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IMACULADA CONCEIÇÃO
2005

A invocação de Nossa Senhora como Imaculada Conceição era a invocação Mariana mais querida da Alexandrina. Foi a ela, não esqueçamos, que Jesus pediu a Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria.

Por isso, coloquei aqui um breve conjunto de textos a assinalar esta solenidade. A Beata vem no princípio e no fim dele. Ao centro está um poema de Luís de Camões e outro de Bocage. Cada artista responde pela qualidade dos seus textos.

1 - AVE MARIA, MÃE DE JESUS, MÃE DE TODO O UNIVERSO!

Seguem-se dois pequenos textos da Beata Alexandrina. O primeiro  são umas palavras ela  pronunciou em êxtase, em 29/5/42, face à iminência da Consagração. O segundo foi colhido no Diário Autógrafo.

AVE MARIA MÃE DE JESUS

Ave, Maria, Mãe de Jesus!
Honra, glória e triunfo
Para o seu Imaculado Coração!
Ave Maria, Mãe de Jesus,
Mãe de todo o Universo!
Quem não quererá pertencer
À Mãe de Jesus,
À Senhora da Vitória?

Guarda, Virgem Pura,
Guarda, Vir­gem Mãe,
Em teu Coração Santíssimo,
Todos os filhos teus!

SEMPRE TU, MÃEZINHA!

És Tu bendita entre as mulheres!
Só Tu, ó Mãe, és Imaculada!
Criou-Te Deus tão pura e bela,
Brilhante estrela;
Do Céu Rainha,
Superas Anjos e Arcanjos!
Encheu-Te Deus de tal carinho,
Tão branca e pura,
Mais que o arminho!
Quem ousou manchar-Vos
Errou no caminho!

2 - À CONCEIÇÃO DA VIRGEM NOSSA SENHORA

Este soneto de Camões é verdadeiramente uma homenagem «À Conceição da Virgem Imaculada». O seu estilo inconfundível não deixa margem para dúvidas: lá estão os jogos de palavras e os paradoxos da tradição cortesã.

O poema deve assentar num hino mariano.

 

Para se namorar do que criou,
Te fez Deus, sacra Fénix, Virgem pura.
Vede que tal seria esta feitura
Que para si o seu Feitor guardou!

No seu alto conceito Te formou
Primeiro que a primeira criatura,
Para que única fosse a compostura
Que de tão longo tempo se estudou.

Não sei se digo em tudo quanto baste
Para exprimir as raras qualidades
Que quis criar em Ti quem Tu criaste.

És Filha, és Mãe e Esposa: e se alcançaste,
Uma só, três tão altas qualidades,
Foi porque a Três de Um só tanto agradaste.

Notas

Fénix – significa aqui certamente a participação da Virgem Maria na redenção, que implica uma passagem da morte à vida
Feitura, Feitor – criatura, Criador
Filha, Mãe, Esposa: diz-se da Virgem Maria que é Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho e Esposa de Deus Espírito Santo
«A Três de Um só» – a três Pessoas de um só Deus

3 - À PURÍSSIMA CONCEIÇÃO DE NOSSA SENHORA

Na edição da obra poética de Bocage que possuo, «À puríssima Conceição de Nossa Senhora» é sexto poema dos «Idílios e Cantatas». Compõe-se ele duma visão introdutória, de raiz neoclássica, em que Elmano assiste à vitória da nova Eva sobre o Dragão infernal, e de um outro poema, em redondilha menor, que complementa a visão, e que é sem dúvida tradução/adaptação dum hino mariano.

Que espectáculo, ó céus! Eu velo?... Eu sonho?...
Que diviso!... Onde estou!... Purpúrea nuvem
Ante os olhos atónitos me ondeia
E chuveiros de luz despede à terra!

Mais bela que o fulgor que ao sol percorre,
Alta matrona augusta,
Do vapor luminoso
Que os Zéfiros detêm nas ténues plumas,
Quão risonha contempla o baixo mundo!

Áureas estrelas congregadas brilham
No rútilo diadema
Que a fronte majestosa Lhe guarnece;
Áureas estrelas semeadas brilham
Nas roçagantes vestes,
Cor do estivo clarão que filtra os ares!

De alados génios cândida falange
Reverente A ladeia,
E pelas níveas dextras balançados,
Pingue, flagrante aroma, em honra à diva,
Os fumosos turíbulos derretem…

Mas que feroz dragão lhes jaz às plantas,
Sangue a boca medonha, os olhos fogo!...

Rábido arqueja, túmido sibila,
Baldadas forças prova
Contra o pé melindroso
No colo inerme, a cerviz calcada,
Que rubras conchas escabrosas forram:
Enrosca, desenrosca a negra cauda,
E em hórridos arrancos desfalece…

Oh triunfo! Oh mistério! Oh maravilha!
Oh celeste heroína! A sacra turma,
Os entes imortais que Te rodeiam
Modulam tua glória em altos hinos
Que entre perfumes para os astros voam…

Eis no leito arenoso as vagas dormem,
Rasas cedendo à música divina:
Pio ardor pelas fibras me serpeia
E encurvado repito os santos versos:

 

 

Ó Virgem formosa
Que domas o Inferno
Criou-Te ab aeterno
Quem tudo criou.

Ilesa notaste
Do mundo o naufrágio,
Da culpa o contágio
Por ti não lavrou.

Nas tuas virgíneas
Entranhas sagradas,
Do Céu fecundadas
O Verbo encarnou.

A grande vitória
Do género humano
Contra este tirano
De Ti começou.

Depois de lograres
Triunfo completo,
Cumprido o projecto
Que o Céu meditou,

Cresceram nos astros
Os vivas e os cantos,
E as fúrias, os prantos
O abismo dobrou.

Ó Virgem formosa
Que domas o Inferno
Criou-Te ab aeterno
Quem tudo criou.

4 - VIVA O TEU DOCE NOME

No dia da Imaculada Conceição, tinha a Beata Alexandrina por hábito dirigir uma carta à Santíssima Virgem. A que se segue é uma das muitas que se conhecem:

 

Mãezinha, viva Jesus e viva o teu doce nome!

Bendita seja a tua pureza e a tua Conceição!

Mãezinha, que hei-de eu dar-te no dia do teu aniversário?

Sou pobrezinha dos bens da terra e, para confusão minha, sou ainda mais pobre dos bens do Céu.

Como mais nada tenho para te dar, entrego o meu corpo; tem sido um instrumento de afronta para Jesus: oh, quanto o tenho ofendido!...

Na ânsia que tenho de te festejar e na esperança que tenho que o vais encher da tua pureza e da tua candura, dou-me a ti como escrava, sou tua inteiramente. É por teu amor e por amor do teu Jesus que me deixo escravizar.

Dou-me a ti por almas que me são mais queridas, para que te amem e a Jesus com uma amor mais forte e abrasador: quero-as no Céu junto a mim a cantar os vossos louvores.

Dou-me pelos ceguinhos que não conhecem a Jesus.

Dou-me por os que mais o ofendem.

Enfim, Mãezinha, sou tua, não me poupes. Só a ti pertenço e a Jesus. Vendei-me o meu corpo e o meu sangue e comprai com ele as almas.

Fazei-me pura, fazei-me santa, dai-me amor que me queime e que me mate: eu quero morrer de amor!

Dai-nos a paz e dai-nos o perdão.

Consolai e socorrei o santo Padre.

Mãezinha, por teu amor, procurarei não gemer neste dia. Perdoa tudo e aceita este ramalhete de flores em meu nome e em nome do meu Paizinho e das pessoas mais queridas do meu coração.

Mãezinha, dai-nos amor e pureza sem fim, e leva-me para o Céu depressa.

Dá-me a tua bênção e cobre-me com o teu manto.

Tua pobre Alexandrina.

 

 

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