Em oração com a
Alexandrina

À parte a Novena, a Via-Sacra e mais um ou
outro texto desta antologia, todos os restantes pertencem à Autobiografia,
aos Pensamentos Soltos ou ao Diário autógrafo. A recolha e as
notas são da responsabilidade de José Ferreira
* * *
A verdadeira oração é um contacto do humano
com o divino, e é essencialmente amor: um colóquio de amor – feito também de
silêncios – entre a criatura e o seu Criador, que é Pai: uma mútua presença que
leva à união.
Alexandrina é toda amor em cada uma das
fibras do seu ser, vive concretamente a união com Deus-Amor, é consumida pela
sede de amor sempre crescente e morrerá de amor, como lhe prediz Jesus no êxtase
de 4 de Junho de 1948 :
Minha filha, não é a dor a dar-te a
morte :
Será o amor que ta dará ;
Serás consumida por ele ;
Será o amor que te dará o Céu,
A tua pátria no termo deste exílio.
A dor é grande, mas é ultrapassada pelo amor.
Por isso Alexandrina é uma « encarnação de
amor » em toda a sua oração, como em todo o momento da vida. Sente-se levada à
contemplação e à oração desde pequena; atitude devida certamente à sua natureza,
mas também cultivada e incentivada pela educação religiosa tida da sua mãe e da
atmosfera de religiosidade do ambiente
.
Alexandrina
escola de toda a humanidade
Tu vieste ao mundo para ser escola de
toda a humanidade.
És mestra de todas as ciências,
doutora das ciências divinas.
Quanto o mundo tem de aprender de
ti !
Estudem, estudem os doutores da
Igreja, estudem os sábios; repito : estudem os doutores e sábios das
ciên-cias divinas.
Que maravilhas, que prodígios opero
na tua alma !
Que riquezas dou por ti ao mundo, ao
mundo que é meu, ao mundo que é teu, porque to confiei !
Vem cá, luz de quem Eu sou luz, farol
de quem Eu sou farol !
Não posso Eu fazer-te brilhar com o
Meu brilho ?
Não posso Eu fazer que sejas farol
como Eu sou farol ?
Tu vais à frente; subiste tanto,
subiste tanto !
Chegaste ao Infinito,
Vives do Infinito,
Falas do Infinito !
Oh, vida de Deus nas almas !
Palavras de Jesus à Alexandrina
O que é agora (1946) a minha
vida de oração ? É quase só mental, mas posso dizer que é quase
contínua.
Digo a Jesus que me entrego em seus
braços, é neles que quero orar, é neles que quero sofrer e viver até
mesmo durante os meus ligeiros sonos.
Quantas vezes as visitas falam junto
de mim e a minha oração continua! Desligada da conversa, se não me não
interessa, fico unida a Jesus, embora que o não sinta, nem o veja com a
escuridão das trevas. Mas Jesus sabe que estou com Ele e só quero o que
Ele quer.
O meu coração salta, deixa o mundo.
Vê nas alturas a grandeza e o amor do Infinito.
Ah, que sede de perder-me n’Ele !
Que sede de dar àquele amor o que deseja !
Sacio-me completamente no Glória
ao Pai.
Não posso concentrar-me demasiado
nesta oração, porque viria a desfalecer; o meu coração não suportaria.
Alexandrina
Oração da manhã
Pela manhãzinha,
principiava a fazer as minhas orações, começando pelo sinal da cruz,
e logo me lembrava de Jesus Sacramentado, fazendo a comunhão
espiritual e dizendo esta jaculatória :
« Sagrado Coração de Jesus, este
dia é para Vós. »
Repetia-a por três vezes. Depois,
continuava :
« A vossa bênção, Jesus ! Eu
quero ser santa !
Ó meu Jesus, abençoai a vossa
filhinha que quer ser santa. »
Dizia também :
« Louvado seja Nosso Senhor… As
Três Pessoas da Santíssima Trindade me abençoem, assim como S. José,
Maria Santíssima e todos os Anjos, Santos e Santas do Céu! Que as
bênçãos desçam sobre mim e nada terei que temer. Serei santa : são
esses os meus mais ardentes desejos. »
Depois continuava
Rezava três Glória ao Pai. Depois
oferecia as horas do dia assim :
« Ofereço-Vos, ó meu Deus, em
união… », Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória ao Pai… « Sagrado Coração de
Jesus que tanto nos amais… » e o Credo.
Depois continuava :
« Ó meu Jesus, eu me uno em
espírito, neste momento e desde este momento para sempre, a todas as
Santas Missas que de dia e de noite se celebram na Terra.
Jesus, imolai-me convosco a cada
momento no altar do sacrifício; oferecei-me convosco ao Eterno Pai
pelas mesmas intenções porque Vós mesmo Vos ofereceis. »
Consagrava-me à Mãezinha
Voltada para a Mãezinha,
dizia-lhe :
« Ave Maria, cheia de graça ! Eu
vos saúdo, ó cheia de graça !
Ó Mãezinha, eu quero ser santa!
Ó Mãezinha, abençoai-me e pedi a
Jesus que me abençoe ! »
E
consagrava-me a ela assim :
« Mãezinha, eu Vos consagro os
meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu coração ; a minha alma, a
minha virgindade, a minha pureza, a minha castidade. …
Aceitai, Mãezinha, é vossa, sois
Vós o cofre sagrado, o cofre bendito da nossa riqueza. Consagro-Vos
o meu presente e o meu futuro, a minha vida e a minha morte, tudo
quanto me deram a mim, rezaram por mim e ofereceram por mim.
Ó Mãezinha, abri-me os vossos
santíssimos braços, tomai-me sobre eles, estreitai-me ao vossos
santíssimo Coração, cobri-me com o vosso manto e aceitai-me como
vossa filha muito amada, muito querida, e consagrai-me toda a Jesus.
Fechai-me para sempre no seu
Divino Coração e dizei-lhe que O ajudais a crucificar-me, para que
não fique no meu corpo nem na minha alma nada por crucificar.
Ó Mãezinha, fazei-me humilde,
obediente, pura, casta na alma e no corpo.
Fazei-me pura, fazei-me um anjo.
Transformai-me toda em amor, consumi-me toda nas chamas do amor de
Jesus.
Ó Mãezinha, pedi perdão a Jesus
por mim !
Dizei-Lhe que é o filho pródigo
que volta a casa do seu bom Pai, disposto a segui-Lo, a amá-Lo, a
adorá-Lo, a obedecer-Lhe e a imitá-Lo. Dizei-Lhe que não quero mais
ofendê-Lo.
Ó Mãezinha, obtende-me uma dor
tão grande dos meus pecados, que seja tal o meu arrependimento que
eu fique pura, que eu fique um anjo !
Pura como fiquei depois do meu
Baptismo, para que pela minha pureza mereça a compaixão de Jesus de
O receber sacramentalmente todos os dias e de possuí-Lo para sempre
em mim até dar o último suspiro.
Mãezinha, vinde comigo para os
sacrários, para todos os sacrários do mundo, para toda a parte o
lugar onde Jesus habita sacramentado. Fazei-Lhe a minha humilde
oferta.
Oh, como Jesus ficará contente
com a oferta mais pobrezinha, mais miserável, mais indigna !...
Ó Mãezinha, eu quero andar de
sacrário em sacrário a pedir favores a Jesus, como a abelhinha de
flor em flor, a chupar-lhe o néctar !
Ó Mãezinha, eu quero formar um
rochedo de amor em cada lugar onde Jesus habita sacramentado, para
que não haja nada que possa intrometer-se entre o amor e ir ferir o
seu Santíssimo Coração, renovar as Suas Santíssimas Chagas e toda a
sua Santa Paixão. Mãezinha, falai no meu coração e nos meus lábios,
fazei mais fervorosas as minhas orações e mais valiosos os meus
pedidos.
Ó meu Jesus, eu me consagro toda
a Vós. Abri-me de par em par o vosso Santíssimo Coração.
Deixai que eu entre nesse Coração
bendito, nessa fornalha ardente, nesse fogo abrasador.
Fechai-o, meu bom Jesus,
deixai-me toda dentro do vosso Santíssimo Coração, deixai-me dar aí
o meu último suspiro, embriagada no vosso divino amor, queimada nas
chamas do amor.
Não me deixeis separar de Vós na
terra senão para me tornar a unir a Vós no Céu, por toda a
eternidade.
Jesus, vou convidar a Mãezinha! É
Ela quem Vos vai falar por mim. Vou e já venho, sim, meu Jesus?
Ave Maria, cheia de graça, eu vos
saúdo, cheia de graça!
Mãezinha, vinde comigo para os
sacrários, vinde cobrir o meu Jesus de amor. Oferecei-Lhe tudo
quanto se passar em mim, tudo quanto tenho costume de oferecer, tudo
quanto se possa imaginar, como actos de amor para Nosso Senhor
Sacramentado.»
Dizia três vezes :
«Graças e louvor se dêem a cada
momento…» e fazia a comunhão espiritual já descrita. Nesta altura,
dizia tudo isto que se segue a Nossa Senhora, para Ela repetir ao
seu amado Filho por mim :
Ó Jesus, cá está a Mãezinha,
escutai-a
« Ó Jesus, cá está a Mãezinha,
escutai-a, é Ela quem Vos vai falar por mim.
Ó querida Mãezinha do Céu, ide
dar beijinhos aos sacrários, beijos sem conta, abraços sem conta,
mimos sem conta, carícias sem conta, tudo para Jesus sacramentado,
tudo para a Santíssima Trindade, tudo para Vós.
Multiplicai-os muito, muito e
dai-os de um puro e santo amor, dum amor que não possa mais amar,
cheios de umas santas saudades por não poder ir eu beijar e abraçar
a Jesus sacramentado e à Santíssima Trindade, a Vós, minha Mãe
querida. Pois não sois Vós a criatura mais amada e mais querida de
Jesus ? Oh, dai-os então em meu nome, com esse amor com que amais e
sois amada !
Hino aos Sacrários
Ó meu Jesus, eu quero que cada
dor que sentir, cada palpitação do meu coração, cada vez que
respirar, cada segundo das horas que passar, sejam
actos de amor para os vossos
Sacrários.

Eu quero que cada movimento dos
meus pés, das minhas mãos, dos meus lábios, da minha língua, cada
vez que abrir os meus olhos ou os fechar, cada lágrima, cada
sorriso, cada alegria, cada tristeza, cada atribulação, cada
distracção, contrariedades ou desgostos, sejam
actos de amor para os vossos
Sacrários.
Eu quero que cada letra das
orações que reze, ou oiça rezar, cada palavra que pronuncie ou oiça
pronunciar, que leia ou oiça ler, que escreva ou veja escrever, que
cante ou oiça cantar, sejam
actos de amor para com os vossos
Sacrários.
Eu quero que cada beijinho que
Vos der nas vossas santas imagens ou da vossa e minha querida
Mãezinha, nos vossos santos ou santas, sejam
actos de amor para os vossos
Sacrários.
Ó Jesus, eu quero que cada
gotinha de chuva que cai do céu para a terra, toda a água que o
mundo encerra, oferecida às gotas, todas as areias do mar e tudo o
que o mar contém, sejam
actos de amor para os vossos
Sacrários.
Eu Vos ofereço as folhas das
árvores, todos os frutos que elas possam ter, as florzinhas
oferecidas pétala por pétala, todos os grãozinhos de sementes e
cereais que possa haver no mundo, e tudo o que contêm os jardins,
campos, prados e montes, ofereço tudo como
actos de amor para os vossos
Sacrários.
Ó Jesus, eu Vos ofereço as penas
das avezinhas, o gorjeio das mesmas, os pêlos e as vozes de todos os
animais, como
actos de amor para os vossos
Sacrários.
Ó Jesus, eu Vos ofereço o dia e a
noite, o calor e o frio, o vento, a neve, a lua, o luar, o sol, a
escuridão, as estrelas do firmamento, o meu dormir, o meu sonhar,
como
actos de amor para os vossos
Sacrários.
Ó Jesus, eu Vos ofereço tudo o
que o mundo encerra, todas as grandezas, riquezas e tesouros do
mundo, tudo quanto se passar em mim, tudo quanto tenho costume de
oferecer-Vos, tudo quanto se possa imaginar, como
actos de amor para os vossos
Sacrários.
Ó Jesus, aceitai o Céu, a terra,
o mar, tudo, tudo quanto neles se encerra, como se esse « tudo »
fosse meu e de tudo pudesse dispor e oferecer-Vos como
actos de amor para os vossos
Sacrários. »
Nestas ocasiões em que fazia
estes oferecimentos a Nosso Senhor, sentia-me subir, sem saber como,
e ao mesmo tempo um calor abrasador que parecia queimar-me. Como não
compreendia a causa deste calor, punha-me a observar se estava a
transpirar, porque me parecia impossível, sendo dias de grandes
frios. Sentia-me apertada interiormente, o que me deixava muito
cansada.
Páginas
da Autobiografia
Ia aumentando em
mim o desejo da oração
À medida que ia crescendo, ia
aumentando em mim o desejo da oração. Tudo queria aprender. Ainda
conservo as devoções que aprendi na minha infância, como :
Lembrai-vos, ó puríssima
Virgem Maria,
Ó Senhora minha, ó minha Mãe,
o oferecimento das obras do dia –
Ofereço-Vos, ó meu Deus –, a oração ao Anjo da Guarda, oração
a S. José e várias jaculatórias.
Gostava muito de ir à igreja e
chegava-me para junto da minha catequista e rezava quanto ela
queria.
Não deixava dia nenhum de rezar a
estação ao Santíssimo Sacramento, meditada, quer fosse na igreja
quer em casa, até pelos caminhos, fazendo sempre a comunhão
espiritual assim:
« Ó meu Jesus, vinde ao meu pobre
coração ! Ah, Eu desejo-Vos, não tardeis !
Vinde enriquecer-me das vossas
graças; aumentai-me o vosso santo e divino amor.
Uni-me a Vós ! Escondei-me no
vosso Sagrado Lado ! Não quero outro bem senão a Vós ! Só a Vós amo,
só a Vós quero, só por Vós suspiro !
Dou-vos graças, Eterno Pai, por
me haverdes deixado a Jesus no Santíssimo Sacramento.
Dou-Vos graças, meu Jesus, e por
último peço-Vos a vossa santa bênção !
Seja louvado em cada momento o
Santíssimo e Diviníssimo Sacramento da Eucaristia ! »
Também dizia várias jaculatórias,
como « Bendito e louvado seja… » e « Graças e louvores se dêem… »
Gostava muito de fazer meditações
ao Santíssimo Sacramento e à Mãezinha e, quando não podia fazê-las
de dia, fazias de noite, às escondidas de todos, reservando uma
vela, que escondida, para esse fim. Vidas de santos ou meditações
muito profundas não me satisfaziam, porque via que em nada ma
assemelhava aos santos e, em vez de me sentir bem, faziam-me mal.
Contemplação das maravilhas do Universo
Pelos nove anos, quando me
levantava cedo para ir trabalhar nos campos e quando me encontrava
sozinha, punha-me a contemplar a natureza.

O romper da aurora, o nascer do
sol, o gorjeio das avezinhas, o murmúrio das águas entravam em mim
numa contemplação profunda que quase me esquecia de que vivia no
mundo.
Chegava a deter os passos e
ficava embebida neste pensamento, o poder de Deus !
E, quando me encontrava à
beira-mar, oh, como me perdia diante daquele grandeza infinita !
À noite, ao contemplar o céu e as
estrelas, parecia esconder-me mais ainda para admirar as belezas do
Criador!
Quantas vezes no meu jardinzinho,
onde hoje é o meu quarto, fitava o céu, escutando o murmúrio das
águas e ia contemplando cada vez mais este abismo das grandezas
divinas!
Num
perigo muito grande
Com os meus dezoito anos, vi-me
num perigo muito grande, inesperadamente. Lembro-me que levava o meu
tercinho na mão e que apertei uma medalha da Nossa Senhora das
Graças e, de repente, livrei-me do perigo.
Foi sem dúvida a Mãezinha do Céu
a velar-me.
Oh, como lhe estou agradecida!...
A
imagem da Mãezinha
Todos os anos, no mês de Maio,
fazia o mês da Mãezinha.
Gostava muito de o fazer sozinha
: meditava, cantava, rezava e chorava algumas vezes ao mesmo tempo
que pedia à Mãe do Céu que me libertasse da grande tribulação que
estava a passar.
Cantava o «Tantum ergo» como se
estivesse na igreja e fosse receber a bênção de Nosso Senhor.
Como não tinha o Santíssimo
Sacramento em casa, nem nenhum sacerdote que me viesse dar a bênção,
pedia a Nosso Senhor que ma desse do Céu e de todos os sacrários.
Oh, que momentos tão felizes!...
Sentia cair sobre mim todas as bênçãos e amor de Nosso Senhor!
Nestes momentos, pedia a Jesus
para abençoar toda a minha família e todas aqueles que me eram
queridos.
Como não tinha nenhuma imagem da
Mãezinha, nos primeiros anos, vinha uma de casa do Senhor abade – o
Coração de Maria.
Durante o mês, tudo estava bem,
mas ao terminar sentia grandes saudades quando tinha de ficar sem a
imagem.
Principiei a pensar na maneira de
arranjar uma que fosse só minha. Como não tinha dinheiro, várias
pessoas ajudaram-me. Uma amiga deu-me uma franguinhas que minha irmã
foi criando até porem ovos, para mais tarde nascerem pintainhos.
Assim fui arranjando a quantia precisa para a imagem, redoma e
altarzinho, etc.
Não sei descrever a consolação
que senti ao ver que possuía para sempre a imagem da querida
Mãezinha e que ficaria a contemplá-la dia e noite.
Quero
o que Vós quiserdes
Como não consegui nada, morreram
os meus desejos de ser curada e para sempre, sentindo cada vez mais
ânsias de amor ao sofrimento e de só pensar em Jesus.
Um dia em que estava sozinha e,
lembrando-me de que Jesus estava no sacrário, disse:
«Meu bom Jesus, Vós preso e eu
também. Estamos presos os dois: Vós preso para meu bem e eu presa
das vossas mãos.
Sois Rei e Senhor de tudo e eu um
verme da terra.
Deixei-Vos ao abandono, só
pensando neste mundo, que é das almas a perdição.
Agora, arrependida de todo o
coração, quero o que Vós quiserdes e sofrer com resignação.
Não me falteis, bom Jesus, com a
vossa protecção.»
Quero
ir visitar-Vos aos vossos sacrários
Ó meu querido Jesus, quero ir
visitar-Vos aos vossos sacrários mas não posso, porque a minha
doença obriga-me a estar retida no meu querido leito de dor.
Faça-se a vossa vontade, Senhor,
mas, ao menos, meu Jesus, permiti que nem um momento se passe sem
que à portinha dos vossos sacrários eu vá em espírito dizer-Vos:
Meu Jesus, quero amar-Vos, quero
abrasar-me toda nas chamas do vosso amor e pedir-Vos pelos pecadores
e pelas almas do Purgatório.
Dizei
a Jesus que quero ser santa
Ó minha querida Mãe do Céu, vinde
apresentar ao vosso e meu querido Jesus, nos vossos sacrários, as
minhas orações e fazer mais valiosos os meus pedidos.

Ó Refúgio dos pecadores, dizei a
Jesus que quero ser santa! Sim, Santíssima Virgem?
Ah, dizei-Lhe também que quero
muitos sofrimentos, mas que não me deixe sozinha nem um momento,
porque só tenho que confundir-me, porque nada sou, nada possuo, nada
valho.
Dizei-Lhe que O amo muito, mas
que O quero amar ainda muito mais. Quero morrer abrasada no amor de
Jesus e no vosso. Sim? Dizei-Lhe muitas coisas de mim; fazei-Lhe
todos os meus pedidos.
Confio, confio em Vós! Ó Maria,
dai-me o Céu!
Queria, ó meu Jesus, na vossa
presença estar dia e noite, a toda a hora, unida a Vós estar, e não
Vos deixar, meu Jesus, sozinho na Sacramento, nem um momento me
ausentar e dar-Vos o que possuo e que tudo a Vós pertence: o meu
coração, o meu corpo com todos os seus sentidos. É toda a minha
riqueza.
A
casa hipotecada
Cheguei a ter medo de ficar
acompanhada pela minha mãe, porque ela procurava estar comigo
sozinha para desabafar e, por mais que a confortasse e lhe dissesse
que tivesse confiança, ela na sua dor dizia-me palavras
desagradáveis. Eu pedia quase continuamente a Jesus que nos valesse
e, no fim da Sagrada Comunhão, dizia a Jesus:
«Vós dissestes: ‘Pedi e
recebereis; batei e abrir-se-vos-á’. Eu peço e hei-de ser ouvida;
bato e hei-de ser atendida.
Ó Jesus, não Vos peço honras,
grandezas, nem riquezas, mas peço-Vos que nos deixeis a nossa
casinha, para que minha mãe e irmã tenham onde viver até ao fim da
vida, para que minha irmã tenha onde colher as florinhas para compor
o vosso altar na igreja, aos sábados.
Ó Jesus, todas as florinhas são
para Vós.
Jesus, acudi-nos, que perecemos!
Levai esta notícia longe, a quem
nos possa acudir! Não Vos peço este nem aquele meio, porque não sei!
Confio em Vós!»
É bem verdade, nunca é demais a
confiança!
Juramento de amor
Com o meu sangue Vos juro
amar-Vos muito, meu Jesus, e seja tal o meu amor que morra abraçada
à cruz!
Amo-Vos e morro por Vós, meu
querido Jesus, e nos vossos sacrários quero habitar, ó meu Jesus.
Balasar, 14/10/1934.
Escutai,
Jesus, a minha dor quase moribunda
Escutai, Jesus, a minha dor quase
moribunda. Duro golpe lhe foi dado.
Ó dor, ó dor que matas a dor!
Ó dor, que só por Jesus podes ser
conhecida!...
Com os olhos em Vós, Jesus, as
calúnias, as humilhações, os desprezos, os ódios, o esquecimento têm
a doçura do vosso amor.
Venha tudo, ó Jesus, venha tudo o
que Vos aprouver. Morra o meu nome, como sinto que morreu o meu
corpo e a minha alma, para que viva o vosso divino amor nos corações
e a vossa graça nas almas.
Eis, meu Amado, porque me deixo
imolar!
Mas como resistir a tanto, ó
Jesus?
Olhai este coração que rebenta,
se desfaz em dor!
Não pode com tanto aperto, se não
vindes em seu auxílio!
Vinde, vinde, ó Jesus! Socorro,
socorro, Jesus!
Meu Deus, se eu soubesse que com
o meu sofrimento a vossa consolação era completa! Se eu pudesse
viver fechada neste quartinho, sendo Vós, meu Jesus, e estas pobres
paredes testemunhas das minhas dores, sem que os meus e todos os
que me são queridos pudessem recordar que eu vivia aqui e que em dia
algum da vida eu tinha vivido na companhia deles, então já não
sofria!
Mas vejo que quem sofre mais é o
vosso divino Coração e que os que me são queridos sofrem comigo, não
podem mais esquecer-me: então faz-me sofrer a mais não poder.
Quantas vezes não posso conter as
lágrimas, cega, cega de dor!
... Fito meus olhos no
Crucificado, levanto-os ao Céu, fico por algum tempo a contemplar
Jesus, e logo as lágrimas, que me pareciam nunca mais terem fim,
estancam. Sinto vida nova.
Meu Deus, que luta tremenda! Ai
de mim sem Vós, Jesus!
Mãezinha, valei-me, sou a vossa
vítima!
Ó Santa Teresinha, Santa Gema,
São José e Santos meus mais queridos, valei-me !
Ó Céu, ó Céu, conto contigo.
É uma
dor agonizante
Jesus, olho para um lado e para o
outro, não vejo ninguém; temo e tremo: ai que pavor! Não cessa a
luta.
Vejo por entre a escuridão o meu
sangue correr e a dor quase moribunda segue o seu caminho. Sangue e
dor, morte e eternidade!
Escutai, ó Jesus, ouvi, ó
Mãezinha, é uma dor agonizante: não há quem se compadeça da minha
dor.
Olhai, ó Jesus, vede-a ensopada
em sangue.
Jesus, Jesus, não me deixeis sem
Vos receber. Perder tudo, tudo, mas comungar. Perder tudo, mas
possuir-Vos !
Ave Maria, eu vos saúdo
Vós sois a Mãe de Jesus, a Filha do Pai Eterno, a Esposa do Espírito Santo, a Rainha do Céu e da terra, e eu uma criatura vossa, filha do vosso Jesus. Quem sois Vós e quem sou ?
Ave
Maria, eu vos saúdo, ó minha Mãe Santíssima
Ave Maria, eu vos saúdo, ó minha
Mãe Santíssima!
Ó minha querida Mãezinha, que
hei-de eu dar-Vos no dia do vosso aniversário?
Não tenho mais nada que Vos dar,
dou-Vos o meu corpo e a minha vida. Quero ser toda vossa.
Não rejeiteis a minha oferta, ó
minha querida Mãe. Rogai a Nosso Senhor por mim, ouvistes? Quero ser
toda, toda vossa. Dou-Vos quanto tenho.
Ó meu Jesus, não rejeiteis nada
do que peço à vossa Mãe!
Sois minha Mãe muito querida. Oh,
quem me dera ter uma boa oferta para Vos dar, mas ao menos tenho a
boa vontade! Dai-me o Céu!
Vinde
em meu auxílio
Ó minha Mãezinha do Céu, eis aqui
aos vossos santíssimos pés uma alma que Vos deseja amar.
Ó minha amável Senhora, eu quero
um amor que seja capaz de sofrer só por amor de Vós e por amor do
meu querido Jesus!
Sim, do meu Jesus que é o tudo da
minha alma.
Ele é a luz que me alumia, é o
pão que me alimenta, é o meu caminho pelo qual eu quero seguir.
Mas, minha soberana Rainha,
sinto-me tão fraca para passar por tantas contrariedades da vida!...
Que será de mim sem Vós ou sem o meu querido Jesus?
Ó minha Mãezinha do Céu, lá do
trono em que estais, vede este meu triste viver. Vinde em meu
auxílio. Abençoai-me e pedi a Jesus por mim, vossa indigna filha.
Eu
Vos saúdo, ó cheia de graça !
Ave Maria, cheia de graça ! Eu
Vos saúdo, ó cheia de graça !
Soberana
Rainha do Céu e da terra, Mãe dos pecadores, eu, a mais indigna de
todas as vossas filhas, Vos agradeço de todo o coração, ó Santa Mãe
de Deus, por terdes consentido que o meu amabilíssimo Jesus
encarnasse em vossas puríssimas entranhas para redenção da
humanidade.
Sim, minha Mãezinha, encarnar,
nascer, viver trinta e três anos no mundo e por fim morrer numa cruz
pelos miseráveis filhos de Eva ! Entenda quem puder tantos excessos
de amor, que eu por mim só tenho que confundir-me e lamentar este
meu pobre coração por não ter correspondido a tanta bondade dos meus
dois queridos amores, Jesus e Maria !
A mais indigna das vossas filhas.
Enchei-me do vosso amor
Mãe de Jesus e Mãe minha, ouvi a
minha oração: eu Vos consagro o meu corpo e todo o meu coração.
Purificai-me, Mãe Santíssima.
Enchei-me do vosso amor.
Colocai-me mesmo Vós junto a
Jesus nos sacrários, para lhe servir de lâmpada enquanto o mundo
durar.
Aceitai, ó Mãe do Céu, as flores
que colhi durante este mês bendito; reverdecei-as e perfumai-as.
Entregai-as a Jesus por mim.
Abençoai-me, santificai-me, ó
minha querida Mãezinha do Céu!
Flores de Maio
Em 1936, já sem forças para
escrever por minha mão e querendo dar a mesma prova a Jesus e à
Mãezinha do ano anterior, pedi à minha irmã para escrever os
pensamentos que se seguem em bilhetinhos, para em cada dia tirar um,
sofrendo e amando segundo essa intenção. Seguem os pensamentos:
1 – Por amor de Jesus e para
muita consolação da Mãe do Céu, vou sofrer tudo pelos sacerdotes,
para que eles sejam o que Jesus quer: cumpridores dos seus deveres e
muito santos.
2 – Para consolar muito, muito a
querida Mãezinha do Céu, vou sofrer neste dia para que Jesus seja
amado, muito amado na Santíssima Eucaristia.
3 – Por amor de Jesus e de Maria
Santíssima, sofrerei neste dia pelas intenções das pessoas que tenho
costume de pedir mais em particular.
4 – Por amor de Jesus e de Maria
Santíssima, sofrerei neste dia pelo bom êxito das missões, para que
em breve ressoe dum cantinho ao outro do mundo a palavra de Jesus,
única verdade.
5 – Por amor de Jesus e de Maria
Santíssima, sofrerei tudo hoje pelos pecadores que me estão
recomendados.
6 – Por amor de Jesus e de Maria
Santíssima, e como prova da minha gratidão para com Eles, sofrerei
hoje pelo meu Pai espiritual. Devo-lhe tanto, tanto!...
7 – Por amor de Jesus e da
Mãezinha do Céu, sofrerei neste dia pela paz das nações e para que
Jesus as converta.
8 – Por amor de Jesus e para
obsequiar a querida Mãezinha do Céu, sofrerei tudo para que Ela seja
amada e querida por todos os que vivem e hão-de viver até ao fim dos
séculos, e que em breve a ela seja consagrado o mundo inteiro.
9 – Por amor de Jesus e da minha
Santíssima Mãe, sofrerei hoje tudo pela minha irmãzinha da Sertã,
pelas melhoras da irmã dela e por todas as suas necessidades.
10 – Por amor de Jesus e de Maria
Santíssima, sofrerei tudo hoje para a canonização e beatificação de
todos os santos, para que seja dada muita honra e glória a Nosso
Senhor.
11 – Por amor de Jesus e de minha
Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo pelo meu Pai espiritual, pela
minha família e pelas necessidades por que mais se interessa e lhe
são mais recomendadas.
12 – Por amor de Jesus e de Maria
Santíssima, sofrerei hoje tudo por toda a família da Çãozinha.
13 – Por amor de Jesus e de Maria
Santíssima, sofrerei tudo neste dia pela minha irmã, para que ela
seja muito santa.
14 – Por amor de Jesus e da minha
Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo pelo Sr. Padre Manuel Araújo,
pela irmã e sobrinha.
15 – Por amor de Jesus e de Maria
Santíssima, sofrerei tudo pelos sacerdotes que desprezaram a lei de
Nosso Senhor, esquecendo-se do honroso nome de Seus discípulos, para
que voltem a amar Jesus e as almas.
16 – Por amor de Jesus e da Mãe
Santíssima, sofrerei neste dia pela conversão dos pecadores que
estão mais perto de dar contas a Nosso Senhor, para que morram em
estado da Sua divina graça.
17 – Por amor de Jesus e da
Mãezinha do Céu, sofrerei tudo para que não venha o bolchevismo para
Portugal.
18 – Por amor de Jesus e da minha
Mãezinha do Céu, sofrerei neste dia pelas pessoas que me são mais
queridas, para que Nosso Senhor lhes conceda todas as graças e as
faça santas.
19 – Por amor de Jesus e da minha
Mãezinha do Céu, sofrerei neste dia para que seja dada muita honra e
glória à Santíssima Trindade e que todos conheçam o divino tesouro
que trazem dentro de si.
20 – Por amor de Jesus e da minha
Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo pela Çãozinha, para que seja
muito santa, e pelas suas necessidades.
21 – Por amor de Jesus e da minha
Mãezinha do Céu, sofrerei tudo neste dia pela conversão dos
pecadores do mundo inteiro. Tanto, que não queria que fossem mais
alminhas para o inferno!...
22 – Por amor de Jesus e da minha
Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo pelas necessidades do meu
padrinho e família, para que nosso Senhor os ajude.
23 – Por amor de Jesus e da minha
Mãezinha do Céu, sofrerei tudo hoje para ser mais humilde, mais
obediente, mais pura, toda abrasada no amor do querido Paizinho e da
querida Mãezinha do Céu.
24 – Por amor de Jesus e da minha
Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo para obter de Nosso Senhor a
graça de chegar ao maior grau de santidade.
25 – Por amor de Jesus e para
agradar muito à querida Mãezinha do Céu, quero hoje orar e sofrer
muito pelo Santo Padre. É o pai espiritual do mundo inteiro, é luz e
guia de todas as almas, precisa do nosso auxílio.
26 – Por amor de Jesus e da minha
Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo pelo bom resultado da «Acção
Católica» e da nossa «Cruzada».
27 – Por amor de Jesus e da minha
Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo pelo bom resultado da Acção
Católica e da Cruzada Eucarística do mundo inteiro. Que todos fossem
santos, é o meu desejo.
28 – Por amor de Jesus e da minha
Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo por toda a minha família.
29 – Por amor de Jesus e da minha
Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo pelas necessidades da minha mãe,
para que ela seja muito santa.
30 – Por amor de Jesus e da minha
Mãezinha do Céu, sofrerei tudo neste pelo triunfo da Santa Igreja.
31 – Por amor de Jesus e da minha
Mãezinha do Céu, sofrerei hoje tudo para me converter deveras a
Nosso Senhor, cumprindo em tudo a Sua santíssima vontade, sendo o
que Ele quer que eu seja.
Em 31 de
Maio de 1936 escrevi assim :
Mãezinha, eu venho humildemente
aos vossos pés depor as flores espirituais que durante o mês colhi.
Estou envergonhada e confundida.
Que pobreza! Em que estado Vo-las entrego! Estão tão murchas, tão
desfolhadas!
Mas Vós, ó querida Mãezinha
celestial, podeis transformá-las.
Reverdecei-as, abrilhantai-as e
ide consolar e perfumar com elas a Jesus por mim.
Falai-lhe das minhas penas e das
minhas aflições. Bem sabeis tudo o que me faz estar atribulada.
Fazei-Lhe comigo de novo todos os
meus pedidos e despachai Vós, em nome de Jesus, Vo-lo peço, as
pobres flores por quem foram oferecidas.
Fazei de um modo particular que
com todas elas eu faça um belo ramalhete para oferecer ao Santo
Padre, neste dia do seu aniversário.
Querida Mãezinha, neste último
dia do vosso bendito mês, como despedida, já que nada mais tenho
para Vos dar, dou-Vos todo o meu corpo e Vos peço, por quem sois,
que mo guardeis e me tomeis para sempre nos vossos santíssimos
braços, como vossa filha muito querida. Abençoai-me, pedi a Jesus
Sacramentado que me abençoe também e toda a Santíssima Trindade.
Adeus, Mãezinha, perdoai-me tudo.
A pobre Alexandrina Maria da
Costa
Ave
Maria, Mãe de Jesus, Mãe de todo o universo !
Ave, Maria, Mãe de Jesus !
Honra, glória e triunfo para o
seu Imaculado Coração !
Ave, Maria, Mãe de Jesus, Mãe de
todo o universo !
Quem não quererá pertencer à Mãe
de Jesus, à Senhora da Vitória ?
O mundo vai ser consagrado todo
ao seu Materno Coração !
Guarda, Virgem pura, guarda,
Virgem Mãe, em teu Coração Santíssimo, todos os filhos teus !
Viva
o teu doce nome
Mãezinha, viva Jesus e viva o teu
doce nome !
Bendita seja a tua pureza e a tua
Conceição !
Mãezinha, que hei-de eu dar-te no
dia do teu aniversário ?
Sou pobrezinha dos bens da terra
e, para confusão minha, sou ainda mais pobre dos bens do Céu.
Como mais nada tenho para te dar,
entrego o meu corpo; tem sido um instrumento de afronta para Jesus :
ô, quanto o tenho ofendido!...
Na ânsia que tenho de te festejar
e na esperança que tenho que o vais encher da tua pureza e da tua
candura, dou-me a ti como escrava, sou tua inteiramente. É por teu
amor e por amor do teu Jesus que me deixo escravizar.
Dou-me a ti por almas que me são
mais queridas, para que te amem e a Jesus com uma amor mais forte e
abrasador : quero-as no Céu junto a mim a cantar os vossos louvores.
Dou-me pelos ceguinhos que não
conhecem a Jesus.
Dou-me por os que mais o ofendem.
Enfim, Mãezinha, sou tua, não me
poupes. Só a ti pertenço e a Jesus. Vendei-me o meu corpo e o meu
sangue e comprai com ele as almas.
Fazei-me pura, fazei-me santa,
dai-me amor que me queime e que me mate : eu quero morrer de amor !
Dai-nos a paz e dai-nos o perdão.
Consolai e socorrei o santo
Padre.
Mãezinha, por teu amor,
procurarei não gemer neste dia. Perdoa tudo e aceita este ramalhete
de flores em meu nome e em nome do meu Paizinho e das pessoas mais
queridas do meu coração.
Mãezinha, dai-nos amor e pureza
sem fim, e leva-me para o Céu depressa.
Dá-me a tua bênção e cobre-me com
o teu manto.
Tua pobre Alexandrina.
P.S. – Hei-de fazer cair
uma chuva de graças e de amor sobre aqueles e aquelas que na terra
me são queridos. Sempre a tua filha, Alexandrina.
Guarda-me sempre,
Mãezinha
Só à sombra do teu manto, entregue às ternuras do teu Coração, sepultada nesse abismo de amor, eu posso viver segura de não ofender a Jesus. Guarda-me sempre, Mãezinha !
Sempre Tu, Mãezinha !
És Tu bendita entre as mulheres !
Só Tu, ó Mãe, és imaculada !
Criou-Te Deus tão pura e bela,
brilhante estrela do Céu Rainha ;
és mais que os Anjos e os
Arcanjos.
Encheu-Te Deus
de tal carinho,
Tão branca e pura,
mais que o arminho !
Quem ousou manchar-Vos
Errou no caminho !
Mãezinha, em Ti vejo luz, paz e
amor.
Queima-me, abrasa-me no amor que
Te consome,
guarda-me em teu Coração.
Sim, Mãezinha, contigo amo a
Jesus
e venço sempre as humilhações.
Mãezinha, dá a minha alma o
brilho da tua pureza
e a candura da tua graça.
Jesus se alegrará em mim.
À imitação de Jesus-Menino,
abandonemo-nos à Mãezinha.
Deixemo-nos conduzir por ela.
Nada podemos temer: não corremos
perigo de errar.
Só por
amor
Tenho fome, tenho sede ! Vinde
saciar-me ! É fome e sede de amor que me devora o coração.
Tenho sede, tenho sede !
Eu direi como outrora, na
minha passagem na terra : se soubésseis quem vos pede de beber !
Eu pedi água à Samaritana
junto ao poço e hoje peço amor junto aos corações.
Se soubésseis quem é este
mendigo de amor...
Palavras de Jesus
à Alexandrina
Só por
amor
Só
por amor me deixei ferir,
Só por amor meu coração sangra,
Só por Ti, Jesus, a dor tem doçura,
Só na cruz contigo se me alegra a alma.
Duro é meu penar por Te saber
ofendido ;
Só por amor direi sempre: tem encantos o martírio.
Aqui tens, meu doce Jesus, o meu
peito para abrigo.
Meu coração foi ingrato contra o
meu Deus e Senhor ;
Foi assim que Lhe paguei o Seu infinito amor.
Agora só quero amá-Lo e
suavizar-Lhe a dor.
Dizer-Te quanto Te amo não
preciso, Jesus.
Tu vês o meu coração e quanto ele
ama a cruz.
Porque é que ele sofre? É só por
Ti, meu Jesus.
O Tudo desceu ao nada
(Acção
de graças da Alexandrina após a Comunhão)
O Tudo desceu ao nada; a Grandeza
desceu à pobreza.
O Amor desceu à frieza, à
tibieza, à miséria, à indignidade.
Que grande amor é Jesus !
Desceste do mais alto ao mais
baixo.
Jesus, dai-me fogo, dai-me amor;
amor que me queime, amor que me mate.
Eu quero viver e morrer de amor.
Jesus, seja o vosso divino amor a
minha vida. Seja ele e só ele a minha morte.
Jesus, eu quero amar-vos:
amar-vos até à loucura, amar-vos até morrer de amor.
Jesus, quero ser a predilecta, a
loucura do vosso amor... perder-me na imensidade do vosso amor.
Jesus, eu me consagro toda e para
sempre a vós: consagrai-me vós toda e para sempre à querida Mãezinha.
Amai-a por mim, falai-Lhe de mim.
Dizei-Lhe tudo, mas tudo por mim...
Mãezinha, vinde, vinde já: dai
graças a Jesus por mim.
Dizei-lhe tudo, mas tudo por
mim...
Ó Mãezinha, eu me consagro toda e
para sempre a Vós...
Consagrai-me toda e para sempre a
Jesus...
Dizei-Lhe que eu O amo...
Dizei-Lhe que sou dele.
Dizei-Lhe que quero só nele
pensar, que só dele quero falar, que só para Ele quero viver.
Dizei-Lhe que O ajudais à crucifixão, para que nada fique no meu
corpo e na minha alma para crucificar.
Mãezinha, agradecei a Jesus por
mim todos os benefícios que tenha recebido até este momento e pelos
que confio que hei-de receber.
Agradecei-Lhe todas as
tribulações e angústias… alegrias e tristezas, lágrimas e sorrisos,
tudo o que me alegra e faz sofrer.
Dizei-Lhe que tudo recebo como
bem-vindo das Suas divinas mãos, como prova do seu maior amor
comigo.
Dai-Lhe um grande obrigada, um
contínuo obrigada, um eterno obrigada!
Ó Mãezinha, agradecei-Lhe tudo
quanto tenha recebido e hei-de receber no tempo e depois na
eternidade.
O Céu, o Céu, Mãezinha, que
grande amor! Oh, quanto devo a Jesus!
Ó Rei do Céu e da terra
Ó Rei do Céu e da terra,
Queria estar dia e noite na vossa
presença, Unida a Vós toda a hora:
Sim, ficar ali, não Vos deixar só
no Sacramento,
Não me ausentar nem um instante.
Queria dar-Vos o que possuo, Tudo
aquilo que me pertence: o meu coração, o meu corpo com todos os seus
sentidos.
Seria a minha satisfação plena.
Mãezinha celeste,
tenho tanta confiança em vós que
não sei explicar-Vos; como não sei dizer-Vos o amor que tenho por
vós.
Sim, é muito, mas eu queria que
fosse muito mais.
Só Vós podeis obter-me a graça do
amor pelo vosso e meu caro Jesus: aumentai-mo.
Aquecei-me nas chamas do amor
puro: sim, sim, boa Mãezinha!
Minha alma aflita, confia! Confia
porque és afortunada: habita em ti Jesus.
Não o sentes? Que importa? Vem
comigo ao seu encontro:
É na solidão, neste silêncio
assim profundo, que repousa o amantíssimo Jesus… Que se consola e
deleita.
Meu coração, escuta!
Vai ao encontro da tua Mãe
celeste.
Vai a banhar-te naquele amor
puro.
Vai perfumar-te com o aroma das
mais perfeitas virtudes.
Vai enriquecer-te, enriquecer-te
com os tesouros da tua Mãe bendita
Para te tornares puro, habitação
digna de Jesus, Rei da criação.
Prepara-lhe em ti um presépio,
Não duro e frio como o de Belém,
Mas suave e quente, mais belo que
o palácio mais belo:
Quente de um amor puro e santo.
Meto-me às cegas no vosso divino Coração
Meu Deus, sinto-me abatida e
aniquilada com o peso das humilhações! Nuvens negras fecharam e
cerraram o Céu. O meu brado de socorro parece não chegar junto de
Vós.
Meto-me às cegas no vosso divino
Coração. Espero não vacilar na minha fé. Quero dizer sem cessar:
Amo-Vos, amo-Vos, amo-Vos, meu
Jesus, eu Vos amo !
Seja
feita a vossa santíssima vontade
em todas as coisas
Meu Jesus, estou doente, não
posso ir visitar-Vos às vossas igrejas, mas, meu querido Paizinho do
Céu, estou a cumprir a missão que Vós destinastes para mim.
Seja feita a vossa santíssima
vontade em todas as coisas.
Meu Bem-amado, Vós sabeis os meus
desejos, que são estar na vossa presença no Santíssimo Sacramento;
mas, já que eu não posso, mando-vos o meu coração, a minha
inteligência para aprender todas as vossas lições, o meu pensamento
para que só em Vós pense, o meu amor para que só a Vós ame, só a Vós
busque, só por Vós suspire, só Vós, meu Jesus, em tudo e por tudo.
Vós no sacrário preso e
abandonado e eu, Jesus, presa também.
Mas fazei, Senhor, que eu
abandone tudo o que é do mundo, buscando-Vos só a Vós em todas as
coisas, que sois a luz da minha inteligência, sois as minhas
delícias, sois todo o meu bem.
Oh! eu vos mando tudo quanto
tenho que Vos possa agradar e fazer-Vos companhia no vosso sacrário
de amor!
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