amai-a por mim, falai-Lhe de mim. Dizei-Lhe tudo, mas tudo por mim...

Mãezinha, vinde, vinde já: dai graças a Jesus por mim.

Dizei-lhe tudo, mas tudo por mim...

Ó Mãezinha, eu me consagro toda e para sempre a Vós...

Consagrai-me toda e para sempre a Jesus...

Dizei-Lhe que eu O amo... Dizei-Lhe que sou dele.

Dizei-Lhe que quero só nele pensar, que só dele quero falar, que só para Ele quero viver. Dizei-Lhe que O ajudais à crucifixão, para que nada fique no meu corpo e na minha alma para crucificar.

Mãezinha, agradecei a Jesus por mim todos os benefícios que tenha recebido até este momento e pelos que confio que hei-de receber.

Agradecei-Lhe todas as tribulações e angústias… alegrias e tristezas, lágrimas e sorrisos, tudo o que me alegra e faz sofrer.

Dizei-Lhe que tudo recebo como bem-vindo das Suas divinas mãos, como prova do seu maior amor comigo.

Dai-Lhe um grande obrigada, um contínuo obrigada, um eterno obrigada!

Ó Mãezinha, agradecei-Lhe tudo quanto tenha recebido e hei-de receber no tempo e depois na eternidade.

O Céu, o Céu, Mãezinha, que grande amor! Oh, quanto devo a Jesus!

Ó Rei do Céu e da terra

Ó Rei do Céu e da terra,

Queria estar dia e noite na vossa presença, Unida a Vós toda a hora:

Sim, ficar ali, não Vos deixar só no Sacramento,

Não me ausentar nem um instante.

Queria dar-Vos o que possuo, Tudo aquilo que me pertence: o meu coração, o meu corpo com todos os seus sentidos.

Seria a minha satisfação plena.

Mãezinha celeste,

tenho tanta confiança em vós que não sei explicar-Vos; como não sei dizer-Vos o amor que tenho por vós.

Sim, é muito, mas eu queria que fosse muito mais.

Só Vós podeis obter-me a graça do amor pelo vosso e meu caro Jesus: aumentai-mo.

Aquecei-me nas chamas do amor puro: sim, sim, boa Mãezinha!

Minha alma aflita, confia! Confia porque és afortunada: habita em ti Jesus.

Não o sentes? Que importa? Vem comigo ao seu encontro:

É na solidão, neste silêncio assim profundo, que repousa o amantíssimo Jesus… Que se consola e deleita.

Meu coração, escuta!

Vai ao encontro da tua Mãe celeste.

Vai a banhar-te naquele amor puro.

Vai perfumar-te com o aroma das mais perfeitas virtudes.

Vai enriquecer-te, enriquecer-te com os tesouros da tua Mãe bendita

Para te tornares puro, habitação digna de Jesus, Rei da criação.

Prepara-lhe em ti um presépio,

Não duro e frio como o de Belém,

Mas suave e quente, mais belo que o palácio mais belo:

Quente de um amor puro e santo.

Meto-me às cegas no vosso divino Coração

Meu Deus, sinto-me abatida e aniquilada com o peso das humilhações! Nuvens negras fecharam e cerraram o Céu. O meu brado de socorro parece não chegar junto de Vós.

Meto-me às cegas no vosso divino Coração. Espero não vacilar na minha fé. Quero dizer sem cessar:

Amo-Vos, amo-Vos, amo-Vos, meu Jesus, eu Vos amo !

Seja feita a vossa santíssima vontade
em todas as coisas

Meu Jesus, estou doente, não posso ir visitar-Vos às vossas igrejas, mas, meu querido Paizinho do Céu, estou a cumprir a missão que Vós destinastes para mim.

Seja feita a vossa santíssima vontade em todas as coisas.

Meu Bem-amado, Vós sabeis os meus desejos, que são estar na vossa presença no Santíssimo Sacramento; mas, já que eu não posso, mando-vos o meu coração, a minha inteligência para aprender todas as vossas lições, o meu pensamento para que só em Vós pense, o meu amor para que só a Vós ame, só a Vós busque, só por Vós suspire, só Vós, meu Jesus, em tudo e por tudo.

Vós no sacrário preso e abandonado e eu, Jesus, presa também.

Mas fazei, Senhor, que eu abandone tudo o que é do mundo, buscando-Vos só a Vós em todas as coisas, que sois a luz da minha inteligência, sois as minhas delícias, sois todo o meu bem.

Oh! eu vos mando tudo quanto tenho que Vos possa agradar e fazer-Vos companhia no vosso sacrário de amor!


[1] Chiaffredo e Eugénia Signorile, prefácio de Mio Signore, Mio Dio !

Chiaffredo Signorile (nascido em 9/10/1913, em Stroppo, província de Cuneo, no Piemonte, e falecido em 13/10/1999) e sua esposa, Eugénia Signorile (nascida em 9/9/1914, em Milão) são dois especialistas italianos da Alexandrina, que a conheceram através do Padre Humberto Pasquale. Dedicaram um livro à sua oração, com o título de Mio Singore, mio Dio ! (Meu Senhor, meu Deus!). Esta expressão porém não é só a exclamação de humildade e adoração de S. Tomé (Jo 20, 28) ; a Beata de Balasar usava-a frequentemente. Na versão portuguesa o livro Mio Singore, mio Dio ! intitula-se A vida interior da Beata Alexandrina.

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