ARTIGOS SOBRE A BEATA ALEXANDRINA

“13 de Outubro de 2008”

Quando se fala do dia 13 de Outubro, o primeiro reflexo é o de dizer que é o aniversário da última aparição de Nossa Senhora em Fátima, aos três pastorinhos, o que é verdade. Poucos ou raros são aqueles que dizem: É o aniversário da morte ― ou do nascimento par ao Céu ― da Beata Alexandrina Maria da Costa, de Balasar.

Torna-se pois fácil e até mesmo evidente fazer esta triste constatação:

― A Alexandrina Maria da Costa é pouco conhecida!...

Ainda que pareça estranha esta exclamação, ela não é desprovida nem de verdade nem de fundamento.

Vivendo fora de Portugal, temos tido ocasião de falar dela e a constatação é flagrante : “Não, não sei quem ela é!” Ou ainda : “Nunca ouvir falar dela”. “Mas quem foi ela, que fez na vida, era uma religiosa?”

Outros perguntam ainda: “Que fez ela de notável?” “Era estigmatizada?” “Tinha visões ou outros carismas particulares?” “Escreveu algumas páginas interessantes?” “Fez algumas profecias?”

Depois, quando se afirma que a consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria foi uma das suas missões, logo outra pergunta surge : “Mas não foi em Fátima que Nossa Senhora pediu essa consagração?”

Como a resposta tem de ser negativa, é necessário então explicar que em Fátima Nossa Senhora pediu a consagração da Rússia e não do mundo.

“Ah! Eu parecia-me que...”  “Mas não, a consagração do mundo foi pedida por Jesus à Alexandrina de Balasar a partir de 1935...”

Outra pergunta corrente: “Existem biografias dela?”

Que responder? A verdade: “Sim, existem mas unicamente em português e italiano, em inglês (muito curtas) e em alemão”...

“E em francês?...”

“Já houve, mas agora não há nenhuma...”

“E se eu não souber ler nem português nem italiano, como poderei conhecer a sua Alexandrina?...”

Nós poderíamos alongar ainda mais este diálogo virtual, visto que todas as perguntas não foram ainda feitas, mas estas são suficientes para demonstrar a carência existente actualmente de obras que possam na verdade melhor fazer conhecer a “Pérola de Balasar”.

Mas que falta? Que é necessário fazer?

Traduzimos para a língua de Molière o livro do Padre Mariano Pinho “Uma vítima da Eucaristia”, que fora antes traduzido pelas Freiras dum convento beneditino, as quais deixaram por traduzir algumas páginas só porque estas continham palavras menos “católicas”, segundo o espírito desse tempo. Traduzimos igualmente para francês o livro do Padre Humberto Pasquale que em português se intitula “Sob o Céu de Balasar”.

Tanto um como outro ainda estão no estado de “textos electrónicos” na reserva de alguns computadores.

Traduzimos para francês cerca de 600 páginas do Diário da Alexandrina. Todo esse trabalho, fruto de muitas horas e esforços, continua nas “alcovas” dos computadores, de pouco servindo àqueles que poderiam utilizá-la para melhor levar “aos confins do mundo” o nome da Alexandrina.

Poder-se-á dizer que todos esses textos estão agora na Internet, no Sítio oficial e noutros mais, o que é verdade, mas o livro é a “ferramenta” do pesquisador, do biógrafo, do perito que deseja levar a cabo um trabalho sério e aprofundado.

Não seria justo pensar que fazemos aqui o processo de alguém e ainda menos o processo do excelente e trabalhador Pároco de Balasar, fazêmo-lo sim do sistema que não é adequado às necessidades da causa importante de que aqui falamos: a causa da Beata Alexandrina Maria da Costa.

É bom lembrar que para colher bons frutos é necessário tratar a árvore. Ora a árvore em questão parece ter ramos a mais, por isso mesmo devem ser podados, de maneira a centralizar no tronco só os ramos susceptíveis de dar frutos, apostando ousadamente que estes sejam bons, quando amadurecidos.

Também não parece normal que todos os documentos não estejam centralizados e sob a responsabilidade duma ou diversas pessoas, pouco importa, mas que todos estejam num só e mesmo sítio, nos Arquivos da Paróquia.

Em todo o caso, qualquer que ele seja, desde que fizer parte do domínio público, não pode ser mais privado: isto é uma evidência... Por isso mesmo, todos os documentos que ainda se encontram no privado deveriam ser recuperados e como os outros, depositados no domínio público, à disposição de todos aqueles que, providos de boa vontade, procuram fazer alguma coisa em prol da Alexandrina, mesmo se aquilo que fazem é humilde e simples, como o nosso trabalho.

Para que não possa haver equívocos, declaramos aqui que nunca nos foi negada a “entrada” quanto à utilização dos documentos referentes à Alexandrina. Nunca, graças a Deus. Aqui fica o nosso testemunho sobre um facto provado, que sinceramente agradecemos.

Como acima dissemos, nada temos a dizer contra o Abade de Balasar, visto que sabemos que ele mesmo sofre deste problema que acabamos de assinalar, o que nos parece surpreendente e até mesmo inquietante.

Mas confiemos na Alexandrina: ela saberá, quando for a hora escolhida pelo Senhor, transformar em mar deleitoso aquilo que hoje nos parece um mar tempestuoso.

Neste 13 de Outubro de 2008 festejamos o 53º aniversário do nascimento ao Céu da nossa querida Alexandrina que lá “do assento etéreo onde subiu” e porque lá, “memória desta vida se consente” ― como diria o nosso Camões ― , não deixará de velar sobre todos aqueles que, humildemente mas generosamente, procuram levar “até aos confins do mundo” o seu nome e a sua aura.

Afonso Rocha